Diante de guia genérico do GDF, gestores se desdobram para frear covid-19 nas escolas

Assim que anunciado o retorno presencial às aulas, a equipe gestora do Centro de Educação da Primeira Infância Gavião, no Lago Norte, iniciou trabalho de orientação e esclarecimento com a comunidade escolar para garantir que o risco de infecção pelo novo coronavírus no espaço fosse mínimo. Afinal, em poucos dias, crianças de 4 a 6 anos chegariam em meio a pior crise sanitária do século.

Cautelosa, antes que os pequenos voltassem às salas de aula, a equipe gestora realizou assembleia com a comunidade escolar, onde foi aprovado que o retorno presencial só seria feito no dia 9 de agosto, quatro dias após o determinado pelo GDF. O intuito foi utilizar toda a semana pedagógica para preparar o ambiente e intensificar as orientações sobre os protocolos de segurança sanitária.

Desde então, a comunicação entre a escola e as famílias vem sendo frequente, seja por reuniões e assembleias ou mesmo pelas novas ferramentas tecnológicas: um esforço diário e cuidadoso em defesa da vida.

Cerca de 50 quilômetros do Centro de Educação da Primeira Infância Gavião, o CED 08 do Gama também apresenta cenário semelhante. Lá, os estudantes são maiores, boa parte adolescentes. Entretanto, o esforço da equipe gestora para que os riscos de infecção pela covid-19 sejam mitigados também é enorme, conjunto e diário.

No CED 08, o diálogo com a comunidade escolar também é constante. Além das reuniões e das conversas individuais, desde o primeiro dia de retorno presencial às aulas, a equipe gestora vem entregando à comunidade escolar materiais impressos alertando sobre a importância de se cumprir com os protocolos de segurança sanitária. E eles vão além: em sala de aula, o tema pandemia é transversal. “O professor de História aborda os casos de outras pandemias que já aconteceram. O professor de Ciências aborda a questão da importância da vacina e da vacinação. O professor de Matemática aborda os dados sobre a pandemia. Cada professor trabalha, dentro da sua área, a conscientização e o esclarecimento sobre a pandemia”, conta a gestora do CED 08 do Gama, Eufrázia de Souza Rosa.

Esses são apenas dois exemplos do que gestoras e gestores das quase 700 escolas públicas do DF vêm fazendo para tentar impedir que o coronavírus se mostre em números ainda maiores. A força-tarefa das equipes gestoras se torna um acalento para quem frequenta a escola. Entretanto, não há romantização quando o trabalho hercúleo é também resultado da ausência da atuação do Estado.

Ao determinar o retorno às aulas presencias em plena pandemia, o Governo do Distrito Federal publicou uma espécie de guia genérico para orientar gestoras e gestores como proceder quanto aos protocolos de segurança sanitária e também diante de casos de suspeita ou confirmação de covid-19. Acontece que, embora a publicação do documento, as diversas situações que acontecem nas escolas vêm sendo analisadas individualmente pelo GDF, e os procedimentos indicados não são padronizados.

“A gente se sente desamparado”, desabafa a diretora do CEPI Gavião, Andressa Vieira de Oliveira. Segundo ela, o “guia” do GDF “não contempla”. “Falta um direcionamento mais específico de como a gente pode proceder. Sinto essa falta”, declara. De acordo com a gestora, o caminho que vem sendo encontrado é deliberar em assembleia com a comunidade escolar o que deve ser feito em caso de caso positivo para a covid-19. “Caso aconteça de novo, já estaremos respaldados para uma decisão coletiva”, afirma Andressa Oliveira, que viveu a angústia de ter uma professora de sua equipe infectada com a variante Delta do vírus.

Na luta permanente pela vida, a Comissão de Negociação do Sinpro-DF já solicitou à Secretaria de Educação do DF a apresentação de protocolo de segurança sanitária específico para a educação em casos de confirmação ou suspeita de infectados com covid-19. Com isso, devem ser estabelecidos critérios que indicarão, por exemplo, se a suspensão do ensino presencial será realizada apenas na turma onde houve o caso de covid-19 ou em toda a escola.

“Não podemos tratar a escola simplesmente como repartição pública, como um andar de ministério ou de uma secretaria. O espaço escolar tem suas singularidades e especificidades, e isso deve ser levado em conta”, afirma o diretor do Sinpro-DF Cléber Soares, integrante da Comissão de Negociação. Segundo ele, é preciso que “gestores e gestoras tenham condições de ter agilidade nos encaminhamentos do que fazer diante de casos de suspeita ou infecção pela covid-19”. “Precisamos de um encaminhamento objetivo para que as gestões das escolas tenham tranquilidade nos encaminhamentos de suas decisões, prevenindo inclusive surtos de infecção pelo vírus no ambiente escolar”, avalia.

Além de exigir do GDF exerça o dever de promover ações sólidas para mitigar o risco de infecção da covid-19 nas escolas, o Sinpro-DF também distribuiu nas escolas cartazes informativos com dicas do que fazer para prevenir a transmissão do vírus em sala de aula. “Nossa intenção foi de oferecer um suporte às escolas para informar e para debater a importância das medidas de segurança”, afirma Letícia Montandon, diretora da Secretaria de Imprensa no Sinpro. “É um material gráfico informativo cujo visual dialoga com os estudantes e com o conjunto da comunidade”, destaca.

Em nota publicada nessa segunda-feira (23/8), ao rebater a fala da Secretaria de Educação sobre os casos registrados de covid-19 nas escolas, o Sinpro-DF alertou que, neste momento, além de um protocolo específico de segurança sanitária para educação, se faz urgente a testagem em massa, o reforço de recursos humanos e a garantia do acesso público e facilitado aos dados oficiais sobre os casos de covid-19.

Pelo levantamento do Sinpro-DF, até a última sexta-feira (21/8), pelo menos 29 escolas públicas registraram casos confirmados de covid-19, seja em quem trabalha ou frequenta o ambiente escolar (veja lista abaixo). Os dados foram levantados a partir de denúncias ou comunicados feitos por membros da comunidade escolar.

Escolas que registraram caso de covid-19:

1 – Jardim Infância 308 Sul
2 – CEI 416 Santa Maria
3 – CEI 08 Taguatinga
4 – CEI 307 de Samambaia
5 – EC 102 Sul Plano Piloto
6 – Ced 02 RF 1 ( aluna , somente a turma da aluna com aula remota ).
7 – EC 415 Samambaia
8 – EC 100 Santa Maria
9 – EC 308 Sul do Plano Piloto
10 – EC 55 de Taguatinga
11 – EC 121 Samabaia
12 – CAIC UNESCO São Sebastião
13 – CAIC Walter José de Moura de Taguatinga
14 – CAIC Bernardo Sayão Ceilândia
15 – CAIC Paranoá (estudante da educação infantil)
16 – Escola Classe 305 Sul – 1 servidor
17 – CAIC de Sobradinho II (uma professora e uma merendeira)
18 – Cei 04 de Taguatinga
19 – JI 108 Sul. – 2 crianças
20 – CEI Galvão – 1 professora (variante Delta)
21 – EC 13 de Ceilândia (1 aluno)
22 – CED Myrian Ervilha
Recanto da emas (4 funcionários com Covid)
23 – CAIC Helena Reis ( uma professora)
24 – CED AGROURBANO ( 1 professor).
25 – Ec 38 Ceilandia (aluna)
26 – CEF 507 DE Samambaia
27 – EP 308 sul (duas professoras em 13/08 testaram positivo)
28 – CEF 312 de Samambaia
29 – EC RCG do Plano Piloto