Congresso Discute Democratização da Mídia

Para onde caminha o Brasil? Esse é o tema do 8° Congresso de Trabalhadores em Educação. Para os jornalistas Bernardo Kucinsky e Altamiro Borges, a resposta para essa pergunta passa necessariamente por uma discussão dos meios de comunicação do país. Kucinsky e Borges foram os palestrantes da mesa “Democratização da mídia”, embora o assunto mais discutido tenha sido exatamente a falta de democratização.

Kucinsky, que também é professor da USP e colaborador das revistas Carta Capital e Revista do Brasil, apontou a unidade ideológica entre as grandes empresas de comunicação, e a falta de atuação do governo no sentido de moralizar e fiscalizar, evitando monopólios. Para o professor, é preciso implementar políticas eficientes de comunicação que incentivem a imprensa alternativa, não-mercantil e pública. Nesse sentido, Borges notou que duas boas ações do governo teriam sido o programa de inclusão digital e a criação da TV pública, ainda que ambas precisem ser melhoradas.

Mas não só o governo é responsável por mudanças nos meios de comunicação. Altamiro Borges, editor da revista Debate Sindical, destacou as dificuldades da comunicação sindical e os desafios que é preciso superar. Para ele, os sindicatos ainda não se recuperaram completamente da crise dos anos 90, e que ainda estão se reestruturando tanto em mobilização quanto em recursos. Enquanto isso, um novo perfil de trabalhador vem surgindo, com cada vez mais jovens e mulheres na força de trabalho. Portanto, é preciso encontrar formas de se comunicar com esse público, em um processo que precisa reinventar instrumentos de comunicação, uma linguagem acessível e recursos financeiros adequados.

Ambos os palestrantes destacaram o papel extraordinário que a Internet pode exercer nesse processo, ao reduzir custos de distribuição de conteúdo e possibilitar um contato mais direto com o público, mas ressaltaram que ainda não se sabe exatamente o que se pode fazer com ela. “Para chegar a um novo paradigma de comunicação, é preciso pensar os outros papéis sociais do sindicato, além de falar à categoria”, comentou Kucinsky.

Para os professores de Brasília, talvez o exemplo mais recente da desigualdade da mídia tenha sido a campanha difamatória movida pelo GDF contra a categoria. Em notas nos principais jornais da cidade, o governo divulgou a tese de que os professores fingiam estar doentes para não trabalhar. Na ocasião da greve de advertência pelo cumprimento do Plano de Carreira, colunistas e comentaristas da cidade chamaram a ação de “irresponsável”, sem explicar os motivos da paralisação. Se a grande mídia é surda às reivindicações dos professores, a solução é procurar a própria voz – e democratizar os espaços onde ela pode ser transmitida.