Sessão solene em memória da Nakba palestina na CLDF

Uma sessão solene em memória da “Nakba” – a catástrofe (ou desastre) palestina – será realizada, nesta sexta-feira (26), às 19h, no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Convocada pelos deputados distritais Gabriel Magno, Chico Vigilante e Ricardo Vale, todos do PT, a sessão solene visa relembrar o êxodo em massa que mudou o destino e a tentativa de destruição da nação e do Estado palestinos.

Uma cena da história após a guerra áreabe-israelense de 1948 e pós-Segunda Guerra Mundial, que registra a expulsão de centenas de milhares de suas casas e seus territórios. A Nakba palestina ocorreu há 75 anos, no dia 15 de maio de 1948.”A luta do povo palestino é uma luta de libertação e de emancipação nacional. Também é uma luta por direitos físicos, direitos humanos e direitos políticos. O povo palestino precisa de nossa solidariedade política para que seja um Estado Palestino Laico e Democrático em toda a Palestina Histórica, onde possam viver cristãos, muçulmanos, judeus, ateus, etc., sem racismo, sem colonialismo, sem imperialismo. Sejamos solidários e unidos em nossa luta por um mundo justo e pacífico”, explica o deputado em sua justificativa no Requerimento 552, aprovado pelos(as) parlamentares.

No documento, os parlamentares apresentam um breve resumo da opressão histórica ao povo palestino e a disputa pelos territórios na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental ganhou um novo capítulo brutal no dia 15, quando o mundo lembrou mais um ano da Nakba, os 75 anos da tragédia Palestina.

A Mesa do evento conta com a presença do próprio deputado Gabriel Magno, da deputada federal Erika Kokay (PT-DF); Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, embaixador da Embaixada da Palestina; Ahmed Fakri Said Alasaad, ministro conselheiro Vice-Chefe da Missão Diplomática da Embaixada do Estado da Palestina no Brasil – Representando o Embaixador.

Também estarão presentes Qais Marouf Kheiro Shqair, embaixador da Liga dos Estados Árabes no Brasil; Fátima Ali, vice-presidenta da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL); Emir Mourad, secretário-geral da Confederação Latino-Americana e do Caribe (COPLAC); Sayid Marcos Tenório, vice-presidente do IBRASPAL – Instituto Brasil-Palestina.

Uma breve história do que foi a Nakba e por que é uma data importante

No Requerimento 552, o deputado Gabriel Magno conta um pouco do que foi a Nakba, “catástrofe”. A palavra “Nakba”, em árabe, refere-se à expulsão violenta promovida por Israel após sua autoproclamação como Estado. Estima-se que cerca de 750 mil palestinos tenham fugido ou sido forçados a deixar suas casas e 418 vilas árabes foram destruídas pela ocupação israelense em 1948.

Segundo o site DW, até o fim da Primeira Guerra Mundial, o território palestino estava sob domínio turco, como parte do Império Otomano. Com a partilha dele após o fim do conflito, a Palestina passou a ser controlada pelo Reino Unido, no chamado Mandato Britânico da Palestina. A administração civil britânica operou de 1920 a 1948. Nesse período, um número crescente de judeus de todo o mundo se mudou para a região por considerá-la sua pátria ancestral.

Após o horror do Holocausto na Alemanha nazista, um plano de partilha da Palestina foi aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1947, prevendo a criação de dois Estados: um judeu e, outro, palestino. A Liga Árabe rejeitou o plano, enquanto a Agência Judaica (autoridade para a comunidade judaica na Palestina antes da fundação do Estado de Israel) o aceitou. Em 14 de maio de 1948, o Estado de Israel foi proclamado.

Em reação, uma coalizão de cinco Estados árabes declarou guerra, mas acabou sendo derrotada por Israel em 1949. Antes do conflito, entre 200 mil e 300 mil palestinos fugiram ou foram forçados a deixar suas casas. Durante os combates, outros 300 mil a 400 mil foram deslocados. O número total é estimado em mais de 700 mil palestinos expulsos de seus territórios.

Magno destaca o fato de que “a Nakba aponta ainda para o problema de que muitos refugiados palestinos no exterior permanecem apátridas até hoje”, afirma.  Segundo a Resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 1948, e a Resolução 3.236, de 1974, bem como a Convenção da ONU relativa ao Estatuto dos Refugiados, adotada em 1951, os palestinos têm o “direito de retorno”. Os palestinos reivindicam que Israel acate as decisões da ONU e retroceda às linhas de 1948, e que tenham direito de andar livres nas ruas do seu Estado sem serem barrados, fichados, presos ou mortos pelo exército israelense.

“Pela primeira vez em sua história, a Assembleia Geral da ONU rememorou o Dia da Nakba – termo em árabe traduzido como “catástrofe”, como os palestinos descrevem a criação do Estado de Israel, mediante limpeza étnica, em 15 de maio de 1948. Foi uma ocasião para reafirmar que o nobre objetivo de justiça e paz requer reconhecer a história e a realidade do povo palestino e garantir que seus direitos inalienáveis sejam respeitados”, escrevem os parlamentares na justificativa da sessão solene.