Vencedor das eleições, Obrador promete frear privatizações e recuperar PEMEX

O candidato de esquerda Andrés Manuel López Obrador venceu as eleições presidenciais do México com ampla margem de votos, segundo o Instituto Eleitoral do país, que fez uma contagem baseada em resultados de cerca de 8 mil locais de votação, ou 5% do total de cabines. O método tem uma margem de erro de meio ponto percentual. Já o comparecimento dos eleitores é estimado entre 62,9% e 63,8% dos mais de 89 milhões de eleitores registrados.
Obrador tem entre 53% e 53,8% dos votos. O segundo colocado, Ricardo Anaya, de uma coalizão entre o conservador Partido da Ação Nacional centro-esquerdista Partido da Revolução Democrática deve somar 22,1% e José Antonio Meade, apoiado pelo governo atual, deve ter entre 15,7% e 16,3%. O candidato independente Jaime Rodriguez deve ter recebido entre 5,3% e 5,5% dos votos, segundo os cálculos do instituto.
A vitória de Obrador põe fim a 90 anos de alternância no poder entre políticos do Partido Revolucionário Institucional (PRI) e do Partido de Ação Nacional (PAN).
Comprometendo-se a erradicar a corrupção e reprimir os cartéis de drogas com uma abordagem menos agressiva, López Obrador promete também trabalhar para reduzir a desigualdade no país.
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Apesar de não ser considerado um candidato da esquerda tradicional, Obrador é um político que surge das bases do chamado “nacionalismo revolucionário mexicano”, representado pelo ex-presidente Lázaro Cardenas, que governou o México entre 1934 e 1940, e promoveu reformas importantes no estado, a exemplo do que fez Getúlio Vargas no Brasil e o general Juan Domingos Perón na Argentina.
O discurso nacionalista de Obrador está relacionado, sobretudo, ao setor econômico. Ele afirma que as riquezas naturais do país, como o petróleo e a água, continuarão sob o controle do Estado mexicano.
O presidente Peña Nieto propôs em 2014 uma reforma energética, que privatizou parte do setor elétrico. Também permitiu maior abertura no setor petroleiro para entrada de empresas estrangeira no setor de exploração e produção, que hoje é controlado pela empresa estatal Pemex.
“Vou frear as privatizações e recuperar a PEMEX para os mexicanos”, disse Obrador.
No dia 10 de abril, o candidato se reuniu com 5 mil camponeses no estado de Zacatecas, na região central do país, onde assinou um documento onde reafirma seu compromisso de implementar o Plano de Ayala do Século 21, que propõe uma série de políticas de produção agrícola direcionada aos pequenos produtores rurais e comunidades indígenas.
“Vamos devolver ao México a soberania alimentar que perdeu com os governos neoliberais”, garantiu Obrador.