Veja as vencedoras do concurso Poetizando e Desenhando com Paulo Freire em seu Centenário

Seis mulheres foram as vencedoras do concurso Poetizando e Desenhando com Paulo Freire em seu Centenário, exclusivo para professoras/es aposentadas/os filiadas/os ao Sinpro-DF. O resultado foi divulgado na última sexta-feira (22), no programa especial de homenagem às/aos aposentadas/os, veiculado na TV Comunitária e nas redes sociais do Sindicato.

Na categoria desenho, o primeiro lugar ficou com a professora Maristela Nascimento Angra de Oliveira. Graduada em Geografia, ela passou a maior parte da vida trabalhando educação ambiental, e encontrou em Paulo Freire um mestre para guiar sua atuação dentro de sala de aula e também nos processos de formação. E foi daí que ela tirou inspiração para seu desenho.

“Quando eu pensei em Paulo Freire, pensei em uma explosão de amor. A barba cheia de flores e o girassol, que é um sol enorme, trazendo luz pra gente, trazendo conhecimento. É uma ilha de nutrição pra conseguirmos cruzar esse umbral que estamos passando”, conta a vencedora.

1º lugar na categoria desenho. Feito pela professora Maristela Nascimento Angra de Oliveira

 

O segundo lugar da categoria desenho foi para a professora Beatriz Alves Campos. Ela conta que sua obra teve como inspiração uma árvore de Ipê. “Os galhos são os conhecimentos que Paulo Freire nos passou e tem passado. A raiz são mãos mostrando que a gente precisa se unir. O sol é o Yang e a lua o Yin (dualidade existente no universo)”, explica a professora.

2º lugar na categoria desenho. Trabalho da professora Beatriz Alves Campos

 

A professora Nadia Maria Rodrigues levou o terceiro lugar da categoria desenho. Em sua obra, ela desenhou Paulo Freire negro, em uma roda formada por crianças. Segundo a professora, que já recebeu prêmio do Ministério da Educação por trabalhos de combate ao racismo, o desenho mostra também o “círculo de cultura, de troca de aprendizado” adotado por Paulo Freire como método de ensino, espaço em que não há um professor, mas um intermediador do processo de aprendizado, feito por todos os presentes.

O desenho da professora Rosangela Costa de Paula recebeu menção honrosa.

Menção honrosa para o desenho da professora Rosangela Costa de Paula

 

O primeiro lugar da categoria poesia foi conquistado pela professora Maria Creusa Mota, alfabetizadora por 23 anos e integrante da equipe de apoio a crianças com dificuldade de aprendizagem. Maria Creusa aposentou no ano passado e, segundo ela, sempre teve Paulo Freire como “norteador da prática em sala de aula”. Para a professora, “poesia é alento, é resistência e, acima de tudo, esperança”.

Poema da professora Maria Creusa Mota

 

A professora Katia Rodrigues de Oliveira ficou com o segundo lugar na categoria poesia. Aposentada há 10 anos, ela é formada na área de educação física, mas teve a oportunidade de trabalhar com alfabetização de adultos, e foi lá que conheceu o trabalho da Paulo Freire e sua importância para a construção de um mundo mais justo.

“Minha poesia coloca que são os trabalhos pequenos que levam aos grandes feitos”, diz a segunda colocada, e continua: “o fio que inicia, tecido de várias maneiras, vai crescer e formar uma bandeira enorme de uma nação com todos aqueles empoderados, sabendo do seu valor através da aquisição do conhecimento”.

Poema da professora Katia Rodrigues de Oliveira

 

Já o terceiro lugar foi para a professora Brasilene Martins Morais Ferreira. Aposentada em 2013, ela faz questão de dizer que continua ativa e que Paulo Freire é “referência que não morre”. Com o poema “A Flor da Resistência”, ela conta que quis retratar o que foi o processo de alfabetização na própria vida. “Para mim, aprender a ler e escrever foi, como diz Paulo Freire, uma libertação”, diz.

Poema da professora Brasilene Martins Morais Ferreira

 

A poesia do professor José Luiz do Nascimento Soter recebeu menção honrosa.

O primeiro lugar das duas categorias recebeu premiação de R$ 2 mil; o segundo, R$ 1.500,00; e o terceiro, R$ 1 mil. Na categoria desenho, os trabalhos foram selecionados por uma bancada de jurados composta pelo professor Cleber Cardoso Xavier e pelas professoras Jucimeire Barbosa da Silva e Iza Rodrigues Maia, todos da área de Artes. Na categoria poesia, a banca de jurados foi composta pela professora, pedagoga e escritora Dhara Cristiane de Souza Rodrigues, e pelas professoras Mônica Caldeira Schimidt e Maria Sônia Vieira Lira, ambas com formação em Letras. Para garantir a lisura do processo, os desenhos e poemas foram entregues às juradas e ao jurado identificado apendas por um código numérico.

Os critérios utilizados para a seleção dos trabalhos foram ineditismo e originalidade.

Inativos nunca

Embora o concurso Poetizando e Desenhando com Paulo Freire tenha premiado seis pessoas, a diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa lembrou que o objetivo da atividade não foi gerar competição, mas de mostrar o reconhecimento do Sindicato à categoria. Para ela, o concurso realizado vem em um momento em que “estamos precisando refletir sobre tudo o que aprendermos com Paulo Freire e darmos um retorno do seu legado”.

“Uma das coisas que ele (Paulo Freire) mais nos ensinou é que estamos sempre aprendendo. Esse momento é de aprendizado. E um dos principais aprendizados é de que não somos nem maior nem menor que ninguém’, disse a professora aposentada, refletindo sobre a conjuntura marcada pela pandemia da Covid-19.

As diretoras da pasta de Assuntos dos Aposentados do Sinpro-DF, Silvia Canabrava, Consuelita Oliveira Carvalho e Elineide Rodrigues, também participaram do programa que homenageou as/os aposentadas/os e premiou as primeiras colocadas do concurso de desenho e poesia.

Elineide Rodrigues lembrou que o momento, que exige isolamento social, é difícil para toda a população, mas principalmente para aposentados e aposentadas, que estão, majoritariamente, no grupo de risco. “Com muito carinho, preparamos esse concurso”, disse ela.

A atividade, como lembra a diretora Consuelita Oliveira, comemora o centenário de nascimento de Paulo Freire e faz um “resgate de sua história, da valorização do seu legado e de sua importância para a educação”.

A coordenadora da pasta de Assuntos dos Aposentados Silvia Canabrava reforçou que, embora seja um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial e considerado patrono da educação brasileira, Paulo Freire vem sendo alvo de ataque de governos reacionários. “Esse governo que aí está, tentou apagar a imagem de Paulo Freire. Mas nós fomos para as ruas e compramos a luta de mostrar que Paulo Freire foi um grande educador e que nós temos que fazer valer tudo que ele foi para a educação do nosso país. Não vamos permitir que tirem de nós a esperança e a vontade de lutar”, disse a sindicalista.

 

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