TV Comunitária comemora 18 anos de resistência nesta quinta (13)

Símbolo da luta pela democratização da comunicação, a TV Comunitária comemora 18 anos de resistência na próxima quinta-feira (13), ocasião na qual serão realizados shows com artistas locais e microfones abertos para falações políticas na atual sede da TV, localizada na quadra 3 do Setor Gráfico de Brasília. O evento contará com transmissão ao vivo e será realizado no calçadão cultural da TV Comunitária, das 19 às 23h.
“No ano de 1997, logo após a aprovação da Lei do Cabo (8977/95), 27 entidades se reuniam em prol da criação de uma TV Comunitária, que teria liberdade de conteúdo e programação diferenciada, abordando temas ditos ‘proibidos’ pela TV comercial. No dia 13 de agosto, foi realizada a primeira exibição da TV, que àquela época possuía apenas duas horas de programação por dia”, lembra o diretor presidente da TV Comunitária, Carlos Alberto de Almeida.
tv6Para conseguir a liberdade de programação, a TV Comunitária não abriga publicidade e sobrevive graças às parcerias, tanto no movimento sindical quanto em outros movimentos sociais. Possuem programas na TV os sindicatos dos Bancários (Seeb), dos Professores (Sinpro) e dos Urbanitários (Stiu) do DF, sendo que cada um deles produz programas semanalmente que são reprisados ao longo dos dias. A Telesul exibe parte de sua programação na TV Comunitária, em uma parceria que há 10 anos promove integração dos povos da América Latina, rompendo o monopólio de notícias que gira em torno do eixo Europa- Estados Unidos.
“Consideramos uma feliz coincidência o fato da inauguração da TV ter acontecido na data do aniversário do líder revolucionário cubano Fidel Castro. Pensamos que, assim como ele, somos parte da luta pela liberdade e pela integração dos povos da América Latina”, destaca Carlos Alberto.
Para a vice-presidenta da TV Comunitária, dirigente CUTista e do Sindicato dos Professores, Rosilene Corrêa, a programação da Telesul é um dos destaques da TV. “A quebra desse ciclo da mídia capitalista, que mostra o mundo dos donos do mundo é muito importante politicamente, e os documentários e noticiários que a Telesul exibe na TV Comunitária mostram esse outro lado, esse contraponto”, analisa a professora Rosilene.
Ferramenta de luta
Para a dirigente sindical, o espaço da TV Comunitária é uma ferramenta de luta da classe trabalhadora, tendo em vista que a mídia brasileira é dominada por oligopólios que possuem interesses empresariais e imperialistas, contrários às pautas dos trabalhadores.
“Um dos grandes desafios para viver uma democracia plena é a democratização dos meios de comunicação. O nosso atual modelo de comunicação é um dos mais absurdos e unilaterais que existem, anda na contramão, não está de acordo com o país que nós temos. A TV Comunitária vem sobrevivendo e resistindo a tudo isso”, explica Rosilene Corrêa.
tv2A opinião de Rosilene é compartilhada pelo presidente do presidente do Sindicato dos Bancários, Eduardo Araújo. “A TV comunitária é um espaço democrático, onde o movimento sindical tem a oportunidade de atingir a sociedade e debater temas pertinentes à classe trabalhadora sem nenhuma restrição de conteúdo. É de fato um contraponto às TVs convencionais”, afirma o sindicalista.
O presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, parabeniza os profissionais e militantes que se dedicaram nesses 18 anos à construção e consolidação da TV Comunitária, uma “iniciativa que procura dar vez e voz aos setores populares”. Ele aponta a necessidade de valorizar espaços como este do trabalhador: “A comunicação é um dos pilares do fortalecimento da luta sindical, e mais, da busca da justiça social e da democracia. Hoje, a TV Comunitária significa uma boa oportunidade de nos dirigirmos à sociedade e rompermos com as mordaças que os grandes meios de comunicação impõem aos trabalhadores. É preciso fortalacer e expandir os espaços dos trabalhadores”, ressalta.
Independência de conteúdo
Uma das bandeiras de luta da TV Comunitária é a criação de uma TV pública no DF, a ser concedida pelo Ministério das Comunicações, via Canal da Cidadania, previsto no artigo 13 do Decreto n° 5820/2006 que criou o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre SBTVD-T.
“Da mesma forma que o governo federal e o governo local usam a verba de publicidade em outros veículos, como a TV Globo e o Correio Brasiliense, eles poderiam ter o entendimento de que a TV Comunitária necessita de verba e presta um serviço muito importante à população. É lá que temos liberdade de roteiro, produção, enfim. Apesar de ser tudo muito simples, é naquele espaço que podemos trabalhar o que queremos, mostrar o que deve ser mostrado”, reflete a vice presidenta da TV Comunitária e dirigente do Sinpro, Rosilene Corrêa.
