Povo mostra neste 7 de setembro que não haverá trégua para golpista

Fora Temer. Esta foi a frase mais ouvida nas ruas do Brasil neste 7 de setembro. Na Esplanada dos Ministérios, na capital federal, milhares de pessoas realizaram o Grito dos Excluídos, movimento nacional que evidencia na data da proclamação da independência do Brasil os problemas sociais pungentes. O ato, organizado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, reuniu movimentos sociais, sindical, estudantil e a sociedade em geral em marcha do Museu da República ao Congresso Nacional.
Logo nas primeiras horas da manhã desta quarta foi possível perceber a movimentação para a organização da manifestação. Aos poucos, os arredores do Museu da República foi completamente tomado pelo povo com a cara do Brasil. Eram jovens, crianças, mulheres, LGBTs, negros, trabalhadores do campo e da cidade que, sentindo-se ameaçados pelas políticas excludentes já anunciadas pelo presidente não-eleito Michel Temer, foram às ruas exigir o fortalecimento da democracia e a garantia dos direitos. Portando faixas, cartazes, tambores e fazendo muito barulho, o grupo tinha um único objetivo: deixar claro que o governo golpista de Temer não terá sossego e que o povo continuará nas ruas.
A professora Maria Oliveira era uma das milhares de pessoas que hasteavam cartaz com a frase “Fora Temer”. Determinada, contou que participava do ato para defender a democracia e, principalmente, os direitos dos seus alunos. Maria relatou que acompanhou de perto as mudanças e as oportunidades oferecidas aos estudantes nos últimos 13 anos. “Eu militei contra a ditadura militar, pela redemocratização do país e esperava não ter que fazer isso outra vez, mas cá estou de novo. Pelos meus alunos e pelo futuro do Brasil, é Fora Temer golpista”, reforçou.
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) também esteve presente no ato contra o projeto de desmonte de direitos conquistados pelos trabalhadores do campo. “Para este governo, o projeto de agricultura familiar e camponesa deixa de existir. A concepção dele em relação à agricultura familiar é de Agronegócio. E isso para nós não serve. Não queremos ser correia de transmissão dos pacotes químicos para envenenar a população. Não há outro meio de combater esses ataques a não ser a luta nas ruas”, afirmou a Coordenadora Nacional do MPA, Maria Kazé.
Para o dirigente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF) e coordenador do Coletivo Aurora dos Oprimidos,Reginaldo Dias, a população não vai aceitar, de forma alguma, a consolidação do golpe no Brasil.”Queremos um País livre e democrático, e não retornaremos para casa até conseguirmos”, disse.
De acordo com o dirigente da CUT Brasília, Yuri Soares, os trabalhadores, em unidade com outros setores da sociedade, já mostraram que não acatarão um golpista na presidência da República e que estão dispostos a cruzar os braços para garantir os direitos conquistados. “Nós não vamos abandonar as ruas! Nós vamos continuar na resistência, em defesa dos direitos do povo brasileiro. Vamos construir uma greve geral forte e massiva para defender as riquezas do Brasil, para defender os interesses da classe trabalhadora.”
Não tem arrego
O presidente não-eleito Michel Temer fez sua primeira aparição pública neste 7 de setembro, após ter usurpado a principal cadeira do Executivo Federal. Do lado oposto à manifestação que mostrou não ter medo de golpista, Temer optou por cautela: evitou desfilar em carro aberto e, consequentemente, não acenou para o público para se resguardar das vaias que o aguardavam. Mas não deu certo.
Os gritos de “Fora Temer” ecoaram na Esplanada dos Ministérios e, ao que tudo indica, tornou este o 7 de setembro mais constrangedor para o presidente golpista. As vaias vinham tanto da massa que realizava manifestação quanto das arquibancadas reservadas apenas para convidados. Nas redes sociais, a mesma reivindicação de quem estava nas ruas: “Fora Temer”.
A Polícia Militar tentou tornar este 7 de setembro mais fácil para o presidente golpista, que se esquivou do público. Quem portava adesivos ou qualquer tipo de material com os dizeres “Fora Temer” foi impedido de entrar no espaço reservado para convidados. Cartazes também foram proibidos sob argumento de que poderiam atrapalhar a visão das pessoas. Mas o grito de indignação, nem Temer, nem a PM, nem ninguém conseguiu calar.
O 7 de setembro foi, na verdade, um termômetro de como serão os próximos dias para Michel Temer, que, de acordo com o Ibope, tem índices de desaprovação superiores a 40% em 16 capitais brasileiras.