Rurais fazem ato na Terracap e cobram reforma agrária do GDF

Diversos militantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e da Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura do DF e Entorno (Fetadfe) realizaram um ato em frente à Terracap, próximo ao Palácio do Buriti, reivindicando urgência no andamento de processos de regularização de terra e reforma agrária no DF.
A atividade, que integrou o “Dia D” do 20º Grito da Terra Brasil, ocorreu nesta terça-feira (20) e faz parte do calendário dos 50 anos da Contag e do Ano Internacional da Agricultura Familiar.
O presidente da Fetadfe, Romilton José Machado, explicou que o objetivo primeiro é buscar assentar as famílias que estão acampadas. “São cerca de 15 mil famílias ligadas ao movimento no DF e 30 mil no Entorno e no nordeste goiano”, disse. Roniltom lembrou que, apesar de a pauta ser específica da reforma agrária – pois há acampamentos com mais de 16 anos -, “não podemos deixar de falar também sobre a educação na área rural, sobre o transporte das crianças; tem crianças que ficam até 15 dias sem estudar por conta disso. Há o problema da saúde. Somos obrigados a correr para a cidade em casos de emergência, sobrecarregando ainda mais o sistema”.
Apesar de vislumbrar um quadro positivo, o presidente da Fetadfe disse que é preciso mais agilidade na tomada de decisões por parte do governo. “Enquanto queremos terra para trabalhar com dignidade, outros estão grilando indiscriminadamente; acabam ficando e fazendo especulação com seus negócios ilegais”.
Willian Clementino da Silva Matias, vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da Contag fez uma analogia sobre a manifestação dos rurais: “a nossa luta é como feijão; só cozinha na pressão”. Ele cobrou o encaminhamento de pautas políticas que ainda não tiveram resposta. “Não somos da turma do contra. Estamos a favor do DF e do Brasil, mas isso passa pela reforma agrária. Resumindo, necessitamos de terra, territórios e dignidade”, enfatizou.
Para o secretário de Formação da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues, a luta por direito à terra não é apenas de quem está no campo. “É também uma luta de quem está na cidade e depende do que é produzido no campo para todos”. Rodrigo destacou que uma sociedade democrática só virá, de fato, quando for feita uma reforma agrária verdadeira no país, lembrando que a CUT, nascida há 30 anos, já trazia a pauta da reforma agrária. “Avançamos nesses anos, mas temos muito ainda o que conquistar”.
Resposta
O secretário de Governo, Gustavo Ponce de Leon, pontuou ações que o GDF pretende desenvolver nas próximas semanas em determinados assentamentos e lembrou que daqui a 15 dias haverá outra reunião com o governador Agnelo para ver o andamento dessa pauta.
Leon lembrou que no atual governo a Terracap deixou de ser uma empresa imobiliária para se transformar em agência de desenvolvimento. “Nessa gestão passamos a comprar a produção dos assentamentos para utilização nas escolas públicas do DF, entre outras iniciativas do governo”.
O “Dia D” do 20º Grito da Terra Brasil, a maior manifestação de massa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do país, acontece nesta terça-feira em todas as unidades da Federação, de forma descentralizada – dada a especificidade de cada local -, mas unificada em torno das reivindicações do campo que estão sendo cobradas dos governos locais e federal.
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Secretaria de Comunicação da CUT Brasília. Fotos: José Junior