Estudantes da EC Sonhém de Cima protagonizam Projeto Folia do Livro Encantado

FOTOS: Professor Sérgio Teixeira e Joelma Bomfim/Sinpro-DF

 

 

Uma novidade pedagógica agitou a vida dos(as) estudantes do 5º Ano da Escola Classe Sonhém de Cima, situada no Assentamento Contagem, na Fercal. A turma toda participou do Projeto Folia do Livro Encantado, idealizado pelo professor de Atividades Sérgio Luiz Teixeira, mestre em Educação do Campo e membro do Fórum Distrital de Educação do Campo e do Fórum Nacional de Educação do Campo. “É a primeira vez que realizamos este projeto”, informa o professor.

A proposta e o objetivo pedagógicos do projeto é levar os(as) estudantes a conhecer a cultura secular da Folia do Divino Espírito Santo e promover um espaço-tempo de leitura para as crianças que participam dessa manifestação cultural por meio de rodas de prosas e leituras, contação de histórias e registro dos desenhos e dos depoimentos dos(as) participantes.

“A interação das agências formativas e educativas camponesas com a Folia do Divino Espírito Santo e a EC Sonhém de Cima possibilita um partilhar de saberes, fazeres e valores humanos que contribuirão para o desenvolvimento intelectual e cultural dos(as) estudantes”, explica Sérgio Teixeira.

 

 

Projeto

Nos dias 6 e 7 de setembro, os(as) estudantes do 5º Ano participaram da Folia em Louvor ao Divino Espírito Santo, uma festa cultural realizada há mais de 30 anos na Fercal, que acontece sempre no mês de setembro. A Fercal aderiu à tradição realizada, secularmente, em Planaltina e em toda a região norte do Estado de Goiás. Atualmente, a tradição envolve várias cidades-satélites do Distrito Federal.

“A minha turma de 5º Ano participou apenas por dois dias: na quarta-feira de tarde para verem os preparativos; e na quinta-feira (7), com atividades realizadas com as crianças, filhos e filhas dos foliões, que, tradicionalmente, participam da festa. Observamos como eram feitos os preparativos e registrar todo processo de como são feitos os preparativos da folia, como seria o assentamento, o local da janta, como se organizam as cozinheiras etc.”, disse.

Ele conta também que conversaram com os(as) organizadores(as) da folia para registrar as tarefas de cada um. Por exemplo, bem emblemático da tradição é a presença do caixeiro, que toca a caixa para anunciar tudo o que tem na festa. Há também o guia da folia, que, este ano, foi o senhor Elvécio, que acolheu a equipe e permitiu a participação da escola. Há os(as) regentes, que organizam todo o processo desde a alimentação até o assentamento; os(as) pouseiros(as), que são as famílias que recebem os foliões durante uma noite; o alfere, que é o personagem que está pagando a promessa e tem a incumbência principal de carregar a Bandeira do Divino em todo o giro da folia”, explica o professor.

 

 

Tradição

Trata-se de uma festa católica que já integra a expressão cultural do povo brasileiro, cujo roteiro é formado pela celebração católica realizada num altar, as rezas e a apresentação da catira ou cateretê – uma dança do folclore brasileiro em que o ritmo musical é marcado pela batida dos pés e mãos dos(as) dançarinos(as). Com suas raízes em Goiás, norte de Minas e interior de São Paulo, a catira tem influências indígenas, africanas e europeias.

A catira é a última etapa da festa, no entanto, no dia da participação dos(as) estudantes da EC Sonhém de Cima, um grupo dançou para eles(as) e, além disso, cada estudante foi recebido(a) e agraciado(a) com o lenço e o broche – símbolos que dão a eles e elas a denominação de foliões(ãs). “Antes da pandemia essa mesma folia passou na escola, com outro alferes, mas a gente não registou”, informa.

Várias novidades cercaram a cena da Folia do Divino Espírito Santo este ano. Além da participação dos(as) estudantes, foi a primeira vez na história que uma mulher fez o papel de “alferes”. A primeira alfere da história da Folia do Divino foi Emily Pedrina e sua família, a pessoa que irá organizar a festa. A alfere é a personagem que paga a promessa.

 

 

Participação

“Eu a conheci antes da pandemia da covid-19 e nesse período já tinha interesse em acompanhar a folia de forma pedagógica e materializar esse contexto histórico. Como o primeiro pouso da folia deste ano ia acontecer na chácara ao lado da escola, no dia 6 de setembro, levei os estudantes para acompanhar o primeiro dia para que entendessem de todo o processo de preparação da festa”, conta Sérgio.

“Peguei esse gancho da folia e, no dia 7 de setembro, segundo dia, levamos alguns livros para as crianças que participam da folia. Pedimos também para que as crianças contassem e desenhassem mostrando o que foi a folia para eles. Os filhos e as filhas dos foliões contaram e desenharam o que é a folia para eles. Nesse caso, minha turma, de 5º Ano, acompanharam os trabalhos desde a organização até um dia da folia no pouso, que é uma chácara em que os foliões chegam à noite e ficam até o outro dia depois do almoço. Daí vão para outro pouso. Tudo isso para nossos estudantes entenderem como é feita a logística da festa”, informa.

Este ano, cerca de 300 foliões e foliãs, todos e todas a cavalo, participaram do evento. Sérgio diz que a Folia do Divino é um evento muito grande. “No sábado, por exemplo, havia mais de mil pessoas participando”. O professor conta que pretende repetir a atividade em outubro deste ano, na Folia de Nossa Senhora Aparecida. “No final, pretendemos fazer um livro escrito pelos(as) estudantes e também um documentário com o Sinpro-DF”, finaliza.

A direção da escola deu todo o apoio ao trabalho. Atualmente, a diretora da EC Sonhém de Cima é a professora Maria do Socorro Xavier Rodrigues Ritter; a vice-diretora é Maria Valdenice Souza; a coordenadora é Maria Zeneide do Nascimento Santana e o coordenador da Educação Integral é o professor Roberto Veríssimo. “Agradeço também a professora Ana Beatriz, pelo apoio; à alfere Emily; ao guia da folia, senhor Elvécio, que permitiu e acolheu nosso projeto; bem como o senhor Vanderlucio Alarcão, presidente associção do Grupo de Folia Cavaleiro do Divino”, finaliza