Nota de Repúdio | Racismo institucional também é crime

Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal, a maioria da população do DF é composta por pessoas que se declaram negras ou pardas. Esse fato não tem alterado o olhar eurocêntrico do GDF sobre seu povo, triste constatação que se traduz na lamentável peça publicitária veiculada desde a última quarta-feira, 12 de julho, em jornais locais.

A peça mostra a imagem de um homem negro, cujo cabelo black power se confunde com a mata incinerada. Mais uma vez, o corpo das pessoas negras é relacionado a algo negativo: o GDF usa o cabelo de um homem negro para remeter ao meio ambiente destruído e à falta de responsabilidade das pessoas sobre essa questão.

No texto que acompanha a imagem, palavras e expressões como: implacável, destruição, morrem, sofrem, saúde afetada, poluição, crime. Tudo isso ilustrado pelo rosto e pelos cabelos de um homem negro.

Desconsiderar a importância do plano simbólico é produto da dissimulação do opressor, que busca legitimar a exclusão e a exploração. Sob justificativas formuladas no plano simbólico para esse fim, povos negros foram escravizados por séculos, e até hoje sofrem as consequências daquele processo, ainda – como se vê – tão presente nos dias de hoje.

O Sinpro-DF repudia com veemência a propaganda citada, compreendendo-a como uma nítida e inaceitável demonstração de racismo estrutural por parte do governo. A retirada da peça de circulação não basta: é necessária uma retratação do GDF.

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