Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência

A luta das mulheres por autonomia, liberdade, pelo fim da violência e da opressão está em todas as esferas da sociedade, na vida pública e na vida privada, no campo e na cidade, em todas as gerações e etnias. As desigualdades salariais, a exposição a situações de assédio, a invisibilidade e os obstáculos para chegar aos espaços de poder também estão em todas as esferas, e é preciso que a sociedade esteja atenta.

Na ciência, a desigualdade também se expressa nesses termos. Por isso, desde 2015, a Assembleia das Nações Unidas instituiu o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro. O objetivo da ONU é incentivar a presença e a permanência das mulheres no fazer ciência, colaborando para a construção de um ambiente receptivo e democrático, onde elas estejam livres para construir sua carreira e dar sua contribuição à ciência e à inovação.

Na comemoração do Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência de 2022, o secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu uma mensagem na qual destacou: “Hoje, apenas um em cada três pesquisadores de ciência e engenharia no mundo é mulher. Barreiras estruturais e sociais impedem que mulheres e meninas entrem e avancem na ciência. A pandemia da covid-19 aumentou ainda mais as desigualdades de gênero, desde o fechamento de escolas até o aumento da violência e uma maior carga de cuidados em casa. Esta desigualdade está privando o nosso mundo de enormes talentos e de inovação que estão por explorar. Precisamos da perspectiva das mulheres para garantir que a ciência e a tecnologia funcionem para todos. Podemos – e devemos – agir”.

Para além dessas questões, há que se destacar que, com mais mulheres fazendo ciência, aumentam as possibilidades de se produzir conhecimento e inovação para vencer as desigualdades de gênero. Quando se incluem mais mulheres, a democracia como um todo se alarga.

 

Buscando um novo tempo

Ministra Luciana Santos em sua solenidade de posse.

 

No Brasil, temos, pela primeira vez, uma mulher à frente do Ministério de Ciência e Tecnologia. Luciana Santos é engenheira eletricista formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi prefeita de Olinda em dois mandatos consecutivos, secretária de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco e vice-governadora do estado.

Na solenidade da sua posse, Luciana ressaltou o papel da ciência, tecnologia e inovação para a solução dos problemas nacionais e para a redução das desigualdades. “Temos de fato uma longa jornada pela frente, mas se os desafios são imensos, as perspectivas são maiores ainda. Vou usar essa motivação e experiência na gestão pública para fazer valer o fato histórico de ser a primeira mulher ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil”, ela disse na ocasião.

 

Mulheres e meninas cientistas no DF

Professora Ana Carolina de Castro

 

A professora e pesquisadora Ana Carolina Castro, mestra e doutoranda em Linguística pela UnB, acredita que haver referências de mulheres que ocupam esses espaços é muito importante para incentivar as meninas a enveredarem pela ciência como carreira: “Não é fácil, porque enfrentamos uma invisibilidade histórica das mulheres na ciência, mas nossa contribuição é fundamental tanto para nos mostrarmos para o mundo quanto para simplificar para a sociedade aquilo que é complexo”, considera ela.

Ana, que é professora efetiva da rede pública, conta que sempre foi curiosa e apaixonada pelos estudos, característica que a levou a construir uma carreira como pesquisadora. “Para as mulheres, perseguir seus sonhos é importante para corrigir aquela invisibilidade histórica e para firmar nossa presença como sujeitas que podem e devem contribuir com competência técnica na área que escolheram”, aponta.

A jovem Gabriely de Souza Santos, que tem o nome artístico de K7, foi uma das vencedoras do 4ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, oferecido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ela foi premiada pelo projeto “Biodiversidade, ciência e juventude negritude, política e protagonismo juvenil”, que desenvolveu como estudante do Centro de Ensino Médio Elefante Branco. Hoje, K7 é caloura de Artes Cênicas na UnB.

Professor de K7 no Elefante Branco, Marcelo D’Lucas se orgulha da conquista da estudante: “Ela sempre foi disponível para aprender, trocar conhecimento e correr atrás de tudo o que foi necessário para concretizar com êxito suas produções, com muita empatia e senso de coletividade”, disse ele ao Sinpro na ocasião da divulgação do prêmio.

Mônica Caldeira, diretora da Secretaria de Mulheres do Sinpro

 

“Lugar de mulher é onde ela quiser! Por isso reivindicamos políticas públicas que garantam oportunidades para que elas se desenvolvam e realizem seus sonhos, sigam suas carreiras”, afirma Mônica Caldeira, diretora da Secretaria de Mulheres do Sinpro. “Ficamos muito felizes pelo prêmio da estudante Gabriely, porque quanto mais mulheres negras nas ciências e nas artes, certamente serão melhores as ciências e as artes”, conclui.

 

>> Leia mais: ESTUDANTE DO GDF VENCE PRÊMIO “CIÊNCIA E MULHER” DA SBPC 

 

Criado em 2019, o Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” é uma homenagem da SBPC às cientistas brasileiras destacadas e às futuras cientistas brasileiras de notório talento. Carolina foi psicóloga, professora e pesquisadora na área de Psicologia Experimental. Foi a primeira mulher a presidir a SBPC, o que aconteceu entre os anos de 1986 e 1989, e também foi presidenta de entidades como a ABP (Associação Brasileira de Psicologia), a ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia) e a SBP (Sociedade Brasileira de Psicologia).

 

Vem aí o 8 de março

A preparação das ações do Dia Internacional da Mulher estão a todo vapor no Distrito Federal. Movimentos de mulheres, secretarias de mulheres de diversas entidades sindicais e organizações não-governamentais têm se reunido para planejar as atividades do 8 de março de 2023.

A diretora do Sinpro Mônica Caldeira destaca que será um momento importante de denunciar a violência, os feminicídios, a desigualdade no mercado de trabalho; e também, de mostrar a força da presença das mulheres em todos os espaços. “Como todos os anos, estaremos juntas nas ruas: mulheres negras, brancas, indígenas, cis, trans, jovens, idosas, de todas as orientações sexuais. Juntas para, com nossa força, construir o caminho para um mundo de igualdade”, diz ela.