Trabalho e suicídio: quando a máquina substitui o humano

O dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, em referência à memória do jovem estadunidense Mike Emme, que tirou sua própria vida em 1994. Durante todo o mês e com mais ênfase na semana do dia 10, diversos países criam ações de conscientização e prevenção sobre o tema. No Brasil, desde 2015, são realizadas as campanhas do Setembro Amarelo.

O tema ainda é tabu, mas deveria ser repensado nas relações cotidianas de trabalho e na normalização de uso de máscaras para camuflar o que é sentido. Horas em frente às telas, tem emprestado ao sujeito um sentido e identidade, por meio da imagem, tornada mercadoria. Estamos reduzindo nossa capacidade de individualização nas atividades e sugerindo um resgate do taylorismo puro, em que somos braços e pernas, mas não somos mente e coração.

O excesso de pressão, a imposição de poder, o silêncio e normalização de práticas de assédio, a falta de profissionais para executar o trabalho e a ausência de reconhecimento sobre o esforço têm causado danos nas relações. A linguagem é fundamental para tecer os vínculos sociais e quando essa é colonizada pelas telas e teias digitais, somos capturados pela função máquina. O resultado é um sujeito fragmentado e descartável, como um chip biológico.

Não existe escola desconectada das pessoas. Somos corresponsáveis pela comunidade de trabalho. Você pode diminuir o preconceito sobre as doenças psíquicas e a visão de que a tristeza é uma deformidade. Não demita-se da sua humanidade, abrindo mão do pensar e fazer render a vida como uma máquina. Olhe mais para quem está ao seu lado, compartilhe sua experiência, ofereça ajuda e não esqueça: tem horas que, além do suporte das pessoas com quem convivemos, é necessário apoio profissional.

Para saber mais sobre ações de prevenção ao suicídio, a Organização Mundial da Saúde tem uma página com guias para download e diversas línguas, inclusive em português. Confira clicando no link: www.who.int/publications/i/item/preventing-suicide-a-resource-series.

Texto escrito pela psicóloga Luciane Kozicz. 

 

MATÉRIA EM LIBRAS