Profissão Professora – Alfabetização aos oito anos no DF

amelia_200x200Não podemos falar de alfabetização sem falar em Emília Ferreiro. Com certeza suas pesquisas contribuíram, e muito, para uma grande mudança nas salas de aula, principalmente na maneira de se pensar alfabetização. De acordo com a professora Maria Amélia Caires Silva, coordenadora da Escola Classe 410 de Samambaia, deixamos de pensar no como se ensina para voltarmos a pensar no como se aprende. Ressalta a importância de Jaime Luiz Zorzi e Arthur Gomes de Moraes, que nos levam a refletir na importância de conhecer nossa língua materna e de se refletir no como a criança aprende.
 
Segundo Maria Amélia, aqui no Distrito Federal a implantação do projeto Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) também contribuiu para que essas mudanças aconteçam. Com a implantação do projeto e a ampliação de dois para três anos do período inicial de alfabetização, proporcionaram mais tempo para que os alunos pudessem se desenvolver integralmente.
 
Também, diz a professora, a implantação dos ciclos e todas as propostas de organização do tempo e espaço, juntamente com a proposta do trabalho coletivo e com avaliação diagnóstica, formativa e processual; assim como o reagrupamento e o projeto interventivo, muito contribuíram para o desenvolvimento dos estudantes no processo inicial de alfabetização e também na permanência das crianças na escola e, consequentemente, em dar a elas o direito de ter uma oportunidade de se desenvolverem em todas as suas potencialidades.
 
Ainda, de acordo com a coordenadora, “nem tudo são flores, por causa das muitas dificuldades, principalmente no acompanhamento dos alunos com problemas familiares e com necessidade de diagnóstico, o excesso de alunos em sala e a falta de estrutura física e material também contribuem para as dificuldades”.
 
 
Como vê a carreira e as expectativas da categoria para o futuro:
Maria Amélia, professora a 23 anos da Secretaria de Educação, descreve a profissão como sendo muito árdua, devido às lutas que a categoria tem que travar para conseguir realizar bem o trabalho. A professora conta que durante toda a sua carreira muitas coisas mudaram, algumas para melhor, outras para pior, e outras permaneceram como está.
 
A professora afirma, ainda, que a condição de trabalho é um ponto negativo na carreira no DF. Maria Amélia relembra que durante muito tempo as escolas foram literalmente abandonadas e o resultado disso são escolas sucateadas que a muito deveriam ter sido reconstruídas e estão sendo simplesmente reparadas, e reconhece que anos de abandono não se recupera em dias. “É necessário um tempo para que essas mudanças aconteçam”, diz.
 
Ressalta ainda que a relação professor, pai e aluno vem sofrendo mudanças. “Estamos vivendo num período de direito e acho muito importante que isso aconteça. Porém, a falta de reconhecer que não temos apenas direitos, mas também deveres, muitas vezes nos leva a situações insustentáveis não só na relação professor e aluno, mas também na relação professor e pais. Observo que através da luta tivemos muitas conquistas na educação, como: coordenação pedagógica ampliada, plano de carreira com a valorização da nossa formação acadêmica, redução da carga horária para professor de 20 anos em sala de aula, dentre outras. Muitas vezes me sinto cansada de ter que sempre lutar para ter nossos direitos garantidos, mas quando olho para trás tenho ânimo para continuar, pois sei e vejo que a nossa luta nos trouxe até aqui e a minha expectativa para o futuro da categoria é saber que juntos podemos muito mais”, afirma.
 
 
Nome: Maria Amélia Caires Silva
Profissão: Professora
Função: Coordenadora
Tempo de magistério: 23 anos
Escola: Escola Classe 410 de Samambaia
 
 
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