“Vamos para cima desse Congresso conservador”
Observe as imagens abaixo. À esquerda está o bancário Nelson Canesin, atacado pela polícia do DF, em abril, durante manifestação em que a CUT cobrou a entrada na Câmara dos Deputados para protestar contra a votação do Projeto de Lei 4330, que permite a terceirização sem limites.
À direita, a imagem mostra outra central sindical – que apoiou o PL 4330 – durante protesto nessa quarta-feira (6) contra a aprovação das MP (Medida Provisória) 665, que restringe o acesso ao seguro-desemprego e abono salarial.
A diferenciação não é um acaso. A CUT também estava presente na galeria da Câmara dos Deputados nessa quarta, mas recebeu apenas 25 senhas para entrar. A outra central ocupou toda as demais cadeiras. A decisão partiu do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, coincidentemente, esteve no 1º de Maio da Força Sindical.
O mesmo Cunha que em dia 22 de abril impediu o acesso do presidente da CUT, Vagner Freitas, à “Casa do Povo”. Conforme reportagem da Carta Capital, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) tentou interceder pelo dirigente junto ao parlamentar, mas ouviu o seguinte. “Esse presidente da CUT não entra aqui de jeito nenhum.”
Já na sessão de votação do PL 4330, o deputado se referiu à CUT como “vândalos” que “não merecem estar nessa galeria”.
Para Vagner Freitas, a situação não surpreende diante da postura autoritária que Cunha adota desde sua eleição. “Enquanto uma central apanha, a outra tem acesso livre às galerias. Esse deputado age como um imperador, mas não vai frear a nossa mobilização”, apontou.
Ajuste é equívoco
Na próxima semana, quando a MP 664, que ataca os direitos ao auxílio doença e pensão por morte voltar à pauta a CUT estará novamente no Congresso Nacional.
Para Vagner, a primeira pergunta é por que e para quem será feito o ajuste fiscal. “Ao longo dos tempos, ajustes fiscais são parte de um receituário neoliberal que usa o pretexto de equilibrar as contas do Estado para retirar direitos dos trabalhadores e cortas investimentos públicos no país. O Plano Levy (em referência a Joaquim Levy, ministro da Fazenda) quer jogar na recessão para depois reconstruir e isso é um tremendo equívoco que não permitiremos”, criticou Vagner.
Essa receita, destacou Vagner, inclui outros ingredientes que tem sido jogados no caldeirão da recessão, como o aumento da taxa de juros, a diminuição do crédito da Caixa para compra de imóveis e a restrição do acesso ao FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).
O dirigente questionou também o processo de construção das medidas, que não ouviu as centrais sindicais e, por isso, miram apenas em quem trabalha e gera renda, excluindo os especuladores de qualquer sacrifício para o tal equilíbrio fiscal.
Vagner afirmou ainda que a Central lançará uma plataforma com propostas dos trabalhadores e economistas do campo progressista para se contrapor ao atual Plano Levy aplaudido pelo Congresso mais conservador desde 1964.
“Onde estão as medidas para taxar as grandes fortunas e as remessas de lucro? Essa é uma pergunta que a CUT fará e cobrará do governo”, disse.