Sindicalistas do Brasil e da China reforçam cooperação por direitos, inclusão e sustentabilidade   

Com o objetivo de aprofundar o diálogo internacional sobre trabalho, direitos e cooperação sindical entre Brasil e China, dirigentes da CUT e outras centrais sindicais brasileiras participaram do seminário, em Pequim, capital chinesa.

Como ação concreta, o Seminário de Intercâmbio Internacional Brasil-China, propõe ações importantes de valorização e ênfase no multilateralismo e na busca por negociação de direitos internacionais, abrindo espaço para ações conjuntas Brasil-China integrando propostas institucionais na dimensão geopolítica e as prioridades do Sul Global.

“Aplaudimos o fortalecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil, bem como o presidente chinês xi Jinping e o presidente brasileiro Lula, que declararam elevar essa relação conjuntamente, trabalhando juntos para a construção de um mundo mais justo e um planeta mais sustentável. O seminário promovido e financiado pela ACFTU (All-China Federation of Trade Unions), materializa o objetivo de fortalecer ainda mais as relações amistosas entre as organizações sindicais chinesas e brasileiras. Essa cooperação sindical, amplia o debate sobre os desafios enfrentados pela Classe Trabalhadora e a construção conjunta de estratégias para a conquista de direitos com ênfase no fortalecimento do estado de direito internacional e nas iniciativas práticas como a mediação intergovernamental”, disse Luciana Custódio. Ela foi uma das representantes da CUT no seminário.

 

Luciana Custódio integrou a comitiva de sindicalistas brasileiros. Ela foi uma das representantes da CUT no encontro

 

Brics sindical

O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, lembra que os diálogos entre sindicalistas brasileiros e de outros países, especialmente com aqueles que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), vêm se consolidando ao longo dos anos.

Segundo o dirigente sindical, o processo foi intensificado com a criação do Fórum Sindical do Brics – uma plataforma de cooperação, em que as centrais sindicais dos países membros e parceiros se reúnem para debater questões laborais, sociais e outras.

Com a China, por exemplo, a discussão é estratégica, já que o país é hoje um dos principais parceiros comerciais do Brasil e possui várias empresas em solo brasileiro. “A defesa dos direitos da classe trabalhadora tem que ser feita em todos os fóruns possíveis. Em um mundo globalizado e cada vez mais digital, é fundamental que os trabalhadores estejam articulados para enfrentar os ataques das cadeias de produção”, disse Lisboa.

Seminário Brasil-China

O evento foi promovido pela Federação Nacional dos Sindicatos da China e teve como tema “Compartilhando a experiência da modernização chinesa e explorando a nova perspectiva do trabalho sindical”. De 16 a 23 de setembro, sindicalistas brasileiros participaram de debates, atividades políticas, culturais e de integração, e trocaram experiências sobre a luta em defesa da classe trabalhadora.

A iniciativa buscou aproximar lideranças sindicais dos países e ampliar o espaço de discussão sobre os desafios globais que afetam trabalhadores(as) dos dois países. О encontro também reforçou a cooperação internacional, visando à construção de estratégias coletivas em defesa dos direitos.

O seminário foi realizado em um momento em que Brasil e China celebram 50 anos de relações diplomáticas. Ao longo de cinco décadas, os países construíram uma parceria estratégica que fortaleceu os laços comerciais, culturais, científicos e tecnológicos entre os povos.

Em maio deste ano, o presidente Lula e o presidente chinês xi Jinping se reuniram e anunciaram a necessidade de fortalecer o intercâmbio sino-brasileiro em todos os níveis para garantir o desenvolvimento saudável e estável das relações bilaterais a longo prazo.

Entre outros pontos, o seminário destacou que propostas institucionais também carregam dimensão geopolítica quando visam integrar prioridades do Sul Global, como representatividade, desenvolvimento e fortalecimento da capacidade técnica.

Nesse contexto, observou-se a importância de se inspirar em novas formas de organização da classe trabalhadora e na apropriação de tecnologias aplicadas pela China. A ideia é que essas experiências sirvam como referência para promover cooperação, inovação e inclusão em fóruns multilaterais, fortalecendo o diálogo global.

“Retornamos fortalecidos, convictos de que a troca de experiências e a cooperação internacional ampliam nossa capacidade de luta. O aprendizado construído ao longo desse intercâmbio, com participação de diferentes ramos, será colocado a serviço também da defesa da educação pública do Brasil que estava lá representada e articulada no debate importante sobre a internacionalização de direitos, a partir da perspectiva da modernização como ferramentas para conquista de um planeta sustentável, justiça social, direitos e dignidade para a classe trabalhadora”, disse Luciana Custódio.

 

Da direita para a esquerda, Luciana Custódio, representando a CUT, e Xi Liu Ping, Primeiro Secretário da ACFTU. Ao lado deles, sindicalistas brasileiros que participaram do seminário na China