Eduardo Bolsonaro mais uma vez demonstra desprezo pela Educação

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, afirmou que “professores doutrinadores são piores que traficantes de drogas”. Para o parlamentar carioca, eleito por São Paulo, essa semelhança existiria porque professores tentam “sequestrar e levar nossos filhos para o mundo do crime”. O discurso foi feito, não por acaso, em um evento pró-armas realizado em Brasília neste domingo (09).

Não é novidade para ninguém que Eduardo e sua família desprezam a escola, a educação e seus profissionais. O desprezo fica evidente em discursos truculentos e posicionamentos políticos, mas também, na notável falta de educação. Ficou evidente, também, no governo de seu pai, quando o MEC era refém de interesses escusos, dos quais o mais expressivo foi representado pelo então ministro Milton Ribeiro, que chegou, inclusive, a ser preso.

A “doutrinação” é mais um conceito do qual a extrema direita se apropria para criar fantasmas que amedrontam uma parcela da sociedade, abrindo espaço para que ela seja dominada exatamente por eles, que se vendem como os defensores daqueles que seriam ameaçados pela doutrinação, pela ideologia de gênero, pelo comunismo.

Ao atacar professores e professoras e torná-los sempre potenciais “doutrinadores”, ou seja, criminosos, como ele destacou, a família Bolsonaro e seus comparsas buscam censurar qualquer forma de pensamento crítico e limitar o acesso a determinados conteúdos que julguem inconvenientes. As crianças não são entendidas como sujeitos de direitos, como cidadãs, mas como propriedades de seus pais, sem liberdade para acessar conhecimentos em sua plenitude.

Os defensores da teoria da doutrinação formularam o famigerado projeto “Escola Sem Partido”, mais conhecido como Lei da Mordaça. São as mesmas pessoas que são contrárias à proibição de castigos físicos contra crianças – afinal, os que se autoproclamam defensores da família costumam ser adeptos do autoritarismo e da violência – violência essa que, quando ocorre no interior da família, é justamente na escola que é identificada.

Professor é aquele que dedica sua vida à educação, a despeito de condições ruins de trabalho, de salários defasados e de, muitas vezes, correr riscos no exercício de sua profissão, como sofrer acusações infundadas que cultivam o ódio. Já criminoso é aquele que incita a violência, que propaga fake news, que é conivente com desvio de recursos públicos. Criminoso é quem incentiva ações antidemocráticas e questiona eleições democráticas, utilizando-se da estrutura e de cargos públicos para isso.

A diretoria colegiada do Sinpro repudia as declarações de Eduardo Bolsonaro, sem, no entanto, surpreender-se com o discurso fascista do parlamentar: a educação ajuda o povo a pensar, e ele e sua família, certamente, não se beneficiarão de um povo que pensa.

MATÉRIA EM LIBRAS