“Fora Bolsonaro Racista” é mote do ato pelo impeachment do presidente, dia 20

No próximo dia 20 de novembro, o povo voltará às ruas de todo o Brasil para mais um ato pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Realizado no Dia da Consciência Negra, a ação tem como palavra de ordem “Fora Bolsonaro Racista”, e unificará as lutas contra o racismo estrutural no Brasil e as pautas urgentes da classe trabalhadora, como o fim da miséria e da fome, por geração de emprego e renda e contra a política econômica do ex-capitão do Exército. No DF, a concentração do ato está agendada para as 15h, no Museu da República.

“Nós somos o alvo do genocídio, da discriminação racial, da violência, do desemprego, da fome. E também somos nós os principais responsáveis pela geração de riqueza desse país. Sabemos que a discriminação contra negras e negros é histórica, mas vínhamos avançando antes do golpe de 2016. Com Bolsonaro, voltamos a ser o alvo prioritário de todos os ataques. Entretanto, o legado do povo preto é o da resistência, e assim seguiremos, dizendo Fora Bolsonaro Racista”, afirma a dirigente do Sinpro-DF Márcia Gilda.

Vários foram os pronunciamentos de cunho racista proferidos por Bolsonaro durante sua jornada política. Em 2011, no extinto programa CQC, Bolsonaro foi questionado pela cantora Preta Gil sobre o que faria se um de seus filhos se apaixonasse por uma mulher negra. “Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu”, respondeu o então deputado federal, que também disse que se recusava a viajar em um avião pilotado por um cotista.

Em 2017, durante palestra no Rio de Janeiro, Bolsonaro contou ao público presente: “Fui num quilombo em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava 7 arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”.

Nem os apoiadores de Bolsonaro escapam dos ataques racistas. Em julho deste ano, o agora presidente da República encontrou um de seus apoiadores na saída do Palácio da Alvorada e disparou: “Como está a criação de barata ai? Olha o criador de barata aqui”, disse sorrindo ao homem com cabelo “black power”.

Entretanto, a postura racista de Bolsonaro vai muito além de suas falas inomináveis. É na execução de sua política que negros e negras têm seus direitos, dignidade e a própria vida violados.

“A precarização do trabalho e o desemprego, por exemplo, jogaram a esmagadora maioria de negras e negros em uma situação extremamente fragilizada. Sobrevivendo de bicos e trabalhos precários, negras e negros arriscaram e arriscam suas vidas, obrigados a sair às ruas no auge da pandemia da covid-19 para poder garantir o seu sustento”, afirma a Convergência Negra, no texto “Por que o movimento negro grita ‘Fora Bolsonaro Racista’” neste dia da Consciência Negra?. O grupo, que reúne entidades nacionais e regionais do movimento negro brasileiro, é um dos coordenadores do ato Fora Bolsonaro do dia 20 de novembro.

Negro drama
No governo Bolsonaro, o ataque à educação também é pavimentado pelo racismo. Aliado ao movimento “Escola Sem Partido”, que impõe mordaça aos professores e às professoras, o governo defende o fim das cotas raciais para os programas de graduação e impõe desmontes que esvaziam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principal porta de acesso ao ensino superior no país, sobretudo para pessoas negras e em vulnerabilidade econômica.

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Negras e negros também foram as principais vítimas da pandemia da covid-19. Levantamento do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde da PUC-Rio mostra que enquanto 55% de negros morreram em consequência de complicações causadas pelo vírus, a proporção entre brancos foi de 38%.

O último Barômetro de Alerta sobre a Situação dos Direitos Humanos no Brasil, publicado em janeiro deste ano, mostra em números como a política aplicada por Jair Bolsonaro reflete na população Negra.

De acordo com o documento idealizado pela Coalizão Solidariedade Brasil – que reúne 18 organizações internacionais de solidariedade atuando em defesa da democracia, dos direitos humanos e do meio ambiente –, cerca de 79% das pessoas mortas em 2019 durante as intervenções policiais são negras. “Da mesma forma, a polícia mata 2,8 vezes mais negros do que brancos. Por fim, 65% dos policiais assassinados são negros (embora representem apenas 44,9% da força de trabalho”, mostra o documento.

O Barômetro de Alerta também mostra que em 2019, 66,6% das vítimas de feminicídio são negras. E no primeiro semestre de 2020, foram registrados 648 feminicídios, um aumento de 1,9% em comparação com o mesmo período de 2019.

Ainda segundo o levantamento, “a taxa de desemprego aumentou em 33% entre maio e setembro de 2020. As análises revelam que são as pessoas com renda mais precária, os jovens, as mulheres e os negros, que foram os mais afetados por estas perdas de emprego”.