Trocas de presidentes fazem parte do projeto para desgastar a imagem da Petrobrás

Caio Paes de Andrade é o quinto presidente da Petrobrás no governo Bolsonaro. Antes dele, teve José Mauro Coelho, general Joaquim Silva e Luna, economista Roberto Castello Branco. E o interino Fernando Borges
Caio Paes de Andrade é o quinto presidente da Petrobrás no governo Bolsonaro. Antes dele, teve José Mauro Coelho, general Joaquim Silva e Luna, economista Roberto Castello Branco. Teve também o interino Fernando Borges

 

As trocas sucessivas de presidentes e de conselheiros do Conselho de Administração da Petrobrás é mais uma ação deliberada do governo Jair Bolsonaro (PL) para tentar se eximir de sua responsabilidade na regulação dos preços de combustíveis no País, para difamar a imagem da Petrobrás e para manter a política de Preços de Paridade Importação (PPI) dos acionistas minoritários. Essa é uma das denúncias da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sobre a gestão do governo na maior empresa nacional de energia.

A FUP explica que Bolsonaro não tem o interesse de modificar essa política de preços porque, se tivesse, já a teria mudado. Ele é a pessoa que tem o poder de indicar o presidente da Petrobrás porque está ocupando o cargo de Presidente da República, de representante máximo do Estado brasileiro, da União. A União tem o controle acionário da Petrobrás, ou seja, é ela a dona das ações que têm direito a voto na empresa. E é por esse mesmo motivo, ou seja, por estar ocupando o cargo de representante máximo do Estado nacional, que tem a maioria das ações ordinárias da empresa, que Bolsonaro tem o poder de indicar a maioria do Conselho de Administração da Petrobrás.

“Ele faz esse tipo de mudança [troca de presidentes] na empresa para tentar enganar a população dizendo que está tentando mudar a política de preços dos combustíveis. E fala isso desde 2018, quando ainda era candidato. Na época, apoiou a greve dos caminhoneiros e disse que era um absurdo essa política de preços que temos no Brasil porque somos autossuficientes em petróleo e por termos refinarias. Mas não fez nada quando assumiu a Presidência, não mudou o PPI, que é mantido ainda”, observa Deyvid Barcelar, coordenador-geral da FUP.

Nesta quinta matéria da série “Em defesa da Petrobrás”, o Sinpro-DF dá continuidade à entrevista com o dirigente sindical Deyvid Barcelar. Ele recorda que o PPI foi implantado em outubro de 2016, por orientação do político Michel Temer (MDB), após o golpe de Estado aplicado no Brasil naquele ano. O PPI foi adotado por Temer, que colocou Pedro Parente na presidência da Petrobrás e uma maioria de conselheiros no CA para ajudar na implantação do PPI sobre os combustíveis da Petrobrás.

“Portanto, da mesma forma que foi criado por orientação de um Presidente da República, a política de preços poderia também ser revisada, reformulada por Jair Bolsonaro. Mas ele não faz porque não tem interesse em mudar essa situação e porque tem compromissos assumidos com os acionistas minoritários, principalmente os acionistas minoritários de outros países, a partir de acordos feitos pelo ministro da Economia e rentista Paulo Guedes e pelo ex-presidente da Petrobrás Roberto Castello Branco”, afirma Barcelar.

 

Guedes: o compromisso de transferir R$ 30 bi da Petrobrás aos EUA anualmente

 

O sindicalista lembra que Paulo Guedes e Roberto Castello Branco garantiram aos acionistas minoritários e ao governo dos Estados Unidos da América (EUA) que iriam transferir para a Bolsa de Valores de Nova Iorque mais de R$ 30 bilhões por ano só da Petrobrás. “É isso que eles estão fazendo hoje: promovendo um verdadeiro Hobin Hood às avessas, tirando dos brasileiros, sobretudo da população pobre, que pagam pelos combustíveis preços abusivos e altíssimos por causa do PPI, e destinando essa riqueza petrolífera aos EUA, em vez de deixá-la no Brasil gerando riquezas para o nosso País, gerando renda e fazendo com que essa nossa nação assegure o seu desenvolvimento”, diz.

