Não há normalidade quando a vida está permanentemente em risco

A angústia de saber que um filho, a mãe, um irmão ou quem quer que se ame está infectado com um vírus que já matou mais de 575 mil pessoas só pode ser dimensionada por aquelas e aqueles que passam ou passaram pela trágica situação. Pessoas continuam morrendo todos os dias vítimas da covid-19, e tentar normalizar o risco da morte diante da pior crise sanitária do século vai além do antiético: é no mínimo desumano.

Como se vidas se resumissem a simples e superficiais cálculos percentuais, a Secretaria de Educação do Distrito Federal afirmou que “é absolutamente normal” o registro de 89 casos positivos de covid-19 na rede pública de ensino do DF. O dado foi publicado no último dia 21, quando, pela primeira vez, a pasta apresentou números sobre os casos de infecção pelo novo coronavírus desde o retorno presencial às aulas, no dia 5 de agosto.

Pelo levantamento do Sinpro-DF, pelo menos 28 escolas públicas registraram casos confirmados de covid-19, seja em quem trabalha ou frequenta o ambiente escolar. Os dados foram levantados a partir de denúncias ou comunicados feitos por membros da comunidade escolar.

Embora a SEEDF tenha publicado uma espécie de guia com instruções de como proceder diante da confirmação ou suspeita de infecção pela covid-19, os casos ainda continuam sendo analisados individualmente pela pasta. Dessa forma, é imposta à equipe gestora a insegurança para adotar procedimentos que visam à contenção da proliferação do vírus. O resultado pode ser um surto de infecção no ambiente escolar, com possíveis consequências irreversíveis.

A tentativa de normalizar um macabro anormal vem sendo feito com insistência. Para além do espaço escolar, o GDF, em plena pandemia, libera a abertura de estádio de futebol, flexibiliza as regras de abertura de comércio, faz vista grossa aos transeuntes que insistem em percorrer os quatro cantos da cidade sem máscara. E tudo isso diante da mais agressiva variante da covid-19: a variante Delta, que vem fazendo vítimas inclusive vacinados com duas doses. E é essencial lembrar que o óbito, nesses casos, não está ligado à ineficiência dos imunizantes. Esse discurso negacionista tem que ser superado de uma vez por todas. Quem morre por complicações da covid-19 após ter sido vacinado é vítima da ausência de políticas públicas de saúde e da inconsequência daquelas/es que recusam a imunização ou circulam sem qualquer cumprimento dos protocolos de segurança sanitária.

Nós do Sinpro, desde que a pandemia da covid-19 chegou ao Brasil, em março de 2020, levantamos como principal bandeira de luta a defesa da vida. E não abriremos mão dessa pauta enquanto sequer uma pessoa for ameaçada pelo vírus. Não podemos tentar emplacar a sensação de que está tudo bem. Isso é tripudiar sobre as dores, os medos, as tristezas da população. Disso estamos fartos. Precisamos de políticas públicas fortalecidas, inclusive nas escolas, com testagem em massa, reforço de recursos humanos, fiscalização permanente e implantação de protocolo específico de segurança sanitária para a educação. Além disso, precisamos da garantia do acesso público e facilitado aos dados oficiais sobre os casos de covid-19 nas escolas para que possamos construir ações eficazes em defesa da vida.

A pandemia não acabou. Pessoas morrem todos os dias. E isso não pode ser normalizado. Em defesa da vida, lutamos!

Diretoria Colegiada do Sinpro-DF

 
 

MATÉRIA EM LIBRAS