Sinpro celebra Dia Nacional de Dandara, Zumbi e da Consciência Negra com Arte

O combate ao racismo passa, necessariamente, pela visibilidade das pessoas negras. Essa visibilidade deve ser concretizada em todos os espaços, inclusive na Arte, que é instrumento de conscientização e de denúncia. O ato político-cultural do Sinpro “Manifestações culturais negras: Luta e resistência de um povo”, realizado nessa segunda-feira (18/11) em celebração ao Dia de Dandara, Zumbi e da Consciência Negra, deu materialidade a essa ideia.

No centro do palco do Teatro dos Bancários, negras e negros contaram suas histórias, lutas e resistências em forma de texto, dança, discurso, dramatização. Lições que também lembram que é o povo preto que segue sustentando o Brasil.

Dirigentes do Sinpro com a Companhia de teatro Semente

 

“Através da Arte, dialogamos sobre o sistema racista, sobre o mito a democracia racial implantado pela elite para dizer que não há racismo, mas que fecha todas as portas para que a gente não tenha espaço. É uma noite para dizer que podemos ser atores e atrizes, ilustradores e ilustradoras, escritores e escritoras, médicos e médicas, engenheiros e engenheiras. Nós, o povo preto, podemos ser o que quisermos”, disse a diretora do Sinpro Márcia Gilda.

O ato político-cultural do Sinpro teve início com o lançamento do livro “Saltei em Cuba e vim parar na Ruralzinha”, produzido pela classe especial do professor Helder da Silva, da Escola Classe Riacho Fundo. Em seguida, foi apresentada a peça teatral “Corpo Fechado”, da Companhia de Teatro Semente. Também subiu ao palco a Companhia de Dança Corpus Entre Mundos, criada pelo bailarino e coreógrafo angolano Dilo Paulo.

“Essa noite é como se fosse um grão de areia de uma grande praia que cerceia o mar que nos trouxe até aqui diasporicamente. Precisamos ter certeza de que mesmo sendo grãos de areia, nós constituímos a praia”, disse a professora Neide Rafael.

Durante o evento, a diretora do Sinpro Ana Cristina Machado lembrou Nelson Mandela. “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. Essa educação que Nelson Mandela definiu é a educação que a gente acredita e usa para resistir.”

Bailarino e coreógrafo angolano Dilo Paulo, da Companhia de Dança Corpus Entre Mundos


Feriado Nacional

Presente no ato-cultura do Sinpro, a professora Leda Gonçalves lembrou que, pela primeira vez, o dia 20 de novembro é celebrado como feriado nacional, agora com o nome de Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

“Temos sim muito a celebrar; muitas lutas e resistência. O nosso país foi invadido há 524 anos. Temos mais tempo do regime de escravidão do que o atual capitalismo dependente. Quem sustentou esse país nos braços foi a população negra. Ela resistiu na escravidão e resiste atualmente neste capitalismo dependente”, disse. Entretanto, para ela, também é urgente romper com a desigualdade de gênero, raça e renda. “O Brasil tem 1% de ricos e 100 milhões de pobres, a maioria a população negra, a mulher negra”, contextualizou.

 

Professor Helder da Silva, da Escola Classe Riacho Fundo, com as dirigentes do Sinpro Ana Cristina Machado (de vermelho) e Márcia Gilda, e estudantes que produziram o livro “Saltei em Cuba e vim parar na Ruralzinha”

 

A deputada Érika Kokay (PT-DF) se somou à atividade e lembrou que a pauta antirracista ainda tem dificuldade de fazer parte do dia a dia do Congresso nacional diante do “racismo estrutural perenizado com sua própria negação”.

 

 

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