A Folha de S. Paulo mostrou, no sábado, 2 de julho, quem são os acionistas minoritários que investem na destruição da Petrobrás brasileira. A principal acionista minoritária que atua na pressão para a privatização da empresa brasileira é a Black Rock, com 5,01% das ações, e, em seguida, as seguintes empresas: Vanguard Group (2,41); Capital Group Gompanies (1,80); Goldman Sachs Group (1,43); Opportunity HDF Participações (0,86); Kapitalo Investimentos (0,78); Grupo Banco do Brasil (0,77); Dimensional Advisers (0,74); JP Morgan Chase (0,64); GQG Partners (0,60).

Para quem não sabe a Black Rock Inc. é o maior “fundo abutre” existente no mundo com investimentos superiores a US$ 8 trilhões, (quatro vezes o PIB brasileiro). Em 6 de dezembro de 2018, a Petrobrás divulgou “Fato Relevante” informando que a Black Rock Inc. havia adquirido ações preferenciais da companhia, em 4 de dezembro de 2018, passando a gerir mais de 5% das ações preferenciais de emissão da companhia. Confira mais informações sobre a Black Rock Inc. na matéria “Petrobrás: fatos relevantes e preocupantes”. https://bit.ly/3yDkOVw

“Infelizmente, temos essa situação muita estabelecidas hoje devido ao fato de o Presidente da República tentar se eximir o tempo todo. Da mesma forma que ele colocou a culpa na Petrobrás e nos seus presidentes, que ele usou como bode expiatório, tanto que já é o quarto presidente em menos de 4 anos, ele também tentou colocar essa culpa nos governadores, depois na guerra da Ucrânia, e, agora, como não tem mais a quem culpar, tirando sua própria culpa, está culpando a própria Petrobrás. Isso é um projeto. Isso que Bolsonaro está fazendo é um projeto calculado de desgaste perante a sociedade brasileira da imagem da maior empresa de energia do Brasil que, no governo Lula, chegou a ser a quinta maior do mundo”, afirma o coordenador-geral da FUP.

Ele também lembra que, “apesar de tudo isso, de todos os ataques que a empresa vem sofrendo em sua imagem desde 2014 com a Operação Lava Jato, que aparecia na Rede Globo, Estadão, Folha de S. Paulo e outros jornais neoliberais com a imagem de tubulações velhas jorrando dinheiro de manhã, de tarde e de noite, e isso era todos os dias nas TVs do nosso País, na última pesquisa a população demonstrou que é contrária a privatização da Petrobrás: 55% do povo brasileiro é contra a privatização da Petrobrás”.

Portanto, o que explica as trocas de presidentes da Petrobrás é o fato de Bolsonaro tentar se eximir de sua responsabilidade e também de desgastar a imagem da Petrobrás perante a população. Felizmente, nesse último ele não tem tido êxito nesse seu objetivo.

 

Ato público contra o fim do Fundo do Pré-Sal para a Educação dia 12 de julho

 

O Sinpro-DF e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) convidam a categoria e toda a comunidade escolar para um ato público nacional em defesa do pré-sal para a educação a ser realizado no dia 12 de julho, às 14h, no Salão Verde da Câmara dos Deputados.

 

O ato será uma demonstração forte, explícita, grande e pública de que a comunidade escolar é contra o Projeto de Lei nº 1.583/2022 (PL 1583/22), de autoria do governo Jair Bolsonaro (PL), que acaba com as vinculações ao Fundo Social do Pré-Sal para as áreas de educação, saúde e outras, retirando, nesta única operação, quase R$ 200 bilhões das políticas sociais.

 

Confira outras matérias da série “Em defesa da Petrobrás” e acompanhe as próximas edições.

 

Em comemoração aos 69 anos da Petrobrás, Sinpro republica série de matérias

 

Preços elevados, CPI, troca de presidentes, difamação: tudo cena para privatizar a Petrobrás

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