A luta, ela não acaba

15 de outubro. Desde 1948 em Santa Catarina, e desde 1963 no resto do Brasil, é a data escolhida para se celebrar os professores e as professoras, pois foi nesse dia, em 1827, que D. Pedro instituiu o Ensino Elementar no Brasil. A data foi criada em Santa Catarina por proposta de Antonieta de Barros, a primeira mulher negra eleita deputada no Brasil.

Deputada e professora Antonieta de Barros

Antonieta era professora por formação, e também cronista e jornalista. Filha de uma ex-escravizada, ela teve papel fundamental na luta pela igualdade racial e pelos direitos das mulheres. Uma das principais bandeiras de seu mandato como deputada estadual foi a concessão de bolsas de estudo para alunos carentes. Antonieta nunca deixou de exercer o magistério. Ela dirigiu a escola que levava seu nome até morrer, em 1952.

Pelo perfil de Antonieta é possível imaginar todas as dificuldades que essa brava brasileira enfrentou na primeira metade do século passado. E, como diz nosso hino nacional, foi uma filha que não fugiu à luta – e que professor foge à luta?

Elencar o tanto de dificuldade, e de desafio, e de perrengue, que a gente encara quando escolhe (ou é escolhido?) ser professor pode até assustar.

Lutamos contra a reforma da previdência, que ainda não atingiu sua plenitude aqui no DF, mas pode destruir nossas aposentadorias; lutamos contra a emenda constitucional 95, a do teto de gastos, que limitou mais investimentos em saúde e educação, estamos há mais de seis anos sem reajustes – e ainda tem a PEC 32 que, se aprovada, vai uberizar de vez a nossa profissão.

Como se não bastasse toda essa luta, teve uma pandemia no meio do caminho. A gente cavou espaço no meio de tanta adversidade, de tanta dificuldade, de tanta incerteza e insegurança, e entregamos nosso trabalho. Fizemos rifa, imprimimos atividades, gravamos aulas, quintuplicamos nossa carga horária, tudo pelo aprendizado (e pela saúde, e pela alimentação, e pelo bem-estar) de nossos estudantes.

PL de Antonieta de Barros instituindo o dia do professor em 15 de outubro

Ainda assim, uma parcela da sociedade (que não entra numa sala de aula há um bom tempo) acredita que somos doutrinadores. Se eles soubessem o quanto a gente sofre em sala de aula pra convencer os alunos da importância de se fazer o dever de casa regularmente, não fariam críticas tão infundadas.

Então, professor(a), neste 15 de outubro, o SinproDF te parabeniza por tudo. Pelo empenho, pelo profissionalismo, pela dedicação, e, sobretudo, por nunca deixar de acreditar! Enfim, parabenizamos pela ousadia de ser professor. E convidamos a todos e todas para a live em homenagem a Paulo Freire, em comemoração ao 15 de outubro.

Dói pensar nisso, né? E dói ainda mais quando a gente vê, ao final do ano, uma turma formada, que conseguiu, aos trancos e barrancos aprender, e entender o conteúdo, e concluir mais uma etapa no caminho rumo à cidadania plena. Aí a dor dá lugar à felicidade, à satisfação e à esperança (aquelas coisas lindas que não pagam as nossas contas, mas a gente também curte).

Conseguimos chegar até aqui. Aos trancos e barrancos, mas vivos e razoavelmente inteiros. Bora voltar pra luta, porque ainda não acabou. 

Esperancemos sempre!

Confira a homenagem para o dia dos professores feita em painel de LED na EPIA Acesso ao Parkshopping

 
 

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