Salas lotadas e falta de investimentos são gargalos da educação, mostra pesquisa
Portal CUT – Escrito por: Redação CUT
Turmas com excesso de alunos, falta de motivação e de segurança e aprovação automática são algumas das principais dificuldades apontadas pela comunidade escolar, sendo que as periferias possuem um cenário ainda mais delicado. É o que aponta a pesquisa inédita “Ouvindo a comunidade escolar: Desafios e demandas da educação Pública de São Paulo”, realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Os dados ainda mostram que 9 em cada 10 estudantes, professores e familiares concordam que o governo estadual deveria investir mais em educação.
Para a presidenta da Apeoesp e deputada estadual, Professora Bebel (PT), está claro que a educação básica pública não vai melhorar sem mais investimento.
“Nossa realidade não é comparável com países que estão em grau mais elevado de desenvolvimento educacional, que têm condições adequadas de ensino-aprendizagem, projeto político-pedagógico que corresponde às necessidades dos estudantes e da sociedade e valorização dos profissionais da educação”, afirma Bebel.
“Os resultados da pesquisa demonstram que no estado de São Paulo existem tais gargalos, que precisam ser equacionados para que a nossa educação progrida”, completa a presidenta da Apeoesp.
Salas lotadas
O estudo revela que estudantes (66%) e professores (79%) consideram que suas turmas estão mais lotadas que o máximo ideal, sendo que estudantes (99%), seus familiares (98%) e professores (95%) afirmam que uma escola bem cuidada e bem equipada é fundamental para uma educação de qualidade.
Recentemente o governador Tarcísio de Freitas ( Republicanos), fechou mais de 300 salas em todo o estado de São Paulo.
Valorização dos professores
Quando questionados sobre a valorização dos professores, a comunidade escolar também reconhece a falta de valorização dos docentes e apoia a mudança dessa realidade.
Estudantes (73%), professores (89%) e familiares (75%) concordam que professores do estado de São Paulo são menos valorizados pelo governo do que deveriam. E estudantes (74%), professores (92%) e familiares (76%) afirmam que docentes do estado de São Paulo ganham menos do que deveriam.
“A comunidade escolar relata vivenciar no seu cotidiano dificuldades como superlotação de salas, violência e falta de motivação para o aprendizado. São fatores que se interconectam e prejudicam diretamente a educação pública. Garantir uma escola segura, bem equipada e com profissionais valorizados deveria ser o básico para evoluirmos no sentido de uma educação de qualidade”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Violência
Sobre a segurança, a maioria da comunidade escolar avalia como média ou alta a violência nas escolas estaduais de São Paulo. 69% dos estudantes, 68% dos professores e 75% dos familiares. Um estudo divulgado no final de março deste ano já apontava que mais de um milhão de alunos sofreram algum tipo de violência.
41% dos estudantes e 24% dos professores não se sentem seguros no entorno das escolas, 26% dos estudantes e 16% dos professores não se sentem seguros dentro das escolas.
A pesquisa revela ainda que 48% dos estudantes e 19% dos professores sofreram algum tipo de violência nas escolas. Avaliação de insegurança é maior para todos os perfis da periferia.
Pós-pandemia
O cenário pós-pandemia também é abordado na pesquisa já que a comunidade escolar reconhece que os desafios deixados pela pandemia para a educação permanecem.
Nove em cada 10 alunos, professores e familiares concordam que o ensino à distância durante a pandemia do coronavírus provocou grandes perdas de aprendizado. O mesmo número de estudantes, professores e familiares concorda que os alunos retornaram para as aulas presenciais com mais dificuldade de concentração e menor participação nas aulas.
Em todos os perfis da comunidade escolar a maioria enxerga um aumento de importância do papel da escola no pós-pandemia – estudantes (98%), professores (94%) e familiares (95%).
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre 30 de janeiro a 21 de fevereiro de 2023 e ouviu 1.100 professores da rede estadual, 1.250 estudantes com idade a partir de 14 anos e 1.250 familiares dos estudantes em todas as regiões do estado.
Com informações da Apeoesp
Fonte: CUT
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