Outubro Rosa: DF pode ter mais de 3 mil novos casos entre 2023 e 2025

No Brasil, a campanha internacional Outubro Rosa 2023 para controle, diagnóstico e prevenção dos cânceres de mama e de colo de útero começou com dados preocupantes do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada recentemente, indica que, no triênio 2023-2025, estão previstos 3.090 novos casos de câncer de mama no Distrito Federal e que, somente em 2023, a previsão é a de que haverá 1.030 casos de câncer de mama até o fim do ano.

O estudo indica, ainda, que são esperados 704 mil novos casos de câncer no País a cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as Regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. Entre todos os tipos de tumores, o risco estimado para o câncer de mama é de 62,70%, no público feminino.

“Esse tipo de câncer é o mais incidente (depois do de pele não melanoma). Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o câncer do colo do útero ocupa essa posição”, informa o site do Inca.

Mônica Caldeira, coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sinpro, ressalta o fato de a vida feminina ser cheia de desafios e estresses. “O excesso de responsabilidade atribuído à mulher gera uma sobrecarga, dificultando a manifestação de uma vida saudável e tranquila. Por isso, cada uma deve priorizar o bem-estar e o direito a ter momentos de cuidados e compromisso consigo e com sua saúde. Não esperar que outros reconheçam isso como marido, filhos, mãe etc. Nessa cultura em que a mulher se sente culpada por momentos em que não esteja se doando aos cuidados dos outros, é preciso uma consciência poderosa do autocuidado”.

É importante destacar que o câncer de mama também acomete o público masculino, embora, entre os homens, o câncer de próstata seja predominante em todas as regiões, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano do triênio mencionado anteriormente, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.  Nas regiões de maior IDH, os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição, sendo que, nas de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a população masculina.

Os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).  O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

O Sinpro-DF adverte a categoria sobre o problema e recomenda a todos e todas realizarem exames preventivos e a adoção de uma vida saudável e, observa que, para isso, é preciso participar da luta do sindicato por condições de trabalho dignas, bem como por um Sistema Único de Saúde (SUS) fortalecido e totalmente financiado pelo Estado nacional. “É preciso garantir que toda mulher tenha acesso aos programas de prevenção e ao tratamento adequado, de qualidade e humanizado no Sistema Único de Saúde”, finaliza Élbia Pires, coordenadora da Secretaria para Assuntos de Saúde do Trabalhador do Sinpro.

Fatores de risco

Não há uma causa única para o câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre as mulheres, tais como, o envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e exposição à radiação ionizante.

Comportamentais/ambientais – Os principais fatores, segundo o Inca, são comportamentais/ambientais: obesidade e sobrepeso, após a menopausa; atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana); consumo de bebida alcoólica; exposição frequente a radiações ionizantes (raios-X, tomografia computadorizada, mamografia etc.); história de tratamento prévio com radioterapia no tórax.

Aspectos da vida reprodutiva/hormonais – O Inca informa que em termos de aspectos da vida reprotutiva/hormonais, os fatores são, geralmente, a primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos; não ter filhos; primeira gravidez após os 30 anos; parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos; uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona); ter feito terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona), principalmente por mais de cinco anos

Hereditários/Genéticos – Há também os aspectos hereditários e genéticos que são fatores de risco, como, por exemplo, o histórico familiar de câncer de ovário; de câncer de mama em mulheres, principalmente antes dos 50 anos; e caso de câncer de mama em homem; alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.

O Inca alerta para o fato de que a mulher que possui esses fatores genéticos tem risco elevado para câncer de mama. Com 74 mil novos casos por ano, o câncer de mama é o mais comum entre as brasileiras e 17% dos casos, segundo o Inca, podem ser evitados por meio de hábitos de vida saudáveis.

Como se proteger

O Inca indica, como forma de se proteger, manter o peso corporal saudável; ser fisicamente ativa; evitar bebidas alcoólicas; amamentar até o sexto mês de forma exclusiva e, se possível, até os 2 anos ou mais.

Ter uma alimentação rica em alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e evitar os alimentos ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou para aquecer, bebidas adoçadas, entre outros, pode prevenir o câncer. “A alimentação deve ser saborosa, respeitar a cultura local, proporcionar prazer e incluir alimentos regionais”, alerta o Inca

Em texto publicado no seu site o Inca apresenta recomendações sobre alimentação e prevenção de câncer. Para quem já foi pego pela doença, após o tratamento, pessoas que tiveram diagnóstico de câncer, incluindo as pessoas que já estão diagnosticadas como livres da doença, devem seguir essas recomendações.

Cuidar da alimentação, praticar atividade física, buscar manter o peso adequado e evitar bebidas alcoólicas é essencial para recuperar a saúde, prevenir o retorno da doença e o desenvolvimento de outro tipo de câncer. Confira, a seguir, as dicas para uma alimentação saudável   os mitos e verdades sobre prevenção de câncer , publicações e vídeos sobre o tema.

Na publicação Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: Uma Perspectiva Global. Um Resumo do Terceiro Relatório de Especialistas com uma Perspectiva Brasileira estão disponíveis as evidências e recomendações do INCA para a prevenção de câncer.

Utilize o Guia Alimentar para a População Brasileira (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf)  como fonte confiável de informações e recomendações sobre alimentação adequada e saudável. Confira também as recomendações referentes ao consumo de bebidas alcoólicas, peso corporal e atividade física.

Breve histórico da campanha Outubro Rosa

A campanha Outubro Rosa surgiu há 32 anos, em Nova York, com a I Corrida pela Cura com o  objetivo de alertar a todos e todas sobre a importância do diagnóstico precoce e a prevenção do câncer de mama. No entanto, mais recentemente, foi adicionada à campanha o câncer de colo do útero.

Em 1991, Fundação Susan G. Komen for the Cure (hoje a maior organização de combate ao câncer de mama do mundo) lançou o laço cor de rosa e o distribuiu aos(às) participantes da I Corrida pela Cura (Komen Race for the Cure), realizada em Nova York.

Mas apenas 7 anos depois é que entidades estadunidenses iniciaram um trabalho com o foco no diagnóstico e na prevenção do câncer de mama. Em 1997 algumas entidades das cidades de Yuba e Lodi (EUA) começaram a fomentar ações voltadas a prevenção do câncer de mama, surgindo daí o nome Outubro Rosa e os enfeites em locais públicos com os laços, ou outras ações, como corridas, desfile de modas com sobreviventes da doença e até mesmo partidas de boliche.

O movimento cresceu e tomou conta do planeta. Hoje, o Outubro Rosa é um movimento internacional e oficial de vários países para conscientização e controle do câncer de mama. No mês de outubro, intensificam-se o compartilhamento de informações e a promoção de exames e de campanhas de conscientização sobre a doença.

No Brasil, a primeira iniciativa aconteceu, em 2002, em São Paulo, quando iluminaram, de cor de rosa, o monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista (o Obelisco do Ibirapuera). Essa iniciativa começou com um grupo de mulheres. Em 2018, as ações foram instituídas por lei federal e, a partir de 2011, o Outubro Rosa incluiu o câncer de colo do útero em sua campanha.

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