Projeto Teatro Rodas Colaborativo fortalece laços de fraternidade e autonomia dos estudantes na Escola Parque 210/211 Sul

Todos e todas sabemos que o período que a pandemia da covid-19 vem durando trouxe desafios inimagináveis há pouco tempo. Para a escola, foi muito mais que um momento de reinventar-se, foi um momento que demandou dos profissionais da Educação muito mais trabalho ainda do que já estavam habituados a ter. Familiarizar-se com ferramentas tecnológicas, criar novos métodos de ensino-aprendizagem, cuidar da sanidade mental sua, dos colegas, dos estudantes. Preocupar-se, mais do que nunca, com o acesso dos estudantes aos conteúdos.

Foi nesse contexto que a professora Elisabete Ferreira da Cunha de Sousa, conhecida como Bete Cunha, criou o projeto Teatro Rodas Colaborativo na Escola Parque 210/211 Sul, com seus estudantes de 4º e 5º anos. “Era um momento atípico, no qual foi preciso pesquisar e estudar bastante para trabalhar as emoções, linguagem corporal, elementos de teatro… Tudo mediado pelas tecnologias, sem a presença física”, conta Bete.

Um dos objetivos da professora Bete era trabalhar a autoestima dos estudantes, bem como questões sociais e ambientais, de forma lúdica. O acesso desigual a equipamentos e conexão de qualidade representaram um obstáculo, mas Bete não se intimida diante de desafios. “O apoio das famílias foi fundamental”, lembra ela. “Em alguns casos, os estudantes partilhavam a internet com vizinhos”, conta.

       

Com o retorno presencial híbrido dos estudantes à escola, os desafios se renovaram. A necessidade latente de manter os cuidados, sobretudo o uso de máscaras de proteção e a garantia do distanciamento social, combinou-se com a dinâmica do teatro, que exige contato. “Teatro é ao vivo, aquele momento, as emoções, as pessoas que estão lá e sentem o calor, os cheiros, as sensações”, destaca Bete. Os figurinos, as maquiagens, o cenário, tudo compõe a abordagem teatral de determinado tema; e tudo isso foi deslocado dentro da dinâmica imposta pela pandemia.

“Neste projeto resolvi fazer um trabalho onde a questão principal foi o meio ambiente. E então, tentei através do teatro dialogar com os estudantes sobre essas questões ambientais e também não deixando o lúdico lado”, explica Bete. “Depois de muito pesquisar, resolvi trabalhar mesmo a linguagem corporal, símbolos, com as músicas e o figurino identificando as personagens, trabalhando essa simbologia das roupas e das músicas”. Ela conta que a criação das histórias é discutida em sala de aula e com a comunidade: “Assim os estudantes puderam passar a mensagem deles, com muita motivação, muita felicidade, muito envolvimento por parte deles e minha também”.

As atividades e histórias culminaram com a apresentação de quatro exercícios, dos quais três tinham como tema o meio-ambiente. O quarto exercício foi construído a partir de pedaços de histórias escolhidos pelos estudantes, e se chamou Fragmentos. “A Escola Parque 210/211 Sul é uma escola que sensibiliza os estudantes para as áreas de artes, teatro, música e educação física. Nesse sentido, procurei trabalhar com os estudantes essa sensibilização, dando o norte para que eles pudessem caminhar sozinhos, fazer suas próprias escolhas para pensar questões sociais, questões ambientais”, destaca Bete.

Bete Cunha é professora aposentada da rede pública de ensino do Distrito Federal, e nos últimos anos tem trabalhado em regime de contrato temporário. No projeto Teatro Rodas Colaborativo, ela contou com a participação da sua colega Maria Regina Sousa Saraiva Nazareno, também professora aposentada da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal e ex-professora da Escola Parque 210/211 Sul; de Letícia Cunha, ex-aluna da escola e atualmente mestranda em Artes Cênicas na Universidade Federal do Maranhão; Gabriel Tavares da Cunha, ex-aluno; e Briza Mantzos, também ex-aluna da e atualmente estudante da Universidade de Brasília em Licenciatura em Artes Cênicas.

Letícia Cunha destaca a importância da autonomia dos estudantes e de eles se compreenderem enquanto um coletivo dentro de sua diversidade: “Nós possibilitarmos aos estudantes um espaço para eles serem autônomos, para eles pensarem juntos, para eles produzirem juntos, faz com que eles se sintam parte daquilo, integrante daquilo e isso permite fazer com que eles pensem também nas possibilidades. Então quem tem mais habilidade e que ajudar na maquiagem sinta-se à vontade para ajudar na maquiagem, ou na iluminação, sonoplastia… Toda essa parte colaborativa que eles podem ajudar e está estimulando é muito importante para que eles se reconhecem enquanto participantes e para estarem ativos no processo, mas também para eles experimentarem as possibilidades que o teatro permite, não existem só atores e atrizes também tem uma série de outras áreas que eles podem atuar”.