Delegação do Sinpro volta do Encontro Regional da RED fortalecida pela troca de experiências

Mais de uma centena de professoras de todos os países da América Latina, e, dentre elas uma delegação do Sinpro-DF, participaram do “Encontro Regional de La Red de Trabajadoras de la Educación”, que começou na segunda-feira (24) e terminou na quarta-feira (26). O evento ocorreu em San José, Costa Rica, e foi uma realização da RED de Trabajadoras de la Educación em conjunto com a Internacional de la Educación América Latina (IEAL).

A atividade reuniu mulheres educadoras e sindicalistas latino-americanas. A delegação do Sinpro-DF contou com a participação da coordenadora da Secretaria de Finanças, Luciana Custódio; pelas diretoras da Secretaria de Mulheres: Mônica Caldeira (coordenadora), Silvana Fernandes e Regina Célia; além de Berenice Darc, diretora de Política Educacional do Sinpro e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), e Rosilene Corrêa, dirigente da CNTE.

Marcada pela troca de experiências em vários setores, a edição deste ano mostrou que a educação pública, gratuita, de qualidade e o feminismo são lutas interdependentes. A defesa da educação pública, gratuita e de qualidade é inerente ao feminismo, que, por sua vez, não tem compatibilidade com os ideais neoliberais das empresas privadas, que assediam, diuturnamente, os países latino-americanos para transformar o direito social e humano à educação em mera mercadoria para lucro de poucos.

Na avaliação das seis dirigentes sindicais da categoria do magistério público do Distrito Federal que participaram do evento, a intercomunicação dessas duas lutas foi uma das grandes mensagens que o Encontro Regional da RED de Trabajadoras de la Educación transmitiu. Uma das metas do encontro foi proporcionar a troca experiências e, nessa troca, as participantes observaram uma profusão de semelhanças que marcam as opressões contra as mulheres, dilapidam o direito à educação e a atuação dos políticos de direita e extrema direita em todos os país da América Latina.

Troca de experiências similares e novas soluções

O “modus operandi” é quase o mesmo em todos os países, com algumas diferenças. “A gente percebe questões muito próximas, apresentadas por governos de direita; ou questões muito próximas de governos de centro-esqueda, das dificuldades que a América Latina vem sofrendo como um todo nos últimos anos. E observa as experiências de cada país na condução do processo educacional, de como conduzem os mesmos problemas que afetam o Brasil com uma diferença ou outra, ou com mais profundidade ou menos profundidade, os outros países”, observa Berenice Darc, diretora do Sinpro-DF e dirigente da CNTE.

Ela observa que esse encontro favorece a percepção de que a luta das mulheres na educação e pela América Latina é contra todo tipo de violência, como, por exemplo, a violência doméstica, bem como contra as opressões e em defesa de mais direitos. “O Encontro Regional da RED é uma experiência interessante em que a gente percebe que a dimensão dos problemas brasileiros é muito próxima da dimensão dos problemas dos demais países latino-americanos no que se refere às mulheres”.

A professora no centro do debate sobre educação

Rosilene Corrêa reafirma essa ideia e destaca que essas ocasiões de interação entre mulheres educadoras e dirigentes sindicais são importantes porque possibilita a reunião e o fortalecimento das mulheres educadoras da América Latina. “Em primeiro lugar, esses encontros muito nos fortalecem e, em segundo, é a oportunidade de trazer para o debate o quanto temos de desafios em comum e, aqui, apontando caminhos”.

“Também é importante tratarmos a pauta da classe trabalhadora com esse recorte de gênero e trazer a mulher para o centro desse debate exatamente porque sofremos as maiores consequências desse machismo e das políticas neoliberais na educação. Somos maioria, por isso, obrigatoriamente, precisamos nos colocar no centro do debate sobre os desafios da educação”, declara a dirigente da CNTE.