Para Rosilene, a parceria do Sindicato dos Professores e da TV Comunitária tem dado muito certo. “Muita gente fica desanimada em investir na TV porque não tem audiência, mas isso gera um ciclo vicioso: se não investe, como terá audiência? Por isso, convido as outras entidades e movimentos sociais a conhecerem o trabalho da TV Comunitária e se associarem. É uma contribuição irrisória, mas que faz toda a diferença para a TV”, explica a sindicalista.
Parcerias sindicais
Atualmente, a TV Sinpro possui programas semanais, onde é realizado um bate-papo com dirigentes da CUT, da CNTE e de outras entidades sindicais para debater temas inerentes à categoria e toda a classe trabalhadora.
“A nossa ideia é mostrar uma programação mais diversificada, mas no atual momento acabamos sendo pautados pelo que está acontecendo. Apesar disso, ainda abrigamos em nossa programação temas mais gerais, lançamentos de livros, professores que têm um projeto interessante”, explica Rosilene Corrêa.
A parceria entre TV Comunitária e Sinpro abriga ainda a Escola de Mídia Comunitária, onde professores vão até escolas públicas e colocam os estudantes em contato com os meios de comunicação. Por apresentar resultados positivos, a diretoria da TV afirma que tem interesse em ampliar o projeto.
A TV Bancários segue a mesma linha, com programas que analisam conjuntura política e social e falam sobre a realidade da categoria. “Mostramos o bancário como uma categoria de luta, e não como um empregado no banco. Noticiamos nossos avanços e desafios políticos, além de temas gerais de interesse de toda classe trabalhadora”, explica o presidente do Sindicato dos Bancários.
tv4Segundo a diretora de formação do Stiu, Fabíola Latino, ser um veículo aberto, longe das mãos da grande mídia, é a razão do diferencial da TV Comunitária, cuja principal característica é “discutir com a sociedade temas diversos de acordo com uma realidade mais palpável”, como sintetiza a urbanitária.
A dirigente destaca que a parceria de um ano entre a TV e o Stiu foi muito positiva para dar visibilidade à categoria. “Neste período, conseguimos colocar assuntos muito relevantes em destaque, foi um grande suporte”. Segundo Fabíola Latino, a produção sindical na TV Comunitária também permitiu uma grande troca e fortalecimento na divulgação do material sobre o Stiu.
Desafios
Atualmente, a transmissão da TV Comunitária é pela Net, no canal 12, ou pelo endereço http://www.tvcomunitariadf.com/#!tv-ao-vivo/c1j8k. Para o diretor presidente da TV, isso é um desafio a ser superado. “Queremos migrar para o sinal aberto. Apesar de hoje em dia mais pessoas terem acesso à TV a cabo, o fato de estarmos restritos a ela, reduz o nosso alcance” , explica Carlos Alberto Almeida.
No ano de 2014, a luta da TV Comunitária foi reconhecida pela CUT Brasília, com o 1° Prêmio Luís Gushiken de Jornalismo Sindical e Popular.
“São 18 anos nadando contra a corrente, falando sobre os temas proibidos na TV convencional, mostrando os artistas desprezados pela grande mídia. A pesar das dificuldades, seguimos adiante pois acreditamos na nossa liberdade, na nossa linha editorial e na construção de uma sociedade justa e igualitária”, conclui o diretor presidente da TV Comunitária.
Programação de 11 a 13 de agosto
Dia 11 – Terça-feira
13h – TV Urbanitários Com: Rodrigo Brito Diretor CUT/DF
17h – TV Sinpro Com a Jornalista Paula Nogueira ao Vivo (fixo) 17h30 – Clip sons da cidade com Martinália + TV Urbanitários Com: Rodrigo Britto Presidente CUT/DF
22h30 – TV SINPRO Com Francisco Raimundo, diretor da secretaria para Assuntos dos Aposentados do SINPRO-DF. TEMA: “Professores aposentados e em processo de aposentadoria que não receberam o acerto financeiro”.
23h – TV Bancários Com a Psicóloga do Sindicato dos bancários, Fernanda Duarte (fixo)
Dia 12 – Quarta-feira
8h – TV Urbanitários Com: Rodrigo Britto Presidente CUT/DF
13h – TV Bancários Com a Psicóloga do Sindicato dos bancários, Fernanda Duarte. (fixo)
14h30 – TV SINPRO Com Francisco Raimundo, diretor da secretaria para Assuntos dos Aposentados do SINPRO-DF. TEMA: “Professores aposentados e em processo de aposentadoria que não receberam o acerto financeiro”.
Dia 13 – Quinta-feira
8h30- TV SINPRO Com Francisco Raimundo, diretor da secretaria para Assuntos dos Aposentados do SINPRO-DF. TEMA: “Professores aposentados e em processo de aposentadoria que não receberam o acerto financeiro”.
18h – TV Bancários Com a Psicóloga do Sindicato dos bancários, Fernanda Duarte. (fixo)
21h30 – TV Urbanitários Com: Rodrigo Britto Presidente CUT/DF