CED 07 de Ceilândia consegue reverter junção de turmas de EJA

Numa conjuntura de tantos ataques à Educação e em pleno centenário de Paulo Freire, mais uma escola precisou reagir em defesa de suas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). No início de setembro, o CED 07 de Ceilândia recebeu, da coordenação regional, ordem para junção das turmas de EJA do quinto e do sexto ano. O primeiro segmento já havia sido fechado.

Insatisfeito por receber a determinação sem nenhum diálogo com a escola, o grupo de professores e professoras decidiu convocar, ele mesmo, um debate sobre a situação. O Sinpro foi acionado e participou do processo.

 

Na reunião, os professores chamaram atenção para o fato de a realidade dos cursos de EJA ser bastante diferente das demais modalidades, oferecidas no turno diurno. Portanto, a forma de se relacionar com ela deve ser diferente. “Temos sempre que lembrar que aquele estudante evadiu, em algum momento, do ensino regular”, aponta a diretora da escola, Adriana Rabelo. “Os motivos que levam à desistência dos alunos podem ser muitos: outras prioridades em meio à pandemia, falta de segurança no trajeto até a escola, dificuldades na aprendizagem”, destaca Adriana.

Assim como em outros casos nos quais a Secretaria de Educação aponta ausência ou baixa demanda, a comunidade sabe que a demanda existe, mas ela não está sendo contemplada na forma como deveria. A busca ativa de estudantes é parte fundamental da EJA, e nunca deve ser subestimada ou deixada de lado. “O papel do governo é ir além da garantia da educação, ele deveria promover e incentivar a educação, especialmente da população mais vulnerável”, considera o professor de filosofia Danilo Ap. Mendes de Lorenzo, delegado sindical da escola. “Entretanto, o que observamos é uma política de destruição, que se aproveitou da pandemia para tentar fechar turmas”, observa ele.

Gestão democrática

Quase todos os professores da EJA na escola participaram do debate com a regional e o Sinpro. Além do Sinpro, representado pela diretora Mônica Caldeira, que acompanha o CED 07, e do coordenador regional, estiveram presentes a Uniplat (Unidade Regional de Planejamento Educacional e Tecnologia da Educação) e a Unieb (Unidade Regional de Educação Básica). A conclusão da conversa foi positiva: a regional deu mais tempo à escola para recolher matrículas, e as turmas serão mantidas separadamente.

A gestão democrática foi uma ferramenta fundamental para reverter a junção das turmas junto à regional. “Se não fosse a ação do grupo, ia ficar no ‘cumpra-se'”, ressalta a diretora Adriana. “É muito importante que haja um ambiente pautado na gestão democrática para que a categoria possa ter protagonismo nessa e outras definições”, afirma a diretora do Sinpro Mônica Caldeira.

Com apoio do Sinpro, um carro de som tem divulgado na região as vagas abertas para EJA no CED 07. A escola estendeu faixas também, e os professores e professoras têm feito o trabalho “de formiguinha” anunciando as vagas no boca-a-boca e através de vídeos nas redes sociais. “Não nos faltam alunos, falta incentivo para que eles procurem a escola”, lembra Danilo.

Para Mônica, o Plano Distrital de Educação (PDE) é um instrumento ao qual os professores e professoras podem e devem recorrer em defesa da Educação de Jovens, Adultos e Trabalhadores(as): “Cumprindo as estratégias e atingido as metas contidas no PDE, que foi uma construção nossa, a gente consegue manter a EJA com qualidade social”, diz ela. “Essas políticas estão sendo ameaçadas, e o Sinpro, junto com a categoria, reforça a luta para manter nossos direitos também em ações como a que ocorreu no CED 07”, conclui Mônica.

 
 

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