Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher

Dia 10 de outubro é o Dia Nacional de Luta contra a Violência contra a Mulher desde 1980, resgatando a luta de mulheres que foram às ruas denunciar o crescimento dos casos de agressão e de morte de mulheres no país. Naquele momento, dois casos se tornaram emblemáticos – o da socialite mineira Ângela Diniz e o da cantora Eliane de Grammont -; e a luta contra a violência contribuiu muito para o movimento de mulheres se reorganizar no período pós-ditadura militar.

Aquela luta se fortaleceu, ampliou-se e rendeu frutos como a Lei Maria da Penha, uma grande vitória do movimento feminista, promulgada em 2006. E, tão importante quanto, contribuiu decisivamente para combater a misoginia e o patriarcado expressos em discursos como “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.

Entretanto, os números da violência contra a mulher continuam assustadores, e a mobilização das mulheres continua sendo muito necessária. Uma das explicações para o aumento desses índices é o fato de que, hoje, há mais consciência sobre a violência de gênero, e portanto, denuncia-se mais.

Por outro lado, o recrudescimento de discursos de ódio, que elevaram e sustentaram Bolsonaro no poder, contribui muito para a intensificação da violência. Esses discursos autorizam a ação de agressores e feminicidas, e o descaso do Estado age como seu cúmplice – a redução do investimento em políticas públicas contra a violência, notável durante o governo Bolsonaro, também autoriza as mortes e as agressões.

Números

Pesquisa do Instituto Datafolha, realizada a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada em março deste ano, revelou que todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no Brasil durante o ano de 2022. O estudo “Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil” mostrou que, a cada dia de 2022, cerca de 50 mil mulheres sofreram algum tipo de violência, sendo a maior parte das ocorrências contra mulheres negras.

A mesma pesquisa apontou que um terço das mulheres brasileiras já sofreu algum episódio de violência física ou sexual pelo menos uma vez na vida, número maior que o registrado globalmente (27%) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2021.

No Distrito Federal, o cenário é alarmante. São 26 mulheres vítimas de feminicídio até o momento, número que já é 45% maior do que o do ano passado inteiro. “É urgente que se fortaleçam as políticas de enfrentamento à violência contra a mulher”, destaca Silvana Fernandes, diretora da Secretaria de Mulheres do Sinpro. “Além das mortes, houve 38 tentativas de feminicídio só no primeiro semestre”, completa.

Papel da escola

A educação é uma ferramenta poderosa de combate à violência. Na escola, na exposição e discussão de conteúdos, podem ser questionados os valores que sustentam o ciclo da violência, promovendo relações de igualdade e de respeito.

É na escola que, muitas vezes, estudantes se sentem protegidos para relatar situações de violência vivenciadas em casa, por exemplo. Na escola, também, o acesso a ferramentas de proteção contra a violência podem ser facilitados, através do conhecimento da legislação e das estruturas oferecidas, por exemplo.

“Educar para o respeito, para a convivência e para a diversidade é um papel importante que a escola pode e deve cumprir para estimular a cultura de paz e o enfrentamento ao machismo e à misoginia, que vitimizam tantas mulheres todos os anos no DF, no Brasil e no mundo”, aponta a coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sinpro, Mônica Caldeira. “É preciso o esforço de toda a sociedade para o fim da violência contra as mulheres, e a escola é parte importante disso”, diz ela.

Vamos debater!

O TV Sinpro desta semana aborda o tema da violência contra a mulher e feminicídios através do debate do livro “Histórias de Morte Matada Contadas Feito Morte Morrida:, das jornalistas Niara de Oliveira e Vanessa Rodrigues. As duas participaram de debate no Sinpro em junho último falando sobre a obra, que foi finalista do prêmio Jabuti 2022.

As autoras mergulharam em matérias publicadas, nos últimos 40 anos, sobre o assassinato de mulheres por motivações misóginas, incluindo casos como os de Ângela Diniz e Eliane de Grammont, até Sandra Gomide, Eloá Pimentel, Eliza Samudio, Viviane do Amaral, Viviane Sptinizer, Patrícia Accioli, Marielle Franco e outras vítimas de menor repercussão, mas com igual importância.

“Aprofundar conhecimento e reflexões sobre o tema nos ajuda a enfrentá-lo”, afirma a diretora do Sinpro Regina Célia, da Secretaria de Mulheres. “O TV Sinpro desta semana certamente contribuirá para isso, e nós convidamos todas e todos a assistir”.

O TV Sinpro vai ao ar nesta quarta-feira (11/10) às 19h, nas redes do Sinpro e na TV Comunitária.

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Também em 11 de outubro, a Secretaria de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras do Sinpro-DF realizará mais uma edição do Cine Debate Sinpro Mulher. O filme discutido será “Angela”, de Hugo Prata, que traz à telona a história de Ângela Diniz, vítima de feminicídio na virada de 1976 para 1977, pelo namorado Doca Street.

Exclusiva para filiados(as) ao Sinpro-DF, a atividade será às 20h, no Cine Cultura, no Liberty Mall Shopping. Para participar, é necessário fazer inscrição gratuita AQUI. O espaço é sujeito à lotação.

>>> Saiba mais: “ANGELA” É FILME DA VEZ NO CINE DEBATE SINPRO MULHER, DIA 11

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