Trabalhadores e movimentos sociais repudiam ataques durante lançamento da campanha Brasil Forte

Uma pesquisa divulgada recentemente pela CUT/Vox Populi apontou que 60% dos brasileiros são contrários à privatização da Petrobrás, uma das maiores estatais brasileiras. Mas, na contramão da vontade da maioria da população, o governo sem voto, segue com uma ampla agenda entreguista. Esta foi apenas uma das dezenas de denúncias dos retrocessos instaurados no país, feita durante o lançamento da campanha da CUT Nacional, Brasil Forte: Serviço Público e Estatais de Qualidade.
A mobilização foi apresentada nesta quarta-feira (20), em debate na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal, que contou com a participação de trabalhadores, entidades sindicais, parlamentares e movimentos sociais.
Durante toda a campanha serão realizadas diversas plenárias regionais por todo país para discutir o tema. As ações estão previstas parar ocorrer em junho e julho, e culminarão em um grande protesto que será organizado em conjunto.
De acordo com a secretária de Relações de Trabalho da CUT Nacional, Graça Costa, a ação se estabelece em três importantes pontos de luta: o combate contra Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos em saúde e educação por 20 anos; o enfrentamento à privatização e a resistência contínua em defesa de um serviço público de qualidade. “Para garantirmos avanços, precisamos unificar a luta em todos os segmentos da sociedade. A nossa ideia é sensibilizar e dialogar sobre esses ataques através da realização de debates da CUT com seus sindicatos e com a sociedade. Vamos pressionar, pois se continuarmos neste ritmo o Brasil passará pela maior vergonha dos últimos tempos com a intensificação da pobreza. Precisamos reagir”, explica.
Graça esclarece que o processo de golpe trouxe regressões em diversos direitos sociais. A chamada “Ponte Para o Futuro”, por exemplo, espécie de plano de governo do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), anunciado após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, previa diversas medidas. Entre elas, privatização das estatais, congelamento dos gastos com saúde e educação, terceirização indiscriminada e a nefasta reforma trabalhista. Em relação à entrega das empresas públicas ao capital privado, Graça explica que mais de 100 estatais estão em processo de privatização.  “O que está posto para nós é um absurdo, precisamos reagir”, conclama a dirigente.
“O governo golpista está aproveitando o tempo que lhe resta de mandato para entregar todas as nossas riquezas. Basicamente, o Brasil está exposto em liquidação, com aprovação apenas de projetos antipovo e anti-Brasil e, pior ainda, se esquecendo das políticas sociais. As medidas do atual governo prejudicam toda a classe trabalhadora em favorecimento do capital”, alertou Roni Anderson Barbosa, Secretário de Comunicação da CUT Nacional.
Já em relação aos cortes de recursos, a representante da Coalizão Anti-austeridade e pela revogação da Emenda Constitucional 95, Lizely Borges, explicou em seu discurso que, com a implementação da medida, estima-se que cerca de 1,5 milhão a mais de pessoas entrarão na linha da extrema pobreza, totalizando 15 milhões de indivíduos na miséria. Os dados apresentados por Lizely, são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). “A maioria dos que perecerão são crianças e adolescentes. Se hoje nós já estamos sentindo os impactos do congelamento dos gastos através dos cortes em programas sociais de alimentação, remédios e farmácias populares, programas de proteção às mulheres, creches e tantos outros, imaginem nos próximos anos. A reflexão que eu quero deixar em relação a este cenário é justamente sobre o futuro. Isto é uma maldade com o destino dessas crianças e adolescentes, pois não sabemos quais caminhos tomarão na vida e isso é preocupante. Precisamos reverter essa situação”, lamentou.
O analista político e assessor legislativo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Neuriberg Dias, explicou o que está em jogo. “Vivemos um Estado mínimo. Em relação a reforma trabalhista, se analisarmos a expectativa e a realidade, veremos que não houve aumento de trabalho e sim, precarização. A ordem desse governo é privatizar. Existem propostas de privatização da energia, gás, petróleo, mineração, aeroportos, portos, ferrovias e todos os bens que possuímos. Precisamos lutar, fortalecer a soberania popular e, principalmente, manter a  transparência em relação a essas iniciativas de privatização”.
O secretário adjunto de Relações de Trabalho da CUT, Pedro Armengol, relembrou que grande parte dos problemas enfrentados atualmente surgiu em decorrência do golpe. Para ele, o ataque foi contra a classe trabalhadora e toda a população brasileira que sofrem com seus direitos sendo usurpados diariamente. “Precisamos mostrar ao povo o que está acontecendo. Milhões de brasileiros estão vivendo em um mundo de fantasia, vendados, como se nada lhes dissesse respeito. Temo pelo nosso futuro enquanto sindicalista e, principalmente, enquanto cidadão. Se não houver um contra-ataque, toda a classe trabalhadora ficará à própria sorte, vendo o desmonte do país acontecer. A UnB, por exemplo, não tem mais recursos pra terminar o ano letivo. E este estado de calamidade é só no primeiro ano de vigência da EC 95, imaginem daqui 10, 15 e 20 anos”.
“Saímos dessa audiência com a certeza de que para além da Campanha Brasil Forte, precisamos realizar um trabalho mais amplo, com a participação de todas as centrais, movimentos sociais, populares e toda a classe trabalhadora. Ampliaremos nossa campanha e  vamos alavancar um grande movimento”, finalizou a secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa.
Fonte: CUT Brasília