 O enfrentamento ao projeto mercantilista de educação

A coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sinpro, Mônica Caldeira, considera que, participar desse encontro como integrante de uma organização de mulheres do Sinpro e da categoria do Magistério Público no Brasil é poder encaminhar e pensar uma política para o enfrentamento ao projeto mercantilista de educação via capital privado que se tem no Brasil e em vários países do continente.

“A gente volta mais forte para o nosso país com a sensação, a esperança, a expectativa, os planejamentos e os projetos para atuar nesse enfrentamento e garantir uma educação pública, gratuita, emancipatória para todos os nossos estudantes, independentemente da situação econômica, raça, cor, gênero e sexualidade”.

“Este foi um momento de uma responsabilidade muito grande em que reproduzimos, no Encontro Regional, as nossas lutas em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade, que é o que as escolas do DF precisam fortalecer. Outro aspecto que preciso destacar deste encontro é a luta feminista pela educação pública que deve ser conduzida pelo Estado nacional e não pela iniciativa privada”.

A importância de defender a Convenção 190 da OIT

A diretora do Sinpro, Luciana Custódio, ressalta a importância da participação do Sinpro em eventos como este e do significado dessa ação para a categoria. “Participamos do Encontro Regional representando o Sinpro, que sempre esteve à frente das lutas no âmbito da resistência e do fortalecimento das nossas pautas da educação. É pedagógico defender os direitos das mulheres!”, escreveu ela nas redes digitais.

Ela destaca a relevância da ratificação da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT): “A ratificação do convênio 190 da OIT é urgente para o Brasil porque precisamos nos unir em defesa de um mundo do trabalho livre de violência e assédio. Após os últimos anos tenebrosos, conseguimos aprovar no Brasil a Igualdade Salarial entre homens e mulheres!”, destacou.

A diretora também observa o fato de o Brasil carregar, em sua recente história, um golpe de Estado misógino contra a ex-presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), e outros crimes, como, por exemplo, “o assassinato misógino, político e perverso como foi o de Marielle Franco, um Parlamento que sempre oprimiu as mulheres e comete transfobia sem nenhum pudor”.

Luciana alerta ainda para o fato de o Brasil ser uma região “em que a violência contra as mulheres foi legitimada por anos por um criminoso que se disse presidente… Lutamos! Lutamos e vamos conseguir, progressivamente, reconquistar nosso Brasil Soberano!”, escreve.

“As mulheres da América Latina fortalecem sua resistência a partir das nossas lutas diárias em defesa das mulheres indígenas, mulheres trans, mulheres cisgênero, mulheres lésbicas, mulheres pretas, mulheres deficientes, mulheres trabalhadoras”. E finaliza: “A trabalhadora individual se perde, a trabalhadora coletiva se eterniza”.

Fomentar ações para as educadoras continuarem na luta

A diretora Silvana Fernandes disse que “o encontro nos traz um recorte de todos os países que participam, revelando-nos a realidade  vivida pelas educadoras de cada país”. Ela percebeu que o desmonte da educação foi feito pelos governos de direita de fora a fora na América Latina.

“Nas trocas de experiências, vimos que os governos de direita da América Latina não  priorizam a educação  pública de seus países e, como no Brasil, promovem a desvalorização  do magistério  público. O encontro vem fomentar as educadoras para continuar  a luta  por políticas  educacionais de qualidade”, declara a diretora do Sinpro.

Para uma educação emancipatória, é preciso um feminismo antirracista

Para a diretora Regina Célia Regina, reunir mulheres que discutem Educação é reunir mulheres que discutem o mundo, suas necessidades, suas diversidades socioculturais. “Existe uma força política viva nessa atividade e essa força feminista nos lembra, dentre outras coisas, a importância atemporal da frase de Ângela Davis :  ‘Para o feminismo ser relevante, ele precisa ser antirracista e incluir todas as mulheres das mais diversas esferas’. Essas são as mulheres educadoras que lutam por um processo de educação progressista, laico, acolhedor e qualitativo”, finaliza.

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