Com oficina de escrita, projeto contempla 45 estudantes do Ensino Médio da rede pública

De 22 de março a 16 de abril, 45 estudantes das escolas públicas do Ensino Médio do Distrito Federal, moradores das cidades de Ceilândia, São Sebastião e Recanto das Emas, participam do projeto Cartas de amor nas Ruas Virtuais, que oferece aos(às)  jovens um espaço de protagonismo para pensar sobre as cidades e suas relações sociais. Trata-se de um projeto criado para estimular o protagonismo de estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal que propõe a escrita afetiva e a arte como forma de autorrepresentação. Durante 25 dias, os(as) estudantes participam de oficinas com arte-educadores e palestras, abertas ao público, com um grupo de pesquisadores, ativistas sociais, cineastas, atrizes e professores.

 

Durante o período de realização do projeto, eles vão participar de uma imersão de escrita afetiva de cartas com os orientadores de cena e arte-educadores Ana Flávia Garcia, Gabriel Guirá, Marília Cunha e Nadja Dulci. O projeto oferece também aulas abertas ao público com Gabriel Martins – diretor de cinema; Roberta Estrela D’Alva – atriz-MC, diretora, pesquisadora e slammer; e Rita Von Hunty – professora, atriz e apresentadora do programa de TV “Drag me as a queen” e do canal do Youtube “Tempero drag”. O projeto idealizado pela atriz e educadora Nadja Dulci é realizado com o fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.

 

Cartas de amor nas Ruas virtuais foi inicialmente pensado para ocorrer de forma presencial dentro das escolas, com uma apresentação final na Rodoviária do Plano Piloto. No entanto, devido à pandemia do COVID-19, será realizado de forma virtual, com transmissões ao vivo abertas ao público. “O que por um lado impediu o contato presencial com os alunos, por outro, permitiu ampliar o alcance para a comunidade por meio das plataformas digitais”, afirma a educadora Nadja Dulci. “Vivemos um momento muito delicado com a pandemia, de dor e de tantas perdas. Justamente por isso estamos realizando este projeto agora, porque é importante falar de amor e estimular os jovens a refletir, a dar uma resposta estética a este acontecimento único em nossas histórias”, complementa a idealizadora. 

 

O projeto realizado com os estudantes do Distrito Federal é um desdobramento da performance “Nós, Marílias”, criada em 2012 por Nadja Dulci. Inspirada pela obra “Marília de Dirceu”, de Tomás António Gonzaga, publicada em 1792, a artista Nadja Dulci lê há nove anos para pessoas desconhecidas, encontradas aleatoriamente nas ruas, cartas de amor escritas por pessoas de várias cidades e países.

 

Ao retomar a publicação do século XVIII, a artista reencontra o gênero literário da escrita epistolar que entrou em desuso e que por muito séculos foi o registro da presença dos indivíduos no mundo, com descrições de cenas urbanas e rurais, de situações sociais, angústias, saudades e de amor. “Acima de tudo, a carta é uma expressão do indivíduo, de como ele se relaciona com fatos, acontecimentos e a vida à sua volta”, explica Nadja.

 

Mostra Cartas de amor nas Ruas virtuais

O projeto estimula os alunos a escreverem cartas e a apresentá-las em vídeo. A produção dos 45 alunos será reunida e apresentada numa mostra, evento com transmissão ao vivo pelo YouTube e aberto a toda a comunidade no dia 16 de abril, sexta-feira, às 19h. As vídeo-cartas ficarão disponíveis no site www.cartasdeamornasruas.com.br bem como nas redes sociais do projeto. Todo o conteúdo audiovisual do projeto será reunido em um curta-metragem, produzido com a consultoria do cineasta André Novaes Oliveira, vencedor de importantes prêmios como a Menção Especial do Júri na 45ª Quinzaine des Réalisateurs, Festival de Cannes, pelo curta “Pouco mais de um mês” e Melhor Filme na 51ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro pelo longa “Temporada”, em 2018.

 

As oficinas

Os estudantes que participam do projeto são convidados a refletir sobre a cidade e seu direito à ocupação por meio da observação crítica de seu espaço de vivência. Divididos em três grupos formados por 15 estudantes cada, as oficinas são ministradas pelos arte-educadores e orientadores de cena Ana Flávia Garcia, Gabriel Guirá, Marília Cunha e Nadja Dulci. Das oficinas, participam somente os estudantes previamente inscritos.

 

As aulas abertas

Como forma de ampliar a discussão sobre a escrita afetiva, o amor nos tempos atuais, pertencimento e territorialidade virtual e analógica, o projeto Cartas de amor nas Ruas virtuais apresenta pela primeira vez para o público de Brasília a professora, apresentadora e persona drag Rita von Hunty; a pesquisadora, cientista social, diretora e membro fundadora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e do coletivo transdisciplinar Frente 3 de Fevereiro Roberta Estrela D’Alva para palestras abertas à comunidade; e o cineasta sócio fundador da produtora Filmes de Plástico cujos filmes já foram selecionados para mais de 200 festivais de cinema no Brasil e no mundo, Gabriel Martins. Transmitidas pelo YouTube do projeto, o público pode interagir com as/o convidadas/o enviando perguntas ao vivo.

