Cresce a presença de negros e mulheres nas chefias
A presença de negros e mulheres nas grandes companhias brasileiras aumentou nos últimos anos, mas a desigualdade ainda persiste. A presença de negros no quadro de funcionários de grandes companhias brasileiras aumentou nos últimos anos, mas a desigualdade em relação a profissionais brancos persiste, principalmente em cargos de direção e gerência. Essa é uma das principais constatações da pesquisa “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas e suas Ações Afirmativas – 2010″, que será divulgada hoje pelo Instituto Ethos e pelo Ibope.
O estudo, que contabilizou respostas de mais de 620 mil empregados de 109 empresas – a maioria registra faturamento anual entre R$ 1 bilhão e R$ 3 bilhões -, mostra que a proporção de negros no quadro funcional dessas companhias cresceu de 25, 1% para 31, 1% entre 2007 e 2010, enquanto a presença de funcionários brancos passou de 73% para 67, 3% no período.
Em cargos de direção avanço foi de 50%: 5, 3% de negros estão no comando das empresas que responderam a pesquisa, diante de um índice de 3, 5% verificado há três anos. Os diretores brancos representam 93, 3% das posições de diretoria – em 2007, a marca era de 94%. Atualmente, a proporção de negros em cargos de gerência e supervisão é 13, 2% e 25, 6%, respectivamente.
Tendo em vista que 51% da população do país é composta por negros (pretos e pardos), Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, atribui a imensa desigualdade entre negros e brancos no universo corporativo a “uma forte questão cultural” arraigada na sociedade brasileira e à falta de políticas de diversidade nas empresas. “Existe uma certa acomodação, evita-se apostar no novo, criar políticas de diversidade. A presença da mulher negra em posições executivas é de 0, 5%, dado assustador.”
No quesito gênero, Abrahão destaca que as mulheres são sub-representadas. Segundo a pesquisa, a força de trabalho feminina em cargos diretivos aumentou de 11, 5% para 13, 8% de 2007 para 2010, mas caiu em relação ao quadro funcional geral (de 35% para 33, 1%). “As mulheres são mais bem preparadas que os homens, considerando que acumulam mais anos de estudos e melhores resultados no ensino universitário. Isso revela grande discrepância: se fizéssemos seleção às cegas, tapando o nome e o sexo, considerando apenas a qualidade, a maioria das contratações seria de mulheres”, avalia.
Em outra categoria, apenas 1, 5% do quadro de funcionários das empresas é composto por pessoas com algum tipo de deficiência física, o que representa queda em relação ao dado de 1, 9% de 2007. “As empresas precisam estabelecer metas, com números concretos. A ampliação da diversidade nas empresas é apostar nas diferenças positivas dos funcionários, na busca de melhores soluções para o negócio, na redução de riscos, além de contar com melhor identificação com a sociedade”, completa Abrahão.
O estudo do Ethos também apurou faixa etária, tempo de empresa, grau de escolaridade e a presença de aprendizes nas empresas.
Com informações do site da CNQ