Retrocesso – Câmara aprova PL que privatiza Correios

A Câmara dos Deputados deu mais um passo rumo ao retrocesso no Brasil, desta vez aprovando o projeto de lei que permite que empresas privadas explorem a Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares. Na última quinta-feira (05), 286 deputados(as) disseram sim à privatização dos Correios, ponto que trará uma série de prejuízos para o Brasil e para os brasileiros.

Desde o início, Jair Bolsonaro, que sempre fez coro com a agenda econômica imposta ao Brasil com a velha política da privatização das empresas estatais, vendeu a privatização da estatal com o discurso de que o privado é melhor. Ao contrário do que sempre pregou, a consequência a partir de agora é a desregulação do mercado financeiro e a concentração de setores estratégicos da economia nas mãos de particulares. Isso desemboca na elevação do preço dos serviços e no enxugamento dos quadros de pessoal, uma equação necessária para a elevação dos lucros: principal meta de qualquer negócio privado.

O projeto apresentado pelo governo de Jair Bolsonaro diz que o governo manterá a prestação do chamado “serviço postal universal”, que inclui encomendas simples, cartas e telegramas. A ressalva, no entanto, não alivia o teor ultraliberal do texto. Isso porque o grande filão dos Correios, o maior operador logístico do Brasil, é o transporte de encomenda, em crescimento acelerado com o e-commerce, que viabiliza compras e vendas pela internet.

O Sinpro, assim como centrais sindicais e especialistas da área alertaram sobre os prejuízos para o Brasil e para os brasileiros, mas a agenda neoliberal e retrógrada do Congresso conseguiu aprovar o Projeto de Lei nº 591/2021. Somente as bancadas do PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB e da Rede, além da bancada da Minoria e da Oposição na Casa, votaram inteiramente contra o PL. 

Para o secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect-CUT), José Rivaldo da Silva, os prejuízos para o povo são grandes. “A população dos grandes centros vai sentir mais a privatização quando o valor do frete e da entrega de mercadorias aumentarem. Já a população das pequenas cidades vai sentir duplamente, na demora da chegada das correspondências e também no aumento dos preços”.

Com mais de 300 anos, a ECT mantém a população abastecida de suas demandas com ou sem pandemia de Covid-19. Há séculos se mantém firme, lucrativa (nos últimos 2 anos, os Correios registraram lucro de R$ 828 milhões (R$ 667 milhões, em 2017, e, R$ 161 milhões, em 2018), ano após ano, atendendo a cada um em todos os cantos e rincões do País. Trata-se de uma empresa consolidada, cuja eficiência e importância foi construída ao longo de seus 357 anos.