VII Encontro de Mulheres Educadoras aprova ações de combate ao feminicídio e à militarização nas escolas

O VII Encontro de Mulheres Educadoras, realizado no sábado (27), pelo Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), mais de 220 educadoras aprovaram deliberações que vão desde o combate ao feminicídio até a formação político-sindical da categoria a ser realizada pelo sindicato.

Realizado na Chácara do Professor, um dos momentos marcantes do evento foi o lançamento da sexta edição da revista anual Sinpro Mulher, cujas reportagens abordam os conteúdos apresentados nas Mesas Temáticas. A revista traz um profunda análise de conjuntura com várias abordagens que vão desde o balanço das eleições até o uso das fake news como instrumento de comunicação. Traz também matérias sobre o feminicídio; a saúde da mulher; uma entrevista pingue-pongue com a viúva da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em março de 2018, entre outros assuntos.

Confira aqui a sexta edição da revista Sinpro Mulher 2019.

O lançamento da revista contou com a participação de Cristiane Portela, professora de história da UnB; Cristiane Pereira, jornalista, assessora-técnica do Conselho Nacional de Saúde (CNS), militante da Central de Movimentos Populares e secretária de Mobilização do PT-DF; e, Mônica Caldeira, professora português da rede pública de ensino do DF e pós-graduada em gestão escolar pela Eape.

Apresentada como um dos subtemas da Mesa principal, o lançamento da revista Sinpro Mulher contou também com a palestra sobre reforma da Previdência de Maria Lúcia Fattorelli, auditora fiscal da Receita Federal aposentada e coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida. Um dos pontos relevantes do evento, Fattorelli falou, de forma didática e simples, sobre o que é e os impactos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/2019, colocando o tema ao alcance de todas. Falou também sobre o impacto dessa reforma sobre a categoria dos(as) professores(as) da rede pública e demais categorias da classe trabalhadora.

Intitulada “Mulheres da educação em luta contra a retirada de direitos” a única Mesa Temática abordou outros subtemas, tais como: “Feminicídio”, cuja palestrante foi Neliane Cunha, feminista e professora da Secretaria de Estado da Educação do DF; “Militarização das escolas/Lei da Mordaça” com Vilmara Pereira do Carmo, coordenadora da Secretaria de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras do Sinpro-DF; e, “Mulher no espaço de poder”, com Lia Zanotta, professora de antropologia da Universidade de Brasília (UnB).

Os temas foram aprofundados nos quatro Grupos de Trabalho (GT) que ocorreram durante toda a tarde do sábado. Um dos GT discutiram o combate ao feminicídio; outro discutiu como combater a militarização e a lei da mordaça; houve outro que tratou do tema das mulheres nos espaços de poder; e, outro, de professoras aposentadas, que realizou uma discussão sobre todos os temas abordados.

Na plenária de encerramento, foram aprovadas várias deliberações. No tema do feminicídio, foi aprovada a proposta de que as escolas desenvolvam Projetos Político-Pedagógicos (PPP) com a temática sobre a violência contra a mulher, a violência doméstica e a discussão de gênero. Uma proposta exemplificadora de como trabalhar os temas de forma pedagógica foi a da desconstrução dos contos de fadas em sala de aula.

Também foram aprovadas a criação de cartilhas e a de coletivos de mulheres nas escolas. Os coletivos de mulheres, segundo deliberação do encontro, devem sem constituídos de professoras, orientadoras e estudantes. Também aprovaram uma atuação na rede pública de ensino do DF que estimule a denúncia de maus-tratos e a promoção de debates sobre respeito e igualdade.

Também foram aprovados o fortalecimento do debate de gênero nas escolas; a defesa do Batalhão Escolar; a ocupação dos Conselho Escolares; a aplicação e o entendimento de que a coordenação pedagógica é espaço de formação e debate para a temática do feminicídio; a preparação e impressão, pelo Sinpro-DF, de material específico para formação de conselheiros, estimulando a participação da comunidade escolar nos conselhos; o desenvolvimento de projetos nas áreas de sociologia, filosofia e artes; que o Sinpro-DF possa dar orientação jurídica para as famílias de jovens que se envolverem, de alguma forma, nessa pressão da Política Militar nas escolas sob intervenção da PM; criar comitês em favor da gestão democrática; fortalecer os direitos dos(as) estudantes; a criação de um fórum para discutir a militarização das escolas públicas no DF.

Destaque ainda para outras deliberações relacionadas ao tema “mulheres no espaço de poder”. Nesse tema, foi aprovada a formação de estudantes – com consciência de classe, política e liderança –; a continuação e a ampliação da formação sindical feita pelo Sinpro-DF; a realização de projetos nas escolas para trabalhar o protagonismo das adolescentes, entre outras.

“No balanço final, o encontro foi muito bom. Contou com a participação muito importante das mulheres da categoria. O desafio de cada GT era deliberar sobre como os temas discutidos do encontro seriam aplicados na escola e entre as professoras aposentadas. Daí as ideias de formação política da categoria e também de estudantes”, afirmou Vilmara Pereira do Carmo, coordenadora da Secretaria de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras.

Confira no link,  a seguir, fotos o VII Encontro de Mulheres Educadoras