“Ser vacinado é um direito nosso. Vacinar é obrigação do GDF”

Qual a justificativa para a demora da vacinação da população do DF contra a covid-19? Certamente essa é uma pergunta que a maioria dos mais 2,3 milhões de habitantes da capital do país deve se fazer todos os dias. A resposta do governo do DF, entretanto, flutua entre a superficialidade e a displicência.

No “Respostas Diretas”, publicado no perfil do governo local no Twitter, o GDF se limita a dizer que o Plano Nacional de Imunização é o responsável por designar o número de vacinas que cada estado receberá e determinar quem será vacinado. “O GDF depende do governo federal para acelerar a imunização”, afirma o governo no vídeo de pouco mais de dois minutos e meio.

“O que se vê, inclusive declaradamente nos discursos do governador Ibaneis, é a obediência cega a uma política aplicada pelo governo federal, denominada no mundo inteiro como genocida. Nenhum questionamento é feito. Ao contrário, por diversas vezes, o governador diz que Bolsonaro está no caminho certo. É preciso lembrar que um governador deve representar um estado, no nosso caso, o DF. Cabe a ele, inclusive, defender, junto ao presidente da República, o interesse do povo que governa. Além disso, um governador deve, de acordo com as necessidades locais, criar uma política de saúde. Seguir cegamente o que o governo federal diz é o avesso de tudo que se deve fazer enquanto governador”, afirma a diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa.

Ao ser questionado sobre a performance de outros estados, como Maranhão, que nessa quarta-feira (16) convocou pessoas de 22 e 23 anos para se vacinar, o GDF se limita a dizer que aquele estado “ganhou muitas doses de vacinas extras por causa da nova variante da Índia”. “O que não se fala, entretanto, é que o DF está sendo seriamente impactado pela ineficiência do sistema de agendamento para se vacinar, por problemas de gestão, pela falta de campanha do governo em defesa da vacina. Aqui não há falta de logística, nem de recurso. Há falta de vontade política”, ressalta a diretora do Sinpro-DF Letícia Montandon. Na contramão das expectativas animadoras de outras regiões, a previsão do DF é de vacinar apenas 70% da população até outubro.

Com informações da própria Secretaria de Saúde do DF, a iniciativa DF Vacinado, encampada por organizações da sociedade civil, publicou em seu blog que, até o último dia 15 de junho, “somente 25,6% da população recebeu a primeira dose de vacina; e apenas 10,7% está imunizada com as duas doses. No geral, 26,32% dos brasileiros tomaram a primeira dose de vacina, e 11,21% já tomaram a segunda”. Na matéria ainda é feita a alerta de que “o DF é a terceira, entre as unidades da federação, com mais casos por 100 mil habitantes, ficando atrás, somente, de Roraima e Santa Catarina”.

Sobre as centenas de doses do imunizante contra a covid-19 estocadas, o GDF diz que a estratégia “garante que quem tomou a primeira dose, vai tomar a segunda com segurança”. “Não queremos criar expectativas falsas nas pessoas”, diz o GDF no vídeo publicado no Twitter. Diante da decisão um tanto controversa do governador, mais de 60 mil pessoas saíram do DF para se vacinar em Goiás, com quem Ibaneis estudava fechar divisa.

Na tentativa de acelerar a vacinação da população do DF contra a covid-19, o Sinpro-DF segue com a campanha “Ibaneis, cadê a vacina?”, que exige que o GDF realize a compra direta do imunizante, baseado na lei Nº 14.125/2021. “Ser vacinado é um direito nosso. Vacinar é obrigação do GDF. Não podemos abrir mão disso e aceitar que o governo faça o que bem entender enquanto o DF soma números alarmantes de mortos pela covid-19 todos os dias”, afirma a diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa. De acordo com ela, para além de pressionar o governo do DF, é necessário lutar pelo impedimento imediato do presidente Bolsonaro. “Todos os dias a CPI da covid mostra que o governo Bolsonaro, propositalmente, brecou a chegada de vacina contra a doença no Brasil. São milhares de pessoas mortas e morrendo de uma doença que tem vacina; morrendo por causa de uma política genocida. Não dá mais”, avalia.

O Brasil se aproxima de meio milhão de pessoas mortas pela covid-19. E a previsão dos epidemiologistas é de que o quadro caótico acelere, uma elevação causada também pelo relaxamento de medidas de segurança, como a abertura de escolas e comércios. Até outubro, o número de mortos no país pode chegar a 727 mil, segundo o Instituto de Métricas em Saúde da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

 
 

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