Uninove demite 300 professores e ao invés de aula transmite palestra com padre Fábio

No mesmo dia em que demitiu mais de 300 professores, que receberam a carta comunicando a dispensa por e-mail, a Universidade 9 de Julho (Uninove) transmitiu pelas redes sociais uma palestra motivacional com o padre Fábio Melo e o ex-secretário Estadual de Educação de São Paulo Gabriel Chalita.

“Fortaleça o seu interior e acredite em você” foi o tema da live transmitida no canal do YouTube da Uninove, às 20h desta segunda-feira (22). A transmissão revoltou estudantes que, neste horário, deveriam estar assistindo as aulas online canceladas por causa das demissões.

Nas redes sociais, alunos lamentaram a demissão dos professores e a substituição das aulas pela palestra motivacional.

 “É simplesmente um lixo a UNINOVE tratar nós alunos desse jeito, não pagamos mensalidade absurda para ver palestra”, escreveu Henrique Souza em seu perfil no Twitter.

Outros, como Kátia Vasco, cobraram alguma empatia do padre Fábio Melo aos professores demitidos. “Alguma nota de empatia aos professores? Não decepcione”, escreveu em um post no Twitter.

A Uninove não confirmou o número de demitidos, mas o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) afirmou que 300  docentes foram desligados e que já entrou com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), nesta terça-feira (23), solicitando uma medida liminar (provisória) que anule as demissões.

Em nota divulgada em seu site, o Sinpro-SP afirma que a reforma Trabalhista de 2017 facilita demissões em massa como essa dos professores e ressalta o impacto social da medida, no momento da pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 52 mil brasileiros.

“O fato de ela ocorrer em meio à pandemia e de a Mantenedora não ter manifestado nenhuma intenção de negociar ou amenizar o problema, agrava ainda mais a situação”, diz trecho da nota que conclui afirmando: “Para o SinproSP, a pandemia está sendo usada pela Uninove para acelerar o processo de reestruturação iniciada há alguns anos e baseada na redução da folha de pagamentos e maximização dos lucros”.

Confira aqui a íntegra da nota do Sinpro-SP

Em junho do ano passado, a universidade aumentou da carga horária baseada em ensino a distância (EAD) e demitiu aproximadamente 30 professores de cursos da área de humanas. Os alunos foram protestar diante do campus Barra Funda, zona oeste da capital paulista, como lembra reportagem da RBA.

Fonte: CUT Brasil