 

“São figuras públicas que já trabalham a questão da escrita, têm forte atuação em comunidades, Rita é professora e fala com jovens. É divertida e crítica. Ela fala do fazer político e da importância do ser político no mundo”, afirma Nadja. “Roberta é uma mulher do teatro e criadora do teatro hip-hop, articula ideias sobre a escrita, a cidade, o protagonismo jovem e urbano, a cultura da periferia e as potências que essas interferências estéticas podem produzir”, ressalta. “Gabriel é um premiado cineasta radicado em Contagem, na Grande Belo Horizonte, com trabalhos presentes nos principais festivais de cinema do Brasil e do mundo. Tem muita coisa boa para trocar sobre a criação audiovisual”, completa a idealizadora do projeto.

 

No dia 25 de março, quinta-feira, às 19h, Gabriel Martins abre a programação com a aula aberta “Caminhos do audiovisual”. Como transformar uma carta de amor em um vídeo, linguagem tão explorada no universo das redes sociais hoje? No encontro, o cineasta falará sobre a transformação de palavras em imagens, um dos principais desafios de quem faz um filme.

 

No dia 1º de abril, quinta-feira, às 19h, Roberta Estrela D’Alva realiza a aula aberta “Teatro Hip-Hop: depoimento e autorrepresentação”. Como reconhecer elementos da própria história como potência para a transformação do universo em que habitamos? E como transformar-se em discurso artístico? A conversa com Roberta toma por base seu trabalho no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, coletivo que há 20 anos realiza pesquisa sobre a linguagem do diálogo entre a cultura hip-hop e o teatro épico. Serão tratados temas como a narratividade, autorrepresentação como discurso artístico e o depoimento como concepção do mundo. 

 

No dia 8 de abril, quinta-feira, às 19h, a professora de política drag queen Rita von Hunty aborda o tema “O amor como ato político”. Por que amamos? Ainda é / há tempo de falar de amor? Nesse encontro, Rita levanta questionamentos e provocações a respeito do amor nos tempos atuais. Nessa última aula aberta, Rita finaliza o ciclo de encontros inspiradores tanto com a comunidade geral, quanto com alunos das escolas públicas do DF.

 

A Mostra Cartas de amor nas Ruas virtuais

As vídeo-cartas de amor criadas pelos 45 estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal estreiam nas ruas virtuais na noite do dia 16 de abril, às 19h, em um evento aberto ao público com transmissão ao vivo pelo YouTube no canal do projeto. A mostra encerra o projeto e marca um momento de troca de experiências e aprendizados entre jovens de diferentes regiões do Distrito Federal. É nessa condição que eles assumem seu protagonismo social como remetentes/criadores e fazem ecoar suas vozes, seus sentires e suas histórias. 

 

Sobre a idealizadora

Candanga de coração, Nadja Dulci nasceu no interior de Minas Gerais. Atriz premiada, atua em teatro e cinema, cria performances, apresenta e produz programas para o rádio e dá aulas de arte. Atualmente, integra os coletivos Grupo Residência – Teatro e Audiovisual (MG-DF) e Cia. Rainha de Copas (DF), que em breve realizará o 1º Festival de Teatro e Arte-educação para a Infância do DF.  Como educadora, atuou em escolas públicas e privadas, da educação infantil à pós-graduação e em projetos de ensino não formal, voltados para idosos, mulheres, jovens em restrição de liberdade e comunidades rurais. Com a performance “Nós, Marílias”, se apresentou em 15 festivais e ocupações artísticas de artes cênicas pelo Brasil, foi objeto de pesquisa em doutorado na Universidade de Brasília e de mestrado na Universidade de Edimburgo, na Escócia, além de ser personagem no livro “O colecionador de histórias”, de Luís Humberto França, e do curta-metragem “Intervenções Urbanas”, de Lorena Figueiredo.

 

Sobre os arte-educadores

Ana Flávia Garcia é artista cênica, jogadora/criadora/criatura em palhaçaria, atuação, direção, encenação, dramaturgia e produção. Corpo trânsito em fisioperformance, militante em arte-educação, pesquisadora e desenvolvedora de projetos, ações, mediações e metodologias na tríade arte, política e filosofia com olhos feministas. Atriz e dramaturga premiada, atua há mais de 25 anos na cultura do Distrito Federal, já tendo realizado trabalhos em cidades de todas as regiões do Brasil. Atualmente integra o Duo Brinquedo e o Cabaré das Rachas.

 

Gabriel Guirá é artista visual, cênico e literário de Sobradinho. Atua há mais de dez anos na cena cultural do DF, já tendo trabalhado com dezenas de grupos e artistas, recebido prêmios em poesia, dramaturgia e artes gráficas, e circulado suas obras em escolas, museus e festivais dentro e fora do Brasil. Com uma pesquisa contínua nos campos da infância e da imaginação material, seu trabalho é caracterizado pela interseção das linguagens e por uma expressão poética. Atualmente integra os coletivos Morada, Abrindo a Sala e Duo Brinquedo.

 

Marilia Cunha é uma artista da cena nascida em Salvador. Na Bahia trabalhou durante dez anos na Companhia de Teatro da Casa Via Magia, mudando-se em 2000 para a Itália, onde trabalhou por 11 anos em espetáculos de circo-teatro e óperas líricas. Desde 2013 vive no Distrito Federal, onde funda o Espaço de Criação Casa Amarela, cursa Licenciatura em Dança no Instituto Federal de Brasília e integra a Cia Rainha de Copas e o Coletivo Morada. Arte-educadora, recentemente se formou como educadora griô, e em breve realizará o 1º Festival de Teatro e Arte-educação para a Infância do DF.

 

Sobre as palestrantes das aulas abertas

Gabriel Martins nasceu em Belo Horizonte (MG), está radicado na periferia de Contagem, graduou-se na Escola Livre de Cinema/BH e em Comunicação Social com Habilitação em Cinema e Vídeo, em 2010, no Centro Universitário UNA. É sócio fundador da produtora Filmes de Plástico, junto a André Novais Oliveira, Maurílio Martins e Thiago Macêdo Correia. Juntos seus filmes já foram selecionados em mais de 200 festivais no Brasil e no mundo como a Quinzena dos Realizadores em Cannes, Festival de Cinema de Locarno, Festival de Rotterdam e ganharam prêmios como a Menção Especial do Júri na Quinzena dos Realizadores em Cannes e Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Dentre os seus principais trabalhos como diretor estão os curtas “Rapsódia para o Homem Negro”, “NADA” e o longa-metragem “No Coração do Mundo” (codirigido por Maurilio Martins) e que teve sua estreia no festival Internacional de Rotterdam.

 

Roberta Estrela D’Alva é atriz-MC, diretora, pesquisadora e slammer. Membro fundadora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e do coletivo transdisciplinar Frente 3 de Fevereiro. Bacharel em artes cênicas pela ECA-USP e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP. É idealizadora e slammaster do ZAP! Zona autônoma da Palavra, primeiro “poetry slam” (campeonato de poesia) brasileiro e curadora do Rio Poetry Slam-FLUP, primeiro poetry slam internacional da América Latina. Em novembro de 2014 foi publicado seu primeiro livro “Teatro Hip-Hop- a performance poética do ator-MC” pela editora Perspectiva. De 2016 a 2018 foi apresentadora do programa Manos e Minas, TV Cultura SP e afiliadas. Juntamente com Tatiana Lohmman dirigiu o documentário “SLAM- Voz de Levante” (2018).

Rita von Hunty é a persona drag de Guilherme Terreri, ator formado pela UNIRIO e professor de língua e literatura inglesa formado pela USP. Hoje atua no cinema e no teatro, apresenta um programa de TV (Drag Me As A Queen) e um canal no Youtube com 650 mil inscritos (Tempero Drag), além de oferecer palestras, cursos e formações que discutem, através dos Estudos de Cultura, temas centrais de nossas vidas em sociedade.

 

Serviço:

Cartas de Amor nas Ruas virtuais

Oficina virtual de escrita afetiva com arte-educadores e orientadores de cena para alunos da rede pública

Produção de vídeo-cartas de amor

Quando | De 22 de março a 16 de abril

 

Arte-educadores e diretores de cena| Ana Flávia Garcia, Gabriel Guirá, Marília Cunha e Nadja Dulci

Site | www.cartasdeamornasruas.com.br

YouTube | Instagram | Facebook | @cartasdeamornasruas

 

Mostra Cartas de amor nas Ruas virtuais

Apresentação final do projeto com leitura ao vivo das cartas.

Quando | 16 de abril, às 19h

Onde | Youtube @cartasdeamornasruas

Aberto ao público

 

Aulas abertas ao público e gratuitas:

Aula 1 

Tema | Caminhos do audiovisual

Por | Gabriel Martins

Quando | 25 de março, quinta-feira, às 19h

Onde | Youtube @cartasdeamornasruas

 

Aula 2

Tema | Teatro Hip-Hop: depoimento e autorrepresentação

Por | Roberta Estrela D’Alva

Quando | 1º de abril, quinta-feira, às 19h

Onde | Youtube @cartasdeamornasruas

 

Aula 3

Tema | O amor como ato político

Por | Rita von Hunty

Quando | 8 de abril, quinta-feira, às 19h

Onde | Youtube @cartasdeamornasruas

 

Informações para a imprensa:

Agenda KB Comunicação

Contato: Luiz Alberto Osório

E-mail: luiz.alberto@agendakb.com.br

Telefones: (61) 98116-4833

 

 

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