CEI 01 de São Sebastião é bicampeão no Prêmio Educar de educação antirracista

O Projeto de Valorização das Culturas Afro-brasileira e Indígena desenvolvido pelo Centro de Ensino Infantil (Centrinho) de São Sebastião garantiu pela segunda vez à escola o Prêmio Educar, para projetos de educação Antirracista. A premiação ocorreu na última semana de setembro, em São Paulo.

Ao todo, o 9º Prêmio Educar para a Equidade Racial e de Gênero – que aconteceu durante o 3° Encontro Diálogos antirracistas: Educação, Democracia e Equidade, realizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), em São Paulo – contou com 524 inscrições de todo o País.

 

Rede Pública do DF leva dois prêmios

O CEI 01 de São Sebastião já havia sido premiado em 2022 com o projeto Festival de Valorização das Culturas Afro, Brasileira e Indígena, após inscrição da coordenadora da escola, Francinéia Alves da Silva.  Dois anos depois, Francinéia tornou-se articuladora da Região Centro-Oeste na divulgação das ações do CEERT.

A informação sobre o Prêmio Educar foi publicada no site do Sinpro em fevereiro deste ano. Thiago Paz, diretor da Escola Classe 18 do Gama, viu a reportagem e inscreveu o projeto Movimento de Educação Transformadora e Antirracista no Prêmio Educar, na categoria Ensino Fundamental Anos Iniciais. O projeto da EC 18 do Gama também foi premiado, tornando as escolas da rede pública as únicas premiadas do DF no Prêmio Educar.

Luana (EC 18), Cleyde e Francinéia (CEI 01) e Thiago (EC 18), os laureados do DF no Prêmio Educar

“Comemoramos com toda a comunidade o trabalho de excelência e qualidade que vem sendo desenvolvido na escola como um todo, mas principalmente com o Projeto de Valorização das Culturas Afro-brasileira e Indígena, que foi construído com a colaboração de todos os professores e funcionários. É um prêmio que representa o coletivo. É um prêmio de toda a escola”, orgulha-se a diretora do Centro de Ensino Infantil 01 de São Sebastião, Cleyde Sousa.

 

Educação Antirracista o ano inteiro

Conta a diretora que no Centrinho, o trabalho de Educação para as relações étnico-raciais teve início em 2013. Nasceu da observação de situações de preconceito a partir de comentários das crianças e também da necessidade de implementação da legislação  10.639/2003 e 11.645/2008 [que incluíram no currículo oficial das redes de ensino a História e Cultura Afrobrasileira e História e Cultura Indígena, respectivamente].

Cleyde conta que o corpo docente da escola iniciou, então, o trabalho de levar a história, cultura e arte do continente Africano e dos povos originários, e demonstrar suas contribuições para a constituição do povo brasileiro. “Buscamos valorizar o que temos de belo e positivo, mas também trazendo reflexões para aceitar a existência de um país racista, preconceituoso e desigual que precisa de mudanças. Mesmo com crianças tão pequenas é importante iniciar uma educação antirracista, levar novos saberes e uma cultura de respeito, paz, justiça e de valorização da nossa história.

“Investimos também na formação dos professores e equipe de trabalho tendo em vista que a nossa formação de base (pedagogia) nem sempre tivemos essa oportunidade de reflexão”, aponta a gestora.

Cleyde explica que a educação antirracista está nos pequenos detalhes do dia a dia: “com crianças pequenas, de 4 a 6 anos, utilizamos como recursos histórias principalmente do acervo antirracista, brinquedos específicos, e também lápis e giz de cera que contemplem diferentes tons de pele, músicas, filmes, desenhos, instrumentos musicais, oficinas diversas, pinturas indígenas nos alunos, dia de trançar os cabelos, degustação culinária típica, teatro, pesquisa, rodas de conversas e as próprias situações ocorridas diariamente nas relações entre os pares.” Desse trabalho cotidiano vão surgindo produções artísticas e musicais que culminam em um Festival onde as crianças fazem suas apresentações para as famílias e para a comunidade.

O centrinho recebeu, em vários anos, diversos grupos para conversar e se apresentar para as crianças: grupos de capoeira, Pé de Cerrado, Indígenas Fulni-ô e de outras etnias, Martinha do Coco, Batunkenjé, Ludocriarte, dançarina Leticia, artista Carli Ayô, grupo de Carimbó do Chicão, Boi de Seu Teodoro e muitos outros. Essas atrações levaram às crianças cultura, arte e conhecimento de forma lúdica, dinâmica e participativa. É conhecer para respeitar.

 

Prêmio Educar

O Prêmio Educar foi criado em 2002 pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), e tem como objetivo identificar, difundir, reconhecer e apoiar práticas pedagógicas e de gestão escolar vinculadas à temática étnico-racial, de combate ao racismo e de valorização da diversidade étnico-racial.

As inscrições são abertas no mês de fevereiro. Podem se inscrever docentes e gestores(as) de escolas públicas ou particulares de qualquer categoria e modalidade do ensino básico, incluindo Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Quilombola, Indígena, Profissional e Tecnológica, Especial e a Distância.

O Prêmio Educar está dividido em duas categorias: Práticas Docentes e Escola. A categoria prática docente, destinada a professores e professoras, se divide em práticas pedagógicas e práticas pedagógicas projetadas; a categoria Escola tem apenas uma modalidade: Gestão com Equidade Antirracista.

Cada categoria conta com 16 finalistas, dos quais 8 serão premiados, sendo 2 de Educação Infantil, 2 de Ensino Fundamental Iniciais, 2 Ensino Fundamental Finais e 2 Ensino Médio. A premiação ocorre no segundo semestre.

Os(as) professores(as) premiados(as) passam a fazer parte de uma rede de educadores. Os 32 trabalhos selecionados (16 de cada categoria) podem ser publicados em um Livro/Catálogo (virtual), os quais serão descritos e indicados como exemplos de práticas educacionais bem-sucedidas.