Residência pedagógica desagrada Confederação

“Para a propaganda é bonito, mas não vai resolver o problema da educação”. Esta é a avaliação de Heleno Araújo, secretário de Assuntos Educacionais da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), sobre o projeto de lei aprovado na semana passada pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado que estabelece a obrigatoriedade da residência para a área pedagógica, a exemplo do que ocorre atualmente com os médicos.
O texto estabelece que os professores deverão cumprir pelo menos 1,6 mil horas após a formação inicial. Nesse período, os alunos terão direito a uma bolsa de estudo, mas o texto não diz especificamente qual o valor a ser pago nesse período. A proposta foi aprovada em decisão terminativa e, por isso, segue diretamente para exame na Câmara dos Deputados.
“Tentaram fazer a comparação com a área médica, mas não discutiram o salário do professor. Não dá para pensar em uma coisa só, tem de mexer no currículo, estrutura de formação. Este tipo de coisa faz parte da essência do problema educacional no Brasil”, avalia o sindicalista.
Pensamento parecido tem a professora do curso de pedagogia da Unicamp, Maria Márcia Sigrist Malavasi. Ela considera o projeto “conceitualmente bom”, mas avalia que o texto não aborda outras questões importantes. “Boa parte das pessoas que decidem fazer um curso de pedagogia ou uma licenciatura estudam à noite e trabalham durante o dia. Como vão fazer essa residência? Alguns podem fazer a residência à noite, depois que terminarem o curso, mas e quem vai trabalhar na educação infantil, em cursos do primário? Não existem aulas noturnas nestas áreas”, constata.
Para ela, a única alternativa seria uma bolsa integral para quem pretende atuar na área. “Assim as pessoas poderiam se licenciar do trabalho ou mesmo sair e fazer o estágio, que é muito importante”, explica.
Fonte: DIÁRIO DE S.PAULO