Sucateamento: educação inclusiva e especial pedem socorro

Há muito tempo o Sinpro-DF denuncia o sucateamento da educação pública no Distrito Federal (DF), consequência da falta de investimento, da desvalorização dos seus profissionais e dos constantes atropelos à gestão democrática e à autonomia das escolas. Neste início de ano letivo, um segmento profundamente afetado por essa realidade foi o da educação especial.

 

Depois da demora no repasse do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDAF), ele veio menor em relação a um ano atrás, os Centros de Educação Especial (CEE) tiveram seu acréscimo reduzido de 200% para 100%. A primeira semana do ano letivo também evidenciou a falta de monitores e monitoras, o que representa um prejuízo de grandes proporções, especialmente, para a educação inclusiva.

 

“A Educação Especial é um dos setores mais prejudicados pela política de sucateamento da educação pública do atual governo. Este ano, as Turmas de Integração Inversa tiveram aumento do número de estudantes com deficiência atendidos. Em algumas turmas, dobrou essa quantidade: passou de um para dois ou três. Isso é resultado da Estratégia de Matrícula feita de modo unilateral”, observa Luciana Custódio, diretora do Sinpro-DF.

 

Ela afirma que “o aumento unilateral de número de estudantes por turma, sem correspondente aumento de investimento e ampliação de salas de aula, sem a atuação importante de monitores e sem uma política organizada de elaboração de uma plataforma pedagógica bem estruturada, vai causar muitos danos aos estudantes da educação especial e da educação inclusiva”.

 

E completa: “O momento atual deveria ser dedicado a buscar minimizar os efeitos do limbo pedagógico deixado pela pandemia da Covid-19, mas o governo parece estar assumindo o trajeto oposto”.

 

Em reunião com o Sinpro, na sexta-feira (18/2), gestores e gestoras expuseram e apontaram a falta de monitores como um dos principais problemas da primeira semana de aula. Indignados, pais de estudantes da educação inclusiva fizeram circular desabafos pelas redes sociais, denunciaram o descaso à ouvidoria e à imprensa.

 

Segundo números do próprio governo, em 2021, havia cerca de 6 mil educadores sociais voluntários. Em 2022, o número caiu para 2,6 mil. O Sinpro tem destacado a importância da nomeação e da realização de concurso para monitores e monitoras, para atender a uma demanda bastante sensível das escolas e das comunidades e combater a precarização numa área de trabalho tão importante.

 

Na avaliação da diretoria colegiada do Sinpro-DF, a educação pública e, sobretudo, a educação especial tem vivido um sucateamento sem precedentes. Não há, por exemplo, previsão de concurso para monitor e monitora. Dados da educação pública não são tratados com transparência. Não há atualização dessas informações e, quando há, não são confiáveis.

 

O governo Ibaneis atua fora das recomendações pedagógicas, educacionais e psicossociais e trata as escolas como se fossem prédios repositórios para “entulhar” seres humanos das classes mais pobres. A prova disso é a superlotação das salas de aula sem a necessária realização de concurso público para os cargos do magistério público, sem a adequação dos ambientes escolares existentes e sem construção de novas escolas.

Com colaboração de Carla Lisboa

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