Teto de escola desaba

Professores(as) e funcionários técnico-administrativos do Centro de Ensino Fundamental 102 Norte (CEF 102 Norte), do Plano Piloto, levaram um grande susto na sexta-feira (23/2). Parte do teto da escola caiu e só não machucou ninguém porque o desabamento ocorreu dentro da secretaria e o entulho foi aparado pelos armários.
Na vistoria, após o acidente, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros interditaram várias áreas da escola, consideradas com risco de desabamento. Embora a Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal (SEEDF) já tenha iniciado, neste fim de semana, a substituição imediata da parte do telhado que caiu, as aulas serão prejudicadas durante toda esta semana em razão da interdição orientada pela Defesa Civil para preservar a segurança no local.
A manutenção do teto do prédio, que deveria ter sido realizada nas férias, será executada nesta semana. Com isso, os(as) estudantes ficarão prejudicados porque não terão aula normal em razão da interdição das várias áreas da escola, como a secretaria, o refeitório, a cantina e quatro salas de aula. No entendimento da diretoria colegiada do Sinpro-DF, esse  é mais um desabamento na rede pública de ensino do DF resultante da política de sucateamento dos equipamentos públicos e do não investimento dos recursos financeiros públicos nas áreas em que o Governo do Distrito Federal (GDF) têm obrigação de investir.
“Várias escolas da rede pública de ensino do DF nem sequer iniciaram o ano letivo de 2018 na data programada pelo GDF, no dia 15 de fevereiro. As aulas só começaram na semana passada por causa dos mais diversos tipos de emergências”, denuncia Cláudio Antunes, coordenador de Imprensa do Sinpro-DF.
Em maio de 2016, por exemplo, o teto desabou sobre os(as) estudantes, na Escola Classe 425 de Samambaia, causando pânico na escola e o protesto da comunidade escolar. Em outubro de 2016, novamente, mais um acidente. Teto da Escola Classe 59, em Ceilândia, desabou sobre os(as) estudantes durante a aula. Por sorte ninguém se feriu.  Para a diretoria, esses e outros desabamentos em escolas são consequência da má gestão do dinheiro público.
“No caso da Educação, várias escolas estão com dificuldades para iniciar o ano letivo de 2018 por causa de problemas em sua estrutura física e em outros setores importantes que asseguram o exercício do magistério e seu funcionamento com segurança”, afirma.
O Sinpro-DF tem denunciado, frequentemente, problemas semelhantes. O sindicato tem apontado vários tipos de dificuldades que têm impedido as escolas de iniciarem o ano letivo, e todas decorrentes da falta de investimento público.
O governo não tem reformado as unidades escolares com problemas na estrutura. Há escolas em que a obra de recuperação começou no segundo semestre de 2014 e o governo Rollemberg não terminou.
É o caso do CEF 01, da Vila Planalto. Os(as) estudantes da Vila Planalto deixaram de ter uma escola própria perto de casa e vivem numa espécie de peregrinação em outras escolas do Plano Piloto, convivendo há anos com uma situação de improvisação.
Além de não realizar a manutenção, não construiu novas escolas no DF, embora o público estudantil da rede pública tenha aumentado significativamente nos últimos 2 anos. Além das novas matrículas e das renovações de quem já está na rede, desde 2016, tem ocorrido uma intensa migração de estudantes das escolas privadas para as da rede pública.
A construção de novas escolas também visa a atender ao crescimento normal da demanda em virtude do crescimento natural das Regiões Administrativas, como é o caso das Regiões Administrativas (RA) do Paranoá e São Sebastião. No entanto, o governo Rollemberg ignorou essa realidade e, em várias escolas, optou por destruir e eliminar laboratórios, refeitórios e bibliotecas e transformar esses ambientes, instrumentos fundamentais e necessários para a formação dos(as) estudantes, em salas de aula.
É o caso do CED São Bartolomeu, em São Sebastião. Nessa escola, o governo Rollemberg eliminou o laboratório e o transformou em sala de aula para resolver o exorbitante e sensível aumento da demanda por novas escolas nessa RA.
“O CED São Bartolomeu, em São Sebastião, tem convivido com turmas superlotadas, um ambiente inapropriado para o aprendizado. Todas turmas de 8º e 9º Anos estão com uma média de 50 estudantes cada uma”, afirma o coordenador.
Para a diretoria, se ocorrer alguma tragédia, será uma tragédia anunciada porque desde o início do mandato do governador Rollemberg, o sindicato tem denunciado o sucateamento das unidades escolares e a precarização do serviço, bem como cobrado dele os repasses do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF).
“Todas as escolas da rede pública de ensino não têm recebido os recursos financeiros necessários para sua manutenção desde o início do mandato deste governo. Rollemberg também não tem feito os repasses regulares do PDAF. E é com esses recursos que as direções dão conta dos pequenos reparos, da manutenção mais rápida de estrutura física e de outros materiais necessários para atividades pedagógicas”, informa.
Ele diz também que, na avaliação da diretoria, situações como esta do CEF 102 Norte do Plano Piloto tem se repetido sistematicamente nesses últimos 3 anos. “E o pior é que o governo tenta resolver os problemas da Educação calando a população. Isso é ruim porque, além de ser uma prática antidemocrática, a censura pode ter o objetivo de mascarar situações graves em que tragédias podem acontecer”, observa o coordenador.
A diretoria colegiada acredita que “a Defesa Civil, que conhece a falta de manutenção nas escolas da rede pública de ensino do DF e o número de estudantes que frequentam essas escolas, deveria pôr em curso uma operação padrão de vistoria das condições de todas as 673 unidades escolares antes que uma tragédia ocorra já que todo mundo sabe que a SEEDF não tem feito a manutenção e não tem liberado as verbas no tempo correto para as escolas fazerem esse serviço”.
E orienta os(as) professores(as) que, em se percebendo qualquer perigo nas escolas, a Defesa Civil deve ser imediatamente acionada antes que uma tragédia ocorra com quem trabalha na escola e com a comunidade escolar que usufruiu dos serviços prestados.
Confira, a seguir, imagens do desabamento no CEF 102 Norte Plano Piloto e as matérias sobre desabamentos de teto em Ceilândia e Samambaia:
Forro desaba sobre estudante e comunidade cobra, do GDF, construção de nova escola
Teto de escola em Ceilândia cai durante aula
IMAGENS CEF 102 NORTE PLANO PILOTO:

Arquivo Sinpro-DF/Ecom

Arquivo Sinpro-DF/Ecom

Crédito: Site Metrópoles/DF