Ampliação do Novo Ensino Médio: uma ação inoportuna durante a pandemia

Desde o início do ano o governo Ibaneis Rocha (MDB) iniciou a implantação do chamado Novo Ensino Médio no Distrito Federal. Escolheu o Centro de Ensino Médio Integrado (Cemi), do Gama, uma das melhores escolas da rede pública do DF, para implantar, neste ano, a reforma do Ensino Médio tão contestado por todos os educadores e especialistas em educação do País e pelo Sinpro-DF.

O Cemi é uma das 12 escolas-piloto do DF em que foi iniciada a experiência que, avisamos de antemão, será malfadada. Mas, em março, com a chegada da pandemia do novo coronavírus e, posteriormente, com a recomposição do calendário escolar e a suspensão das aulas presenciais até o início das aulas remotas, o tema do Novo Ensino Médio também ficou engavetado, suspenso pelo próprio Governo do Distrito Federal (GDF).

Afinal, a prioridade é combater a pandemia que tem causado vários prejuízos em todos os setores, sobretudo no educacional, e aos mais de 470 mil estudantes da rede pública de ensino da capital do País. Um dos principais prejuízos é a exclusão educacional que envolve, hoje, mais de 120 mil estudantes, segundo levantamento do Sinpro-DF, realizado em maio deste ano.

O GDF iniciou as aulas remotas em julho, por meio da plataforma digital, um espaço remoto que deveria ser acessado por todos os estudantes. Não tomou as providências para liberar Internet e equipamentos de informática para estudantes carentes. O fato é que crianças e adolescentes que não têm acesso a nenhum equipamento de informática e muito menos à rede mundial de computadores estão fora da plataforma, recebendo os conteúdos impressos.

Diferentemente dos exemplos que viu nos países europeus, asiáticos e norte-americanos, o GDF não ofertou a esse segmento nenhum acesso às aulas virtuais. Não fez como a Alemanha, por exemplo, que entregou um tablete e a conexão de Internet a todos os estudantes sem nenhuma exceção para não excluir ninguém do direito à educação pública e gratuita.

Para piorar a situação da educação no DF, que já tem enfrentado todo tipo de ataque privatista e desqualificador do currículo escolar do governo privatista de Jair Bolsonaro, o governo Ibaneis decidiu ampliar a implantação do Novo Ensino Médio em plena pandemia.

Em vez de investir tempo e dinheiro públicos na elaboração de novas pública públicas de inclusão educacional, cumprir o Plano Distrital de Educação (PDE), correr contra o tempo para combater a pandemia, com medidas de isolamento social e outras que podem estancar o número absurdo de mortes que ocorrem por dia só por Covid-19, não!

Está ocupando a equipe de servidores públicos com a ampliação do chamado Novo Ensino Médio no DF, apesar das escolas fechadas e sem nenhuma possibilidade de reabertura no ano de 2020 por causa da completa falta de política pública de saúde para controlar a pandemia e do total descontrole do número de mortes por Covid-19 que ocorre todos os dias no DF e no Brasil.

O Sinpro-DF reafirma que, ao contrário do que apregoa o GDF e o governo Bolsonaro, o Novo Ensino Médio não propicia ao estudante uma educação que faça sentido. É justamente o contrário. O que o Novo Ensino Médio propõe não é aplicável à vida do estudante. Apenas o transforma em mão de obra barata para um mercado de trabalho cada vez mais concentrador de renda e escravocrata.

Para aplicar o Novo Ensino Médio, GDF e MEC atuam na desqualificação do atual modelo, dizendo que não passa de um “mero degrau burocrático a ser galgado por aqueles que pretendem chegar à universidade”. Essa frase, dita no site do GDF, ilustra bem o ditado popular que diz: “Quem desdenha quer comprar”. E querem comprar sim: querem transformar a educação em mercadoria das grandes corporações e os estudantes em mão de obra barata sem capacidade crítica.

A diretoria colegiada do Sinpro-DF não só é contra o Novo Ensino Médio como é, radicalmente, contrária à inoportuna e oportunista ampliação desse modelo condenável durante a pandemia do novo coronavírus. Para maiores esclarecimentos sobre o Novo Ensino Médio, clique nos links a seguir e confira as matérias:

Apontamentos acerca da ampliação do Novo Ensino Médio no DF em tempos de pandemia

Novo Ensino Médio não tem nada de novo

BNCC e reforma do ensino médio põem em curso projeto similar ao do MEC-USAID da ditadura militar