Sinpro-DF: “Se muito vale o já feito, mais vale o que será”

Por Rosilene Corrêa

Ao comemorar 40 anos de existência, os atuais desafios do SINPRO/DF convocam a categoria a fortalecer a resistência e se reinventar enquanto profissionais da educação e classe trabalhadora.

Os ataques aos direitos trabalhistas têm sido diários. A educação possivelmente é a área que mais tem sido objeto de ações ofensivas.

A imposição de amarras e mordaças, limitando e extinguindo direitos, trazem incerteza ao país e à educação: reforma trabalhista, congelamento dos investimentos em educação (por 20 anos), reforma da previdência, escola sem partido, ideologia de gênero, militarização das escolas e o ataque à liberdade de cátedra primam pela desorganização educacional, com o claro intuito de transformar a escola em mera transmissora de conteúdos basicamente técnico-mecanicistas. A educação pública está sendo alinhada para preparar mão de obra barata.

Essa realidade determina um novo perfil de trabalhador/a. O trabalho passa a ser ameaçado fortemente, com terceirização de profissionais e de conteúdos, por exemplo. Retira-se das pessoas as condições de exercício de seu ofício com dignidade e com a essência que é peculiar à nossa profissão. A educação pública, de qualidade e gratuita, garantida pelo Estado como direito social está em xeque. Afiançar esse conjunto fundamental exige conjunto, unidade. A conjuntura pede que “ninguém solte a mão de ninguém”.

Os 40 anos do SINPRO/DF são um marco histórico em defesa da valorização da educação e de seus profissionais. A entidade coordena a organização de trabalhadores/as no Distrito Federal que se configura em uma categoria forte, consciente de suas ações de cidadania e com clareza de que defender a educação exige ampliação de frentes. Processos educativos dizem respeito à sociedade como um todo.

Acumulamos, nesse tempo, conquistas, garantias, avanços. Temos dialogado com temas nacionais e locais, tendo como essência de atuação a luta pela valorização de professores/as, orientadores/as educacionais e especialistas, em defesa assertiva da escola pública de qualidade, democrática e plural.

A história nos ensina que para o povo trabalhador ter seus direitos garantidos, só a luta persistente e a sólida organização sindical produzem conquistas. A chamada é para a reinvenção. Sempre fomos desafiados à criatividade, à atualização de conhecimentos e à busca de relações democráticas no ambiente escolar. Essas, dentre outras, são características fundamentais para a educação pública de qualidade pela qual lutamos.

Temos como tarefa, também, o fortalecimento da organização nos locais de trabalho. A atuação organizada, com representação plantada na escola representa frutos para a democratização da ação sindical. Novos representantes estão convocados a disponibilizar sua crença em uma entidade que pode se tornar ainda mais forte e organizada.

Escrever os próximos 40 anos da história do SINPRO/DF é tarefa de todas/os. Educação é ensinar a “ler o mundo”. É espaço para além dos diferentes muros. Na escola e na organização sindical nós precisamos ser os destruidores de paredes. Direitos são coletivos e sua garantia quer consciência de pertencimento à categoria e à classe trabalhadora.

As lições do mestre Paulo Freire precisam ser revisitadas e resgatadas. Ele nos ensina que o ato de educar está mergulhado no compromisso cidadão de preparar sujeitos sociais, e como tal, responsáveis pela comunidade. Educadores/as precisam considerar sua atuação pedagógica também fora da escola, com visão e responsabilidade coletivas. A organização sindical é espaço democrático para este fim. Assim será nossa luta por um mundo “menos desigual, feio, malvado e desumano”. Para tanto, ao lado do amor e da esperança, é necessário expressar nossa indignação diante da injustiça. Esperançar exige resistência e reação. Afinal, o Brasil merece nosso empenho para que o país seja justo e fraterno para todos, pois nosso papel como educadores é imprescindível para transformar os espaços educativos e sociais.

 

*Professora da rede pública de ensino do DF, diretora do Sinpro-DF, da CNTE e da CUT