Trabalhadores protestam contra as reformas do governo Temer

Com palavras de ordem uma multidão de professores/as, estudantes e trabalhadores/as de várias categorias transformaram o dia 31 de março deste ano em Dia de Mobilizações e Lutas. Após uma manhã de panfletagem em várias cidades do Distrito Federal e do Entorno, ocuparam, a partir das 16h, a Rodoviária do Plano Piloto.
O ato público do DF se somou à mobilização nacional, convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras centrais, em memória do golpe militar de 1964 – que destruiu os direitos políticos, trabalhistas e outros do brasileiro por mais de 20 anos – e contra as atuais reformas em curso no Congresso Nacional, sobretudo, a reforma trabalhista e a da Previdência.
O secretário geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues, disse que a atividade foi um sucesso e afirma que centrais, sindicatos, movimentos sociais e estudantil realizaram uma grande panfletagem no DF e Entorno. Dezoito cidades receberam, pela manhã, a panfletagem com material da CUT, do Sinpro e de outras categorias e centrais, todos eles denunciando a tentativa de retirada de direitos dos trabalhadores quer seja por meio da terceirização quer seja pelas reformas da Previdência e trabalhista.
“Fizemos o debate com a sociedade. Entregamos os panfletos olhando no olho dos trabalhadores e trabalhadoras e discutimos a necessidade de uma greve geral, que vai acontecer no dia 28 de abril”, informou. À tarde, o ato público ocorreu na Rodoviária do Plano Piloto, local em que os manifestantes de todas as cidades se encontraram.
“Dirigentes sindicais, ativistas, professores/as em greve, todos e todas estiveram na Rodoviária fazendo a panfletagem. A atividade colocou mais de cem mil panfletos nas mãos dos/as trabalhadores/as para esclarecer e estimular a discussão sobre a necessidade de uma organização que não permita a subtração de direitos”, afirmou o secretário geral da CUT Brasília.
A diretora do Sinpro, Berenice D’Arc, considerou a ação unificada das centrais como um gesto de maturidade das lideranças sindicais e das categorias de trabalhadores. Para ela, o 31 de março foi fundamental para os trabalhadores de todo o país.
“Construímos uma unidade importante entre as centrais para fazer com que este dia se materializasse como uma data importante do ‘esquenta’ da greve geral, que será em 28 de abril. É um movimento preparatório das atividades de luta. É o reforço do dia 15 e uma forma de convocar a sociedade contra as reformas, bem como mostrar que os/as trabalhadores/as não estão satisfeitos/as e não ficarão parados/as, esperando o governo dar outro golpe: o golpe da retirada de direitos”, afirma a diretora do Sinpro-DF.
De fato, o ato público foi só o esquenta e levou o público que passou pela Rodoviária entre 16h e 18h a refletir sobre as medidas do governo. Jovens de todas as idades recebiam os panfletos, nas filas dos ônibus, e liam atentamente. Outras pessoas, buscavam conversar com os manifestantes.
“No dia 28 de abril, o Brasil inteiro estará parado numa greve geral que está sendo construída com a unidade das centrais para que o país pare, mostrando para o governo golpista do Temer que os trabalhadores não cruzarão os braços diante deste golpe dos direitos trabalhistas conquistados duramente por anos e anos na história do nosso país. Então é isso: estamos nas ruas contra a reforma da Previdência, trabalhista e pela não assinatura do governo Temer à terceirização. Temos muita luta ainda por fazer e o mais importante disso tudo é a unidade das centrais”, destaca a diretora.
PROFESSORES EM GREVE DIALOGAM COM POPULAÇÃO
O Dia de Mobilizações e Lutas iniciou bem cedo para os professores em greve do Distrito Federal. De manhã, participaram da panfletagem em 18 cidades do DF e Entorno. A mobilização culminou com o ato público na Rodoviária. Para Luciana Custódio, diretora do Sinpro-DF, a atividade foi vitoriosa porque unificou a pauta local com a nacional e fortaleceu a ação coletiva.
“A atividade unificou a pauta nacional com a local na luta contra as reformas do governo Temer. Estamos unificados aqui com professores/as em greve, professores/as piqueteiros/as, com a classe trabalhadora cutista, movimentos sociais, MTST, enfim, toda a classe trabalhadora, juntamente com movimentos sociais e estudantil, está unificada na luta contra essas reformas e pela manutenção dos direitos. Nosso jargão é ‘nenhum direito a menos e rumo à greve geral'”, disse.
Ela disse que os/as professores/as em greve estão comprometidos/as com essa mobilização, fazendo corpo a corpo com a comunidade para mostrar a ela que a pauta da categoria docente é legítima desde 15 de março, quando deflagraram a greve nacional dos professores.
“A receptividade tem sido muito boa. Nosso material tem sido bem recebido pela sociedade porque é uma pauta que diz respeito a todos/as. A reforma da Previdência vem para retirar direitos sociais básicos de todos os cidadãos. Por isso, nós, professores/as em greve, fortalecemos esta luta e este ato bonito, abordando trabalhadores/as no retorno para casa. O movimento está bonito e proativo. Isso só mostra que estaremos onde sempre estivemos: nas ruas, lutando por nossos direitos”.
Na Rodoviária, os/as professores/as em greve puderam dialogar com a população e explicar os motivos da greve. Cleber Soares, diretor do Sinpro-DF, diz que a categoria consegui estabelecer um diálogo com pais, mães e responsáveis pelos/as estudantes das escolas públicas durante o ato na Rodoviária.
“Importante a gente perceber que pais, mães e responsáveis por nossos/as estudantes e que estão aqui na Rodoviária têm recebido os panfletos e compreendido a nossa luta. Isso mostra a importância de continuarmos a promover debates com a população, quando a greve for encerrada, para que a sociedade compreenda que estamos num momento de acirramento da luta de classes e que é fundamental a unidade da classe trabalhadora para superar e derrotar essas reformas e superar essa conjuntura tão adversa e tão contrária à classe”, afirmou o diretor
Ele disse também que, “para nós, da educação, é muito importante estarmos aqui vendo pais e mães e responsáveis de nossos estudantes das escolas públicas recebendo os panfletos, dialogando com a gente, compreendendo os motivos de nossa greve”.
Os/as participantes da manifestação distribuíram panfletos e conversaram com quem passava na plataforma inferior da Rodoviária. Polyelton Lima, diretor do Sinpro-DF considerou a atividade bem-sucedida em razão do trabalho que os/as professores/as realizaram anteriormente, de convencimento da população.
“Hoje temos clareza de que o governo federal, na tentativa de reformar a nossa Previdência, está sendo frustrado uma vez que o povo entende perfeitamente que isso se trata de uma supressão de direitos. As pessoas estão revoltadas, organizando-se, para combater todo tipo de retrocesso que atentem contra os seus direitos”, avalia.
Ele destacou o Dia de Mobilizações e Lutas como uma atividade importante porque ela faz parte da greve nacional da educação. E informa que os/as professores/as estão insatisfeitos/as com as reformas que estão por vir e estão nas ruas de todo o país esclarecendo a população e mostrando a importância de lutarmos por nossos direitos.
“Aqui em Brasília também somos contra qualquer tipo de reforma. Assim que o governo Rollemberg tentar discutir essa questão, não aceitaremos. Iremos às ruas convencer a população do DF mais uma vez e organizaremos a luta caso o governo local queira fazer esta reforma”, alertou.
O Dia de Mobilizações e Lutas foi também uma forma de a CUT e demais centrais relembrarem os horrores da ditadura militar instalada no país em 31 de março de 1964. Uma data que marcou para sempre a memória de quem viveu as perseguições políticas, os asssassinatos e sumições de pessoas, o fim da organização sindical e de vários direitos trabalhistas e sociais, como, por exemplo, a liberdade de organização e de expressão.
Confira imagens do ato público:
(Fotos: Arquivo Sinpro-DF/Deva Garcia)