Sinpro-DF faz audiência pública pela reforma e construção de novas escolas no Paranoá e Itapoã

Uma comissão foi formada, na manhã desta quarta-feira (24), durante a Audiência Pública Popular, para dar encaminhamento aos projetos de construção de novas escolas, reformas das unidades existentes e estabelecimento de policiamento nas imediações das escolas públicas do Paranoá e de Itapoã.

A audiência foi uma atividade do Sinpro-DF com o Centro de Desenvolvimento e Cultura do Paranoá (Cedep) e a comunidade escolar das duas Regiões Administrativas (RA) e realizada na quadra coberta da Praça Central do Paranoá.

Mesa da Audiência Pública Popular Paranoá/Itapoã

A comissão irá intermediar e dar continuidade aos compromissos anunciados, durante a audiência, pelo secretário de Estado de Educação do Governo do Distrito Federal (GDF), Rafael Parente, que participou do início da atividade, administradores regionais do Paranoá e Itapoã e políticos da Câmara dos Deputados e da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

A Mesa foi formada por Luciana Custódio, diretora de Formação Sindical do Sinpro-DF, deputada federal Érika Kokay; Leila Oliveira, professora da SEEDF e presidenta do Cedep; Samuel, diretor do CEM 01, do Paranoá; Professor Isac, coordenador da Coordenação Regional de Ensino (CRE); administrador do Paranoá, Sérgio Damasceno, e, de Itapoã, Alessander Capalbo; Daniel Sousa, estudante do CEM 01 e representante do Grêmio Estudantil “Não Me Khalo”; além de representantes de deputados da CLDF, gestores, professores(as) e estudantes das escolas públicas do Paranoá e de Itapoã.

A diretora do Sinpro-DF destacou o gasto do GDF de R$ 3,6 milhões, por ano, só com transporte de estudantes do Paranoá e Itapoã para outras RA a fim de que tenham acesso à educação pública, e que, além da despesa elevada, o custo desse transporte causa o prejuízo psicopedagógico da desterritorialização da criança e do jovem.

Ela disse que o GDF não cumpre a lei federal da universalização da educação infantil ao deixar fora da escola mais de 90 crianças das duas RA aptas para o Ensino Fundamental e, 347, da Educação Infantil, porque não constrói escolas suficientes para cobrir a demanda da região. “O gasto de mais R$ de 3 milhões por ano com transporte equivale à construção de uma e até duas escolas públicas, por ano, nas cidades satélites do Distrito Federal”, denunciou Luciana.

Apesar de tanta gente fora da escola, da superlotação das salas de aula, das escolas improvisadas em prédios alugados sem condições adequadas para o exercício do magistério e do aprendizado, o governo Ibaneis fechou, este ano, duas escolas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Paranoá.

A professora Leila Oliveira disse que há 34 anos a população da cidade reivindica a construção de novas escolas públicas para dar conta dessa demanda. E indagou: “Por que é tão difícil construir escolas para a classe trabalhadora?”

Cláudio Amorim, subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação da Secretaria de Estado da Educação do DF (SEEDF), e representante do secretário, disse que a secretaria está com projeto de construir duas novas escolas de Ensino Fundamental e uma de Ensino Médio nas duas RA, além de reformas das existentes já previstas nas emendas.

Ele disse também que o projeto do governo Ibaneis é construir 50 creches, um centro cultural que funcione 24 horas, biblioteca pública e outras unidades de educação e cultura no Paranoá e Itapoã. A deputada Érika Kokay (PT-DF) lembrou que o Paranoá só se tornou região administrativa graças à luta dos moradores que enfrentaram o lobby do poder econômico e não permitiram que o local que hoje é o Paranoá se tornasse área de especulação imobiliária.

“Gastam-se mais de R$ 3 milhões só em transportes de estudantes. Isso mostra que precisamos de mais escolas nessas cidades. Precisamos de auditórios nas escolas, de quadras cobertas, bibliotecas, precisamos de que a escola seja o local que potencialize a nossa existência humana porque sabemos que a educação provoca medo nos poderosos que querem nos calar; provoca medo porque o povo educado e com consciência crítica é um povo que não pode ser dobrado, é um povo que irá traçar seu próprio destino”, disse a deputada federal.

Ela colocou o próprio mandato à disposição da luta do sindicato por uma educação de qualidade no DF e disse que quando a comissão estiver em atividade poderá contar com a bancada de Brasília no Congresso Nacional para produzir uma emenda de bancada que assegure qualidade nas escolas e, ao mesmo tempo, destine recursos para construção de novas e reforma das escolas existentes no Paranoá e em Itapoã.

Daniel Sousa, do Grêmio Estudantil Não Me Khalo, falou das salas de aula superlotadas, da falta de escolas, de estudantes sem escola e, sobretudo, da falta de segurança nos arredores das unidades escolares. “Não queremos a militarização das escolas, mas queremos o Batalhão Escolar nas redondezas para impedir que o índice de assaltos e agressões com armas de fogo e armas brancas contra estudantes nas proximidades das escolas do Paranoá e do Itapoã continuem aumentado”, disse.

Os professores de história, Edicarlos Silva e Pedro Carvalho, do CEM 01, do Paranoá, disseram que a audiência pública foi importante para materializar o pleito das duas RA e a instalação de Batalhão Escolar para coibir a criminalidade e assegurar a segurança nas imediações das escolas.

Ambos ressaltam que reivindicar o policiamento ao redor das escolas não significa a militarização das escolas públicas do Paranoá e Itapoã. “A polícia tem de atuar na comunidade, com policiamento fora dos muros das escolas”, observam. Eles relatam haver, quase diariamente, vítimas de assaltos com agressões físicas e ferimentos com armas brancas a estudantes nos arredores das unidades escolares.