A vida é inegociável. Nessa quarta (03), escolas públicas param pela vida

No auge da ditadura militar, período em que o diálogo, o bom senso, o respeito e a democracia eram excluídas e proibidas da vivência dos(as) brasileiros(as), o autoritarismo mesclado à imposição eram marcas registradas de governos ditatoriais. Mesmo passando tanto tempo deste triste período da nossa história, o Governo do Distrito Federal traz de volta o clima de desrespeito.

Na tarde desta segunda-feira (01), o GDF anunciou que vai cortar o ponto do(a) professor e orientador(a) educacional que aderir à paralisação organizada pelo Sinpro. A categoria realiza uma paralisação nesta quarta-feira (03), com ato no Edifício Phenícia a partir de 9h, contra o retorno 100% presencial às escolas, que não tem as devidas condições sanitárias e estruturais para receber todos(as) os(as) estudantes da rede pública. A paralisação é um protesto contra a intransigência e a falta de diálogo do governo que decide, de forma unilateral, colocar milhares de pessoas juntas em um momento que se começa, tardiamente, a diminuir o índice de mortes e infectados pela Covid-19.

Ao anunciar uma medida administrativa prevista, o governo, na verdade, está se utilizando disto para tentar intimidar a categoria. É importante lembrar que esta categoria nunca recuou ou se omitiu da necessidade de luta, sempre teve o compromisso de reposição dos dias não trabalhados e dá o máximo de si diariamente para que a educação do DF aconteça, apesar das dificuldades desta pandemia. “Esta atitude é a reafirmação da posição autoritária e da ausência de diálogo do governo, que em nenhum momento chamou o sindicato para analisar o cenário ou encontrar, juntos, uma alternativa para o ensino público. Esperávamos, na verdade, o anúncio de uma data para reunirmos, como solicitado pelo sindicato”, salienta a diretora do Sinpro, Rosilene Corrêa.

 

Situação no DF ainda é grave

Ao invés de tomar medidas autoritárias e punir profissionais que sempre lutaram por uma educação pública de qualidade para o Distrito Federal, o governo deveria refletir na gravidade de uma pandemia que matou mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo e que, infelizmente, continua matando. As escolas são espaços de grande circulação de pessoas, a maioria delas sem as condições adequadas para garantir o distanciamento social e a boa ventilação das salas. Com uma quantidade tão grande de alunos(as) em um espaço reduzido, respeitar o distanciamento é praticamente impossível, assim como possibilitar uma boa ventilação dentro destas salas, muitas delas sem janelas adequadas. Este cenário, aliás, se transforma em um ambiente propício para a proliferação do vírus e, consequentemente, a contaminação e morte de mais pessoas.

Para se ter uma ideia, das 685 escolas da rede pública do DF, mais da metade atente a crianças menores de 12 anos não vacinadas e que sequer contam com previsão para sua imunização, uma vez que ainda não há vacina para elas. Em 390 escolas, 100% das crianças têm idade abaixo de 12 anos e não foram imunizadas. São estudantes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Só na Educação Infantil há mais de 48 mil crianças não vacinadas. Elas contam apenas com o distanciamento e o uso de máscara para se defenderem da Covid-19.

Internações de crianças com a doença até outubro de 2021 ultrapassa o total de 2020 no Brasil, e as mortes, até setembro deste ano, já superavam as do ano passado. Na capital federal, até o momento quase 516 mil pessoas foram infectadas com o novo Coronavírus e 10.877 mil morreram. Os números mostram que o vírus, infelizmente, ainda está circulando, com o agravante de um número cada vez maior de crianças e adolescentes infectados.

Segundo dados obtidos pelo monitoramento da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), a faixa etária de 0 a 19 anos representou 14% dos casos de Covid-19 em agosto no Distrito Federal. Esta é a maior proporção do grupo entre os contaminados por mês desde que o início da pandemia, em março de 2020, quando o percentual era de 3%. A informação ganha ainda mais relevância pelo fato da maioria dos estudantes estar nesta faixa etária.

Até o dia 20 de outubro, no grupo de adolescente de 18 e 19 anos, apenas 20,78% estava completamente vacinado. Já o percentual referente às crianças e adolescentes de 12 a 17 anos era de apenas 1,14%. Conforme documento do Comitê de Monitoramento, muitas das garantias oferecidas pelas secretarias de Educação e de Saúde não foram cumpridas quando do retorno híbrido, no início de agosto, e muitas escolas sequer foram abastecidas com os produtos de limpeza necessários, outras jamais foram adequadas para um cenário de pandemia, enquanto várias delas não contam com número suficiente de profissionais de limpeza. Este é o retrato da pandemia no DF, retrato este que a SEE parece não conhecer.

É pensando na vida de todos e todas e no bem estar dos(as) estudantes e da nossa categoria que o Sinpro reafirma que realizará, sim, uma paralisação pela vida, nessa quarta-feira (03), contra o retorno às aulas 100% presenciais. Como não poderia deixar de ser, contamos com uma categoria que nunca se amedrontou diante de nenhum tipo de autoritarismo e jamais deixou de fazer a luta. É com ela que faremos uma paralisação pela vida!

Lembramos a todos que tomem todos os cuidados que o momento exige. Os(as) participantes(as) deverão usar máscaras de proteção, garantir o distanciamento social e levar seu frasco de álcool em gel.

O Sinpro disponibilizará ônibus, mas a diretoria do sindicato pondera que essa não é a melhor alternativa de transporte neste momento. A quem puder, recomenda-se que venha no seu carro. A quem não puder, reitera-se a necessidade do uso de máscaras no interior do veículo, de manter as janelas abertas, e orienta-se que as pessoas evitem sentar-se uma ao lado da outra, procurando deixar cadeiras vagas.

 

Confira abaixo os locais de partida dos ônibus. O horário de saída será 8h.

 

PLANALTINA – CEE 01 Planaltina, próximo à rodoviária

SOBRADINHO – CEM 01 (ginásio)

PARANOÁ – Igreja Nossa Senhora dos Pobres (Praça Central)

SÃO SEBASTIÃO – CAIC UNESCO

GUARÁ – estacionamento do GG

NÚCLEO BANDEIRANTE – CEMUB (antigo CEMNB)

SANTA MARIA – C.E Especial (passando na EC 215)

GAMA – CEM 02

RECANTO DAS EMAS – Regional do Recanto: quadra 203

SAMAMBAIA – estacionamento da feira permanente da 202 (entre a feira e o prédio)

TAGUATINGA – Taguaparque (estacionamento ao lado da administração)

CEILÂNDIA – Estacionamento da agência do BRB do centro

BRAZLÂNDIA – Praça do Laço