Temer responde manifestantes contra PEC 55 nos moldes da ditadura
“O movimento, de forma organizada, desceu pacificamente para o Congresso Nacional. Ao chegar lá, foram recebidos com violência total pela polícia, que transformou a Esplanada em uma praça de guerra. Não pense o golpista Temer que, com truculência, irá silenciar os trabalhadores que se manifestam contra a retirada de direitos”, avisa o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
“Não estamos aqui para causar desordem. Estamos apenas lutando por nossos direitos como cidadãos de bem. É uma injustiça que esse governo golpista nos receba de tal maneira. Isso só prova que ele não tem capacidade de ouvir a voz da população”, destacou o estudante brasiliense, Lucas Santos.
Por volta das 16h, militantes e dirigentes da CUT, estudantes de todo o Brasil, professores e demais trabalhadores da educação e de várias outras categorias, representantes de movimentos sociais e a sociedade em geral se concentram em frente ao Museu da República. Cerca de uma hora depois, às 17h, os manifestantes desceram em marcha até o gramado do Congresso Nacional.
“Viemos à Brasília hoje para mostrar para esses parlamentares que não deixaremos essa PEC da Morte passar. É um projeto que acaba com todas as possibilidades de nós estudantes termos um futuro melhor. Estaremos na luta, seja nas ocupações ou nas ruas”, disse o estudante Gustavo Luiz, de Minas Gerais.
Do lado de dentro do Senado, parlamentares aliados a Temer defendiam com unhas e dentes a PEC 55, mesmo que a oposição fizesse defesas contundentes e sólidas sobre o prejuízo que a proposta trará à sociedade brasileira, principalmente a de menor renda.
O senador Ronaldo Caiado, disse na tribuna do plenário que a PEC 55 tem como meta restabelecer o bom funcionamento econômico do Brasil que, segundo ele, “foi destruído pela corrupção no governo do PT”. O senador do DEM goiano é acusado de ter recebido dinheiro ilícito para suas campanhas eleitorais. Segundo o ex-senador cassado Demóstenes Torres, que era do Democratas, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, amigo de Ronaldo Caiado, teria financiado com verba ilícita suas campanhas de 2002, 2006 e 2010.
Já os senadores da oposição explicaram que a PEC 55 aprofunda ainda mais o desajuste econômico instalado no Brasil, condicionando o país não só a uma recessão, mas a uma profunda depressão. Isso porque o objetivo da proposta é cortar investimentos sociais para pagar a dívida pública, durante 20 anos.
“Essa PEC 55 é a continuidade do golpe. O golpe não era só pra afastar a presidenta Dilma, era retirar direitos sociais, era retirar direitos dos trabalhadores, era atentar contra a democracia (…) Eu quero que mostrem uma medida que atinja os ricos com essa PEC. Taxação de grandes fortunas, lucros e dividendos, juros. Nada! Não há nada para os ricos, não há nada para os banqueiros. É um ajuste feito todo em cima do povo pobre brasileiro”, discursou em plenário o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Os parlamentares que se opõem à política anti-social de Temer chegaram a reivindicar a aprovação da emenda que condiciona a validade da PEC 55 à aprovação de um referendo, rejeitada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e reapresentada no plenário nesta terça (29). “Se não tem medo do povo, então vamos para o referendo”, instigou a senadora Regina Sousa (PT/PI). O pedido, entretanto, não tem expectativas de ser aceito, embora pesquisa pública realizada pelo Senado Federal tenha contabilizado até as 15h24 desta terça (29) 352.952 votos contrários à PEC 55 e 23.306 favoráveis.
A base aliada a Temer, aliás, vem embarrerando qualquer tipo de participação social quanto à PEC 55. A votação da proposta nesta terça (29) foi feita a portas fechadas, atropelando o Regimento Interno do Senado. Mesmo com diversos pedidos da oposição para que liberasse a galeria à participação dos representantes das organizações que organizaram a marcha, o presidente da Casa, Renan Calheiros, se opôs a dar transparência ao processo de votação da Proposta de Emenda à Constituição.
“Só a classe trabalhadora organizada e nas ruas vai fazer com que a gente reverta esse golpe e encerre, de uma vez por todas, este Estado de exceção, conseguindo, efetivamente, barrar todos esses projetos que vêm prejudicando o serviço e os servidores públicos, todos os demais trabalhadores e a Nação brasileira”, avalia o dirigente do Sindicato dos Servidores Públicos do DF, Oton Pereira Neves.
Esquenta
As ações contra a PEC 55 iniciaram nas primeiras horas da tarde desta terça (29), com animação, batucada e atos lúdicos. Estudantes vindos de caravanas dos quatro quantos do País se concentraram em frente ao Ministério da Educação (MEC), onde gritaram palavras de ordem ao som de tambores.
“Estamos aqui por um propósito: defender o futuro da educação para as próximas gerações. Essa PEC da Morte congela os investimentos em saúde e educação por 20 anos, gerando o desmonte dos serviços públicos. Nosso ato é legítimo, e apesar das constantes repressões e desmerecimento da nossa causa, não iremos desistir de lutar nunca. Não vamos aceitar nenhum retrocesso imposto por esse governo ilegítimo”, afirma a aluna do Instituto Federal do Paraná, Fernanda Santos, 18.
Paralelo ao ato no MEC, estudantes realizaram ações lúdicas na rodoviária do Plano Piloto. Através de flash mob, eles encenaram como o presidente ilegítimo Michel Temer vem retirando direitos da classe trabalhadora e da sociedade em geral.
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A União Nacional dos Estudantes afirma que a manifestação organizada pelos movimentos estudantis e sociais neste dia 29 de novembro em Brasília foi um ato pacífico, democrático e livre contra a PEC 55, que está em votação no Senado.
Não incentivamos qualquer tipo de depredação do patrimônio público ou violência. Em meio aos mais de 50 mil manifestantes, o que nos assusta e nos deixa perplexos é a polícia militar do governador Rollemberg (DF) jogar bombas de efeito moral, gás de pimenta, cavalaria e balas de borracha contra estudantes, alguns menores de idade, que protestavam pacificamente.
Isso nada mais é do que o reflexo de um governo autoritário, ilegítimo e que não tem um mínimo de senso de diálogo.
Fonte: CUT Brasília