A importância da educação na vida da professora Ângela: um exemplo de superação

A trajetória admirável da professora Ângela Maria dos Anjos de Lima Corrêa ganhou destaque em alguns veículos de imprensa do Distrito Federal recentemente. Com muita determinação, Ângela superou uma doença rara que a deixou em cadeira de rodas por seis meses. “Disseram que eu não voltaria a andar”, lembra ela.

A doença era mielite transversa, uma inflamação da medula. A falta de movimento nas pernas foi um dos obstáculos que ela teve que vencer até chegar aos dias atuais. Sem resignação, a professora recorda com orgulho os diversos processos em que se superou para alcançar seus objetivos.

Ângela chegou a Brasília aos 13 anos, vinda de Parnamirim, interior do Rio Grande do Norte. “Sempre quis ser professora, mas não podia cursar a Escola Normal, porque era integral, e eu morava na casa de uma família, que me acolheu aqui no DF”, conta ela. “Então, mais tarde, fui cursar o Magistério em Valparaíso”. Depois de três anos, o preço das passagens começou a pesar e ela teve que interromper os estudos, para concluí-los depois, em Ceilândia, num curso particular.

Em 1998, ela entrou para a Secretaria de Educação e pôde, através de um convênio, graduar-se em Pedagogia pela UnB. “Sempre foi através dos estudos que pude superar minhas dificuldades e conquistar uma vida melhor”, ela afirma.

Que todos(as) possam ter oportunidades

Ângela se lembra dos tempos de escola, quando muitos colegas riam dela por conta de seu sotaque. Enfrentando dificuldades como essa, e como as demandas domésticas, que também a ocupavam, ela teve dificuldades nos estudos e chegou a reprovar. Mas não se deu por vencida, e seguiu firme na direção de seu sonho de ensinar. Hoje, Ângela é diretora da Escola Classe 22 de Ceilândia, a mesma onde estudou quando chegou à capital federal.

Na relação com o filho e os alunos, Ângela procura incentivar a valorizarem os estudos e seguirem em frente. “Eu transformei a minha vida com a educação. Sou fruto de escola pública. Sempre digo para os estudantes para que estudem e andem no caminho certo”, destaca com firmeza.

A dedicação de Ângela à prática da Educação mostram, mais uma vez, a importância da escola e da universidade para dar novas perspectivas a pessoas de origem humilde e que enfrentam adversidades as mais variadas. Conquistar um diploma de ensino superior abre mais que portas no mercado de trabalho, abre a cabeça, abre os horizontes e abre caminhos para a construção de um país melhor. E isso é sim um direito de todos e todas.

Agora, a educadora encara mais um desafio, o de reverter uma ausência que a instiga desde criança: a do pai. Com parte da família vivendo em sua cidade natal, Ângela pretende empreender esforços e encontrá-lo. Quem conhece sua força de vontade acredita, com vigor, que ela há de conseguir.

(foto da capa de Hugo Barreto/Portal Metrópoles)