GDF ignora aumento de contaminação pela Covid e mantém aulas presenciais

Os dados da própria Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal (SES-DF) indicam que, na manhã desta terça-feira (8), a capital do País está com 100% das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) lotadas. Segundo levantamento do DF TV, na manhã desta terça, havia mais de 40 pessoas com Covid-19 aguardando, na fila, por um leito de UTI. Os números, mesmo subnotificados, mostram que as taxas de contaminação continuam crescendo. Na sexta-feira (4/2), era de 1.19. Nesta terça, subiu para 1.26. O Distrito Federal registra, desde janeiro, sucessivos recordes de contaminação pela doença.

 

Apesar de tudo isso, segundo o DF TV, o governador Ibaneis Rocha (MDB) declarou à imprensa, também na manhã desta terça (8), que não editará novos decretos com novas medidas sanitárias para impedir a tragédia que já vitimou mais de 11 mil brasilienses e mais de 640 mil brasileiros em apenas 2 anos. Ele mantém o entendimento do governo Bolsonaro de negar a pandemia e insiste nas atividades presenciais nas escolas sem a mínima condição sanitária.

 

O resultado dessa decisão todo mundo já sabe qual será: centenas de milhares de mortes evitáveis por Covid-19. Com os dados atualizados desta terça, a cidade já soma 11.230 óbitos pela doença. Uma alta de 300%. Nas redes de saúde pública e privada, as pessoas não conseguem atendimento. A UPA de Vicente Pires, por exemplo, recém-inaugurada, registrou superlotação na noite de segunda-feira (7) e muita desistência de atendimento.

 

Mesmo diante dessa situação de caos completo, Ibaneis prossegue com o calendário escolar que prevê início das aulas presenciais para a próxima semana. Numa atitude genocida, o Governo do Distrito Federal (GDF) continua sem receber o Sinpro-DF e, com isso, sem dialogar com a categoria. Ignora o fato de, nesta última semana, o Brasil ter iniciado a já conhecida trajetória de aumento de contaminações e mortes pela doença. Confira na matéria “GDF não dialoga com o Sinpro e compromete retomada das aulas”   https://www.sinprodf.org.br/gdf-nao-dialoga-com-sinpro-e-compromete-retomada-das-aulas/

 


O País atravessa a terceira onda da pandemia que pode se estender por meses, como aconteceu em 2020 e em 2021. Só na semana passada, o Brasil registrou mais de 1,2 milhão de infecções por Covid-19, segundo dados da imprensa. Trata-se da segunda semana epidemiológica com mais casos desde o início da pandemia: foram 1.258.651 infecções entre os dias 30 de janeiro e 5 de fevereiro.

 

Nesse domingo (6), foram registrados, sempre com números subnotificados, 59.737 novos casos de Covid-19 em 24 horas, segundo os dados  do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).  Em matéria divulgada no site, nessa segunda (7), o Sinpro-DF mostrou que, “na noite de domingo, 6 de fevereiro, o DF atingiu, mais uma vez, o triste índice de 100% de ocupação de leitos de UTI destinados a pacientes adultos de Covid-19. O número de novos casos diários tem batido recordes e, nos últimos dias, o índice de transmissibilidade da doença na capital federal está em 1,20, o que representa que 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 120, indicando pandemia em aceleração”.

 

Segundo a matéria do sindicato, “a vacinação de crianças, boicotada pelo governo  federal, começou tardiamente, e ainda não alcançou um número seguro. Até sexta-feira, 04, 81 mil crianças haviam sido vacinadas em primeira dose. No DF, há 268 mil crianças entre 5 e 11 anos, segundo a secretaria”. Confira a matéria “Retorno às escolas acontece em meio a dados alarmantes na saúde e falta de diálogo da SEE

 

O tema da volta às aulas presenciais se tornou tão problemático neste período de pandemia que voltou a ser debatido no TV Sinpro, na edição de 3 de fevereiro, e o problema da vacinação também. Não há uma campanha em favor da vacinação e, ao contrário, o governo federal continua com a gestão genocida, aproveitando a pandemia para cometer, sem punição, crimes de lesa-humanidade contra o povo brasileiro e desvios exorbitantes de dinheiro público da saúde. Os absurdos são veiculados como coisas naturais e os brasileiros, morrendo às centenas de milhares por Covid-19, perdem a capacidade de se indignar e de lutar contra essa situação.


Em outra matéria publicada no site, o sindicato mostrou como o passaporte da vacina na volta às aulas tem sido encaminhado pela Justiça: “É necessário que o GDF tome providência quanto ao número de crianças vacinadas dentro das escolas. Vacina é um direito, estabelecido inclusive no Estatuto da Criança e do Adolescente. Além disso, a vacina é também a única arma capaz de estabelecer, de fato, um ambiente mais seguro para quem frequenta as escolas”, avalia a Comissão de Negociação do Sinpro-DF. https://www.sinprodf.org.br/passaporte-da-vacina-volta-as-aulas/

 

O fato é que o número de casos já ultrapassou 4 milhões somente em 2022. Ao todo, são 4.245.491 infecções, superando todo o segundo semestre de 2021, que teve 3.730.380 casos. O Conass informou, na semana passada, que os estados notificaram 391 óbitos por coronavírus. Entre os dias 23 e 29 de janeiro, foram registrados 1.305.477 casos. Ao todo, o Brasil ultrapassa a marca das 640 mil mortes e 26.533.010 infecções pela doença. A média móvel de casos, que leva em consideração os últimos sete dias, está em 169.173. Já a média móvel de óbitos marca 764.

 

No Distrito Federal, apenas 30% das crianças foram vacinadas. No entendimento da diretoria colegiada do Sinpro, é um gesto criminoso manter o calendário presencial em fevereiro de 2022 nas escolas da rede pública de ensino. E observa que, se a falta de empatia do governo Bolsonaro contaminou o GDF, que tem ignorado a letalidade da pandemia e não atende o sindicato para negociar um novo retorno e organizar as aulas virtuais, é preciso que a categoria fortaleça a luta contra o genocídio e pelo direito à vida.