Sinpro quer antecipação da dose de reforço para trabalhadores em educação

Com o anúncio de retorno às aulas 100% presenciais, o Sinpro-DF, via Comitê de Monitoramento do Retorno às Aulas Presenciais na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, reivindica que a dose de reforço da vacina contra a covid-19 seja antecipada para trabalhadores(as) em educação. O ofício com a solicitação foi entregue ao GDF nessa terça-feira (26/10), mas, até agora, o governo não se pronunciou sobre o pleito.

“Já nos manifestamos contrários ao retorno às aulas 100% presenciais em plena pandemia. Muitas escolas não têm estrutura para receber todos os estudantes de uma vez e manter as medidas de segurança sanitária. Mesmo assim, diante do anúncio, mais um dos que foram feitos sem nenhum tipo de diálogo com o Sinpro, temos que garantir a preservação da vida da categoria do magistério público e, consequentemente, da comunidade escolar. E a antecipação da dose de reforço da vacina contra a covid-19 dialoga com isso”, explica a dirigente do Sinpro-DF Rosilene Corrêa.

>> Leia também: NÃO AO RETORNO 100% PRESENCIAL | DEFESA DA VIDA CONTINUA SENDO PRINCIPAL PAUTA DO SINPRO-DF

Rosilene lembra que, mesmo com o ciclo de vacinação completa contra a covid-19, quatro professores da Secretaria de Educação do DF morreram vítimas do vírus, após o retorno presencial no formato híbrido, iniciado no dia 5 de agosto. “A vacina salva sim muitas vidas. E é graças a ela e às medidas de segurança sanitária que os números referentes a mortes decorrentes da covid e casos graves da doença vêm diminuindo. Entretanto, é preciso lembrar que a eficácia da vacina diminui após alguns meses, e por isso a dose de reforço é necessária, ainda mais em um ambiente como as escolas”, considera.

Além dos casos de morte de professores devido complicações pela covid-19, 144 escolas registraram ao menos um caso de infecção pelo vírus, o que comprova que o ambiente escolar, mesmo diante dos números mais brandos quanto à doença, deve ser considerado com cuidado. “Para além dos trabalhadores em educação, temos que lembrar que a Educação Básica é composta majoritariamente por crianças menores de 12 anos, que ainda não podem ser vacinadas contra a covid-19. Elas só têm as medidas de segurança sanitária para se proteger. Por isso, quanto mais segurança levarmos ao ambiente escolar, mais vida preservaremos. É um efeito em cadeia”, ressalta Rosilene Corrêa.

>> Leia também: SINPRO E COMUNIDADE ESCOLAR REALIZAM CAMPANHA CONTRA RETORNO ÀS AULAS 100% PRESENCIAIS

Descompromisso
No mesmo documento que pleiteia a antecipação da dose de reforço para trabalhadores em educação, o Comitê de Monitoramento do Retorno às Aulas Presenciais na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal mostra que as secretarias de Educação e de Saúde do GDF não tomaram todas as providências para garantir o retorno seguro às salas de aula. “A anunciada ação conjunta da Secretaria de Educação com a Secretaria de Saúde tem sido falha, deixando de funcionar em inúmeras situações. Citamos como exemplos: a testagem de casos sintomáticos; a definição de UBS de referência para cada unidade; a ampliação do número de profissionais da limpeza que garanta a higienização dos espaços; a oferta adequada de materiais de limpeza e de proteção, entre outras”, diz trecho do ofício.

Propostas
Além da antecipação da dose de reforço para trabalhadores em educação, o ofício enviado ao GDF pelo Comitê de Monitoramento do Retorno às Aulas Presenciais na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal apresenta propostas que devem preceder o retorno às aulas 100% presenciais como forma de precaver o aumento dos casos de infecção pelo vírus. São elas:

1. Que a retomada plena das aulas presenciais seja precedida pela construção de um Plano de
Contingência com a participação e o pleno conhecimento de todos os Diretores das unidades,
expressando o engajamento conjunto da Secretaria de Educação e da Secretaria de Saúde;

2. Que seja garantida a observância do protocolo sanitário, com efetivo monitoramento por
parte das duas Secretarias, de modo a proporcionar intervenções necessárias à garantia da
segurança sanitária para evitar a disseminação de casos dentro das unidades e na Comunidade;

3. Que seja feita uma busca ativa de integrantes da comunidade escolar, com a realização de
um trabalho de convencimento àqueles que se recusaram se vacinar;

4. Que seja garantida a cada escola a definição de uma UBS de referência a que possa se
referenciar diante de suspeição de casos de contaminação de alunos e de membros da comunidade escolar;

5. Que seja dado tratamento específico e diferenciado à Educação Especial, Educação Infantil e
Educação Precoce, por razões inerentes a cada uma dessas modalidades de ensino;

6. Que sejam tratadas, também de maneira diferenciada, as escolas em tempo integral, com
observância criteriosa das condições sanitárias do transporte escolar e da alimentação;

7. Que ocorra a antecipação da dose de reforço da vacina para todos os profissionais da
educação;

8. Que sejam rigorosamente observados os critérios de limpeza e desinfecção do ambiente
escolar, o distanciamento físico nas salas de aula e espaços coletivos e ainda, o uso obrigatório de máscaras.

O Comitê de Monitoramento do Retorno às Aulas Presenciais na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal foi criado em agosto pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa (CLDF). Além do Sinpro, compõem o grupo: Fórum Distrital de Educação; Conselho Distrital de Saúde; Defensoria Pública; Observatório de Educação Básica da UnB; Sindicato da Carreira Assistência a Educação (SAE); União dos Estudantes Secundaristas do DF (UESDF); e OAB-DF (Ordem dos Advogados do Brasil).