No Dia do Trabalhador, Sinpro-DF lança cartilhas sobre proteção à infância e assédio moral

O Dia do Trabalhador de 2021 chega carregado de um conjunto de pandemias. O Brasil ultrapassa as 400 mil mortes por Covid-19, uma doença laboral. A crise sanitária do novo coronavírus agrava e acelera a crise econômica neoliberal, que começou em 2016 e foi aprofundada com a eleição de Jair Bolsonaro e sua equipe de empresários.

 

Mergulhado numa crise de governo, acumulando recordes negativos na economia (6,1 Inflação acumulada), no trabalho (14% desemprego) e na saúde (400 mil mortes), a situação do Brasil reforça a ideia de que o Dia do Trabalhador de 2021 é a data simbólica para as categorias fortalecerem a luta, com unidade e resistência, para recriar as condições necessárias para a retomada da democracia no País.

 

Essa situação priora também as relações nos locais de trabalho e adoecem, cada vez mais, grandes parcelas da classe trabalhadora. Além das dificuldades financeiras e da pressão do desemprego, quem tem emprego e renda se vê adoecido por causa do assédio moral no local trabalho. Consequentemente, acaba abrindo mão de direitos humanos para se manter empregado(a). Um deles é o direito à licença-maternidade, licença-paternidade e licença-adoção.

 

Houve um tempo em que as crianças trabalhavam desde os cinco ou seis anos. Não havia infância. As mães davam à luz e, sem o repouso necessário, retornavam, imediatamente ao trabalho. Os pais recebiam a notícia do nascimento dos filhos sem poder parar num um único dia para compartilhar com sua esposa parturiente os cuidados com o recém-nascido. A classe trabalhadora foi à luta por esse direito. E o conquistou.

 

As licenças-maternidade, paternidade e adoção não caíram do céu, não surgiram por acaso e nem foram obra da bondade empresarial. Foi sim resultado de muita luta. Não há conquista sem luta. Esses e outros direitos estão sendo demolidos no Brasil desde 2016, quando o golpe de Estado iniciou seu percurso de privatização de serviços públicos, com a Emenda Constitucional 95/16, e a eliminação de direitos trabalhistas, com a reforma trabalhista.

 

A situação da classe trabalhadora só tem piorado. Por isso que Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), tem dito que o 1º de Maio Unificado de 2021 escolheu o tema “Democracia, Emprego e Vacina para Todos” para lembrar a todos e todas que “o Brasil não pode continuar vivendo com as pandemias do coronavírus, da fome e do desemprego”.

 

O Sinpro-DF destaca pontos para reflexão. Dentre eles, o direito à vacina para todos; auxílio emergencial de 600 reais e a obrigação do Estado de investir dinheiro público na criação de emprego e renda; defesa intransigente da democracia, dos serviços públicos, dos direitos fundamentais e sociais contidos na Constituição; revogação das emendas constitucionais que precarizam o serviço público, prejudicam o trabalhador e enfraquece o Brasil.

 

Diante da tempestade neoliberal e pandêmica que o Brasil e o mundo têm vivido, o Sinpro-DF alerta para o fato de que, no Dia do Trabalhador, é preciso também refletir sobre a crueldade humana que vem sendo praticada nos ambientes laborais por meio da violência, assédio moral, servidão voluntária e os efeitos devastadores na saúde e vida dos trabalhadores.

 

“Para adaptar-se e sentir-se incluído no trabalho, o(a) trabalhador(a)  é induzido a desenvolver comportamentos de servidão. O que se questiona é o tipo de vínculo que está sendo exigido. A adaptação é importante para a saúde mental, mas, quando os limites de tal comportamento influenciam a livre capacidade do sujeito de pensar, sentir e agir, pode tornar-se patológica”, afirma a diretoria.

 

No entendimento de Élbia Pires, coordenadora da Secretaria para Assuntos de Saúde do Trabalhador, “a capacidade de se indignar perde lugar para a passividade, a banalização de tudo que prejudica o ser humano e o meio ambiente e a indiferença. Ocorre a morte de si mesmo, em nome de uma obediência sem limites para garantir um emprego, uma renda, a sobrevivência”.

 

Ela explica que “essa servidão patológica é sustentada pela política neoliberal, que prega intervenções diretas na configuração dos conflitos sociais e na estrutura psíquica dos indivíduos. É um modo de racionalizar, empresarialmente, o desejo e não implicar o sujeito na construção do seu caminho”, afirma.

 

Luciane Kozicz, psicóloga do Sinpro-DF, afirma que essa armadilha sociopsíquica é um terreno fértil para manipular comportamentos e para práticas de violência no trabalho e assédio moral. A reação inicial de alguns trabalhadores é a indignação, que dá lugar à indiferença e, por fim, à convivência. A potencialização a performances de trabalho é utilizada para que não se entre em contato com a dor.

 

“A vida neoliberal descobriu que se pode extrair mais produção e mais gozo do próprio sofrimento. Desejos são moldados e a própria maneira que devemos exprimir ou esconder, narrar ou silenciar, reconhecer ou criticar modalidades específicas do sofrimento são acomodados no mero viver”, alerta.

 

Kozicz explica que, “Para não banalizar o mal (conceito desenvolvido por Hannah Arendt) é necessário se apropriar de si, barrar práticas de gestão perversas, lutar para evitar retrocessos nos direitos trabalhistas, denunciar ameaças e acima de tudo buscar meios de acolher o sofrimento humano e apropriar-se da fala para evitar práticas de crueldade no cotidiano do trabalho”.

 

Assim, a diretoria colegiada do Sinpro-DF, por meio da Secretaria para Assuntos de Saúde do Trabalhador, lança, neste 1º de Maio de 2021, Dia do Trabalhador, as cartilhas sobre assédio moral e proteção à infância, instrumentos que especificam essa forma de violência para que cada um e cada uma possa conhecer e reconhecer práticas desumanas, que apartam o sujeito da restauração de sua voz e possibilite a ele e a ela a capacidade de se emancipar. A Cartilha de Proteção à Infância reúne direitos que não nasceram por acaso.

 

Com as cartilhas, a entidade oferece uma forma rápida de acesso e uso da legislação e outras informações sobre o assédio moral no local de trabalho. No início de abril, lançou duas cartilhas sobre Acidente de Trabalho e Acidente de Trabalho – Covid-19. Clique aqui e confira.

 

Acesse aqui a Cartilha Assédio Moral no Trabalho

Acesse aqui a Cartilha de Proteção à Infância

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