Série de livros de escritores negros e indígenas é lançada

 
A coleção Faces do Brasil – História e Cultura foi lançada na última quinta-feira, dia 15, em solenidade na Fundação Cultural Palmares (FCP), em Brasília. Organizada pela professora Jacy Proença, militante histórica do movimento negro nacional, a coleção, uma publicação da Editora Ética do Brasil, é composta por 42 obras de professores, pesquisadores e escritores de 14 estados das cinco regiões brasileiras. A coleção é destinada a alunos e educadores do ensino fundamental e médio.
O objetivo da coleção é contribuir para a implantação e consolidação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 – documentos que estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional, para a inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Cerca de 200 pessoas participaram do lançamento. Eram representantes da FCP, das Secretarias de Políticas pela Igualdade Racial dos governos federal (SEPPIR) e distrital (SEPPIR-DF), de conselhos pela igualdade racial de todo o Brasil e do movimento negro, indígena e de mulheres, bem como religiosos de matriz africana, quilombolas e embaixadores dos países africanos de Guiné Bissau, Etiópia, Benin e Burkina Faso.
A professora Jacy Proença, muito emocionada, falou da trajetória que acabou originando a coleção Faces do Brasil, desde o momento em que a Editora Ética do Brasil abraçou a ideia até a consolidação do projeto. “Estou profundamente agradecida a todos que colaboraram para chegarmos aqui”, disse.
O presidente interino da Fundação Cultural Palmares, Martvs das Chagas, elogiou a iniciativa da editora e o trabalho da professora Jacy Proença. “Sem dúvida, trata-se de uma grandiosa contribuição para divulgar a história e a cultural afrodescendente e indígenas. Estão de parabéns a editora e você, professora Jacy”, afirmou.
Direito
Representante do Distrito Federal entre os autores, Claúdio Rodrigues Braga escreveu Interdisciplinariedade jurídica do direito agrário: direito fundiário das comunidades quilombolas e indígenas. Há cerca de vinte anos estudando a questão da presença de comunidades quilombolas e indígenas em reservas ecológicas, Braga defende em sua obra o direito desses povos a permanecer em seus locais de habitação originais.
 
Alguns avanços foram conseguidos nos últimos anos, mas ainda há muito a ser feito quanto à demarcação de terras. “Muitas vezes não consideramos que a comunidade já está lá há 200 anos”. O motivo para a luta é claro, segundo o autor. “Nós viemos desses povos”. Mais do que uma questão puramente territorial, a legislação a respeito desse assunto tem a ver com cidadania. (publicado originalmente no caderno “Eu estudante” do Correio  Braziliense)