Luta por melhorias na educação “é para a vida toda”

simone2Durante a solenidade da nona edição do Prêmio Paulo Freire de Qualidade do Ensino Municipal, realizado no dia 19 de setembro, na Câmara Municipal de São Paulo, o secretário de Educação, César Callegari, relatou que o Brasil está “passando por uma grande mudança curricular, na qual tentamos enfatizar, desde o começo, o protagonismo, a autoria, aquilo que possa fazer com que crianças e jovens possam se desenvolver educacionalmente e com interesse”.
Mas não é somente essa mudança. Outro tipo de transformação em curso revela que a educação brasileira está atravessando uma reforma conceitual sobre o financiamento. Essa nova concepção foi adotada no Plano Nacional de Educação (PNE), que trabalha com a conceituação – quer seja de 7% quer seja de 10% – de que esses recursos são para a educação em geral, não especificando se é para a educação pública ou não.
Além disso, grande parte dos programas governamentais adotados no setor da educação é executada por meio de parcerias público-privadas e de subsídios diretos do Estado para o setor privado. O governo diz que o objetivo disso é ampliar o alcance do ensino e erradicar o analfabetismo, exatamente como defendeu o educador, pedagogista e filósofo Paulo Freire.
Outro desejo do educador foi lembrado por Lutgards Costa Freire, sociólogo e filho de Paulo Freire durante a cerimônia do IX Prêmio Paulo Freire. Ele disse que o educador lutou e defendeu a ideia de que era necessário “fazer com que as pessoas que conduzem a escola tenham uma visão diferente dela, que a escola não seja um ambiente triste, que haja vida e vontade de estudar”.
Esse conceito, de certo modo, foi implantado no sistema de ensino do Distrito Federal por meio da gestão democrática. Os efeitos positivos desse modelo de gestão são percebíveis por meio da reação dos(as) professores(as): “Comparando com 20 anos atrás, o sistema de ensino do Distrito Federal melhorou demais. Sinto mais liberdade, em relação à diretoria da escola, na execução da coordenação pedagógica”, declara Simone Divina Melo de Souza Cabral, professora de Atividades da Escola Classe 15 de Sobradinho. Com 23 anos de magistério público, Divina se sente realizada na carreira de professora. E assegura que, de 1994 para cá, ocorreram muitos avanços no sistema, sobretudo nos últimos 4 anos, com a adoção da Gestão Democrática, da jornada ampliada e dos conselhos escolares. Contudo, acredita que precisa melhorar mais, sobretudo em infraestrutura, material pedagógico e em cursos e qualificação para os(as) professores(as).
Ela reclama da falta de uma valorização permanente que reflete no salário e da falta de um bom plano de saúde para a categoria. “Não temos um bom plano de saúde”, disse. Para ela, professores e professoras precisam de assistência à saúde física e mental. Nas horas vagas, ela atua como artesã. “Comecei a produzir artesanato como uma forma de terapia e acabei me tornando artesã. Hoje trabalho com pachwork, bonecas de pano e outros produtos”, conta.
Para Divina, “tudo pode melhorar tanto para nós como para o governo. O Brasil tem condições de investir muito mais em educação”, diz. Aponta outros avanços que ainda não saíram da pauta de reivindicações e integram a luta da categoria como, a melhoria dos salários e investimento no interior das escolas. “Espero que o dinheiro previsto no PNE e os 10% do Produto Interno Bruto (PIB), como definido na lei, sejam realmente aplicados na escola pública”. E assevera que essa luta por melhorias é contínua. “Por mais que reclamamos, acredito na educação. A luta é contínua.
Essa luta começa no dia em que a gente entra e vai até quando a gente morre”, afirma.
Professora: Simone Divina Melo de Souza Cabral
Escola Classe 15 de Sobradinho
